Existe nos meios forenses um dito popular que diz: “alguns juízes acham que são deuses, os desembargadores têm certeza”. E em Uberaba, talvez por acreditar nisso, um deles foi além e resolveu exercer seus poderes divinos.
Segundo nota publicada no jornal mineiro O Popular, em 04/5/1998, o juiz da 4ª. Vara Cível local, Lenin Ignachitti, ao apreciar petição inicial em ação de reconhecimento de sociedade de fato, requerido por uma concubina em desfavor de seu ex-companheiro, proferiu o lacônico e imperativo despacho: “cite-se o falecido para os termos da presente ação.”
Imagens: cemitério local São João Batista (acervo Google)
Ao zeloso e espirituoso oficial de justiça encarregado não coube outra alternativa e, ao devolver o mandado, certificou ter feito exaustivas diligências no intuito de bem cumprir a ordem, mas ao saber que o citando, “desde o dia 5 de setembro de 1997, está residindo no Cemitério São João Batista, nesta cidade, à quadra 1, sepultura n. 142”, para lá se dirigiu. Destarte, “prosseguindo as diligências, bati por inúmeras vezes, à porta da citada sepultura no sentido de proceder à citação determinada, mas nunca fui atendido. Certifico, ainda, que entrei em contato com os coveiros e com o administrador do citado cemitério, sendo informado por todos que tinham a certeza de que o citando se encontrava em sua sepultura porque viram-no entrar e não o viram sair”.
Como bem disse o filósofo francês René Descartes o “Bom senso é o que há de mais bem distribuído no mundo, pois cada um pensa estar bem provido dele.” Pelo visto é o que faltou ao magistrado ao tentar trazer um falecido às barras da justiça. Lado outro, felizmente, é o que sobrou ao bem humorado servidor público, cuja atitude merece figurar em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
Fonte: Diário de Uberaba, de Marcelo Prata (vol. V, p. 695).
Por uma questão de somenos, mera divergência de posicionamento político, uma turba enfurecida de desordeiros arrancou o busto do pedestal que estava na Praça Rui Barbosa e o atirou nas profundezas do Rio Grande, em 7/10/1930.
Passados quase 26 anos dessa deplorável manifestação, uma severa e prolongada seca fez baixar o nível do rio e da ponte a peça tornou-se visível. Foi o que disse o dentista Hélio Gomes Ferreira, responsável por encontrá-la, pois, segundo ele, o fato tornou-se possível "graças a estiagem e obras de construção da barragem que diminuíram a vazão e ele pode vê-la enterrada no leito seco do rio." Depois de resgatá-la ele levou-a para sua residência. “Encontrava-se bem danificada pelo tempo e, mesmo assim, foram-lhe oferecidos 100 mil cruzeiros por ela”. Proposta, obviamente, recusada por tratar-se de “peça de valor histórico inestimável”, teria acrescentado.
Fotos: Melo Viana e busto (acervo Google)
É que o homenageado era o Dr. Fernando de Melo Viana, ex-juiz de direito da Comarca (1911-1918), advogado geral do Estado, ex-secretário do interior, ex-deputado estadual, ex-governador de Minas (1924-1926), ex-vice-presidente da República (1926-1930) e ex-senador em três legislaturas.
Após oportuna restauração, a valiosa peça foi devolvida à comunidade, sendo afixada no antigo fórum da Rua Lauro Borges, 97. Atualmente ela pode ser vista no hall de entrada do novo prédio do TJMG, Av. Maranhão, 1580, no bairro Santa Maria.
A justiça assim foi feita e o honorável nome dessa ilustrada figura foi devidamente reposto em seu devido lugar, ora identificando o grandioso prédio como Fórum Melo Viana, sendo os nomes daqueles irresponsáveis vândalos devidamente relegados ao lixo da história e do lamentável ocorrido esse devido registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
Fonte: Diário de Uberaba, Dr. Marcelo Prata (Revista Dimensão, Vol. IV, páginas 119 e 221)
A feliz iniciativa de criar em Uberaba a ALTM – Academia de Letras do Triângulo Mineiro partiu dos idealizadores José Mendonça, Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduini, em reunião realizada na própria residência do primeiro, no mês de setembro de 1962.
No mês outubro, daquele mesmo ano, um número expressivo de intelectuais reunia-se na sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, atual ABCZ, à época localizada na Rua Manoel Borges, 84, para as primeiras deliberações.
Os idealizadores da ALTM (Dr. José Mendonça, Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduini).
Foi assim que, oficialmente, em 15/11/1962, no mesmo local, sob a presidência do Dr. José Mendonça, em presença dos 27 primeiros fundadores, foi apresentada a sugestão e, em seguida aprovado seu estatuto, sendo criado oficialmente esse nobre sodalício triangulino e, posteriormente, ocupadas paulatinamente as vagas restantes.
Nos mesmos moldes de nossa augusta ABL, Academia Brasileira de Letras, a recém inaugurada casa de cultura passou a contar com um total de 40 cadeiras, cujos próximos ocupantes seriam eleitos em escrutínio secreto, por ocasião do falecimento do respectivo titular.
Os ilustres membros da ALTM são tidos por imortais, graças à vitaliciedade que alcançam com a investidura, pois, a partir de então, seus respectivos nomes permanecerão ligados “ad aeternum” à respectiva cadeira para qual foram eleitos.
Reconhecida de Utilidade Pública Municipal, pela Lei nº. 1.125, de 21 de setembro de 1963; e Utilidade Pública Estadual pela Lei nº. 9.470, de 21 de dezembro de 1987, a ALTM é hoje um inegável marco na vida cultural da cidade de Uberaba e toda a região do Brasil central.
Nas palavras de um de seus idealizadores e seu primeiro presidente, José Mendonça:
“(...) Os motivos que me levaram a coordenar o movimento são baseados principalmente na necessidade de congregar a intelectualidade triangulina em torno de um centro de convergência comum, para melhorar estudo e debate dos problemas literários científicos e sociais do mundo atual”.
Uma meta plenamente alcançada ao longo desses 60 anos de sua meritória existência e a merecer especial registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
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0S FUNDADORES
Conforme dispõe o estatuto da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, a candidatura a uma vaga ocorre através de inscrição espontânea do candidato ou por indicação de cinco acadêmicos, posteriormente submetida ao parecer de uma comissão constituída de cinco membros e nomeada pelo presidente da instituição.
Fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Ao respectivo acadêmico fundador coube a escolha do patrono de sua cadeira, devendo essa opção, preferencialmente, recair em ilustre figura de intelectual das letras brasileiras, quiçá mineiro ou vinculado a região triangulina.
E foi assim que em Assembleia para Criação da Academia, ocorrida em 15/11/1962, na Sala de Reuniões da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, Rua Manoel Borges, 84- hoje ABCZ, foram definidos os ocupantes das 27 primeiras cadeiras e, posteriormente, as demais, conforme a ordem cronológica de ingresso, da esquerda para direita e de cima para baixo:
01 – José Mendonça 02 – Santino Gomes de Matos 03 – Victor de Carvalho Ramos 04 – Padre Thomaz de Aquino Prata 05 – Monsenhor Juvenal Arduini 06 – Ruy de Souza Novaes 07 – Ari Rocha 08 – Padre Antônio Thomás Fialho 09 – César Vanucci 10 – Antônio Édson Deroma 11 – Raimundo Rodrigues de Albuquerque 12 – João Rodrigues Cunha 13 – Augusto Afonso Neto 14 – Maurillo Cunha Campos de Moraes e Castro 15 – Georges de Chirée Jardim 16 – Lúcio Mendonça de Azevedo 17 – Quintiliano Jardim 18 – João Henrique Sampaio Vieira da Silva 19 – Lauro Savastino Fontoura 20 – Mário de Ascenção Palmério 21 – Dom Alexandre Gonçalves Amaral 22 – Jacy de Assis 23 – José Soares de Faria 24 – João Edson de Mello 25 – José Pereira Brasil 26 – Lycídio Paes 27 – Edson Gonçalves Prata 28 – João Alamy Filho 29 – Eurico Silva 30 – Leonardo Paulus Smeele 31 – João Modesto dos Santos Filho 32 – Edelweiss Teixeira 33 – Frei Francisco Maria de Uberaba 34 – Gabriel Toti 35 – Antônio Severino Muniz 36 – Valdemes Ribeiro Menezes 37 – José Marçal Costa 38 – José Soares Bilharinho 39 – Dom José Pedro Costa 40 - Guido Mendonça Bilharinho
Nesse mês de novembro em que se comemora os 60 Anos da ALTM, destaco os nomes de cada um desses ilustres e imortais fundadores para que figurem, com especial destaque, nos registros das Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira Fonte: site da ALTM
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GALERIA DOS PRESIDENTES
Criada oficialmente em 15 de novembro de 1922 a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, foi exemplar na seleta escolha de luminares nomes entre os maiores intelectuais das letras, ciências e artes.
Galeria dos Presidentes da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
E para dirigir essa augusta instituição foram eleitos, entre os seus acadêmicos, aqueles que teriam a subida honra de ocuparem e de exercerem o importante cargo de sua presidência.
Assim, de cima para baixo e da esquerda para direita, assumiram, cronologicamente, o elevado e distinto cargo de Presidente da ALTM os seguintes e ilustres acadêmicos abaixo discriminados:
1º. – José Mendonça (1963 a 1968).
2º. – Augusto Afonso Neto (1968, em decorrência do falecimento do Presidente José Mendonça, falecido em 4/6/1968).
3º. – Edson Gonçalves Prata (1969 a 1974). 4º. – Guido Luiz Mendonça Bilharinho (1975 a 1976). 5º. – Maurillo Cunha Campos de Moraes e Castro (1977 a 1978). 6º. – Jacy de Assis (1979 a 1980). 7º. – José Soares Bilharinho (1981 a 1986). 8º. – Mário Salvador (1987 a 2008). 9º. – Terezinha Hueb de Menezes (2009 a 2010). 10º. – José Humberto Silva Henriques (2011 a 2012). 11º. – Jorge Alberto Nabut (2013 a 2014). 12º. – Ilcea Sônia Maria de Andrade Borba Marquez (2015 a 2016). 13º. – João Eurípedes Sabino (2017 a 2022).
Honrosamente eleitos por seus pares e tornados imortais, ao assumirem suas respectivas cadeiras na ALTM, incluo os seus nomes na Galeria dos Presidentes para que figurem, ora em diante e com especial destaque, em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira Fonte: site da ALTM
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PALAVRA DO PRESIDENTE
Muitos manifestaram ao longo do tempo a necessidade premente de criarmos uma entidade que congregasse os escritores de Uberaba e de toda a região do Triângulo Mineiro, considerando que o nosso seleiro literário sempre se destacou como centro vanguardista.
João Eurípedes Sabino - Presidente da ALTM.
Tal desejo coletivo remonta aos anos trinta do século passado, todavia, se arrastou pelo tempo, talvez por necessitar de intrépidos timoneiros munidos de coragem, vontade e decisão. Naqueles tempos, Uberaba mesmo tendo uma gama de expoentes literatos, tinha as suas dificuldades naturais para aglutiná-los.
No ano de 1953 o jovem José Rodrigues de Resende, escreveu na Revista do Estudante, editada pela então União Estudantil uberabense, o artigo: “Academia Triangulina de Letras”, no corpo do qual reclamou da demora para criarmos o sodalício. Inclusive citou nomes de escritores exponenciais que poderiam integrá-lo, tais como: Santino Gomes de Matos, José Mendonça, Quintiliano Jardim, Fidelis Reis, Ruy de Souza Novais, Jacy de Assis, prevendo ainda a participação de outros ícones das letras.
É de se notar que José Rodrigues de Resende previu tal fato nove antes da fundação oficial da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, que só viria a ocorrer no ano de 1962. Todos os nomes mencionados por ele, integraram a ALTM, à exceção de Dr. Fidelis Reis que faleceu antes, mas foi homenageado como patrono da cadeira n°1.
O irrepreensível Dr. José Mendonça, advogado, foi o primeiro Presidente.
Merece destaque o fato de que, o trio de frente, formado por ele, e mais; Dr. Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduíni, em face dos seus inquestionáveis talentos e conduta moral, conseguiram aglutinar outros consagrados escritores e assim, no dia 15 de novembro de 1962, há 60 anos, portanto, realizaram a primeira Assembleia para a criação desta que seria considerada, como hoje é, uma das mais creditadas Academias de Letras do Brasil.
Tal evento histórico ocorreu na Sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (hoje ABCZ), então situada `a R. Cel. Manoel Borges, 74 em Uberaba /MG.
Para nossa cidade se dirigiram notáveis intelectuais de várias regiões do País e assim, testemunharam o nascimento da Casa de Letras que ora recebe o honroso título de sexagenária.
Durante todos esses 60 anos, nossa querida ALTM funcionou sempre e ininterruptamente.
Trajetória física: este repositório literário, berço de ilustres imortais, funcionou por algum tempo na residência do seu primeiro Presidente Dr. José Mendonça, à Rua Segismundo Mendes, 408. Depois ficou por longos anos em salas pertencentes à Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães-R. Alaor Prata, 317. Sequenciando, usou como locatária a então sede da 14ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil-Rua Dr. Lauro Borges, 88. Finalmente, há seis anos a ALTM está sediada à mesma Rua Dr. Lauro Borges, 347, no imóvel que lhe foi cedido em comodato pela Universidade de Uberaba.
Falar da Academia de Letras do Triângulo Mineiro no ensejo dos seus 60 anos, é enaltecer o valor dos seus Membros que estiveram no instante do seu nascimento e também daqueles, cujos nomes deixaram e deixarão gravados com letras eternas e suas devoções nunca deixaram ou deixam arrefecer, razão pela qual num gesto afetivo, damos nossas mãos para dizer: a ALTM não tem um dono. Ela é de todos nós; dos Acadêmicos, dos Associados Correspondentes e toda a comunidade.
JOÃO EURÍPEDES SABINO
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
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SEDE ATUAL
Até consolidar e conquistar um espaço físico onde pudesse funcionar com regularidade a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, percorreu uma longa e árdua trajetória.
Imagens: ABCZ (acervo Uberaba em Fotos); Coloridas:
1 – Casa de José Mendonça, 2 – Biblioteca Pública, 3 – sede da OAB em Uberaba, 4 – sede atual da ALTM (por Antonio Carlos Prata).
Os primeiros encontros informais ocorreram na residência de José Mendonça, então localizada na Rua Segismundo Mendes 408, onde ele, em companhia dos outros dois idealizadores, Edson Prata e Juvenal Arduini, esboçaram o meritório projeto.
A viabilização da ideia se daria por ocasião de uma Assembleia Geral, ocorrida em 15/11/2022, na sede da antiga Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, atual ABCZ, à época ainda na Rua Manoel Borges, 74, e onde os seus fundadores assinaram ata formal de sua criação.
A partir de então e por longos anos, na falta de uma sede própria, a ALTM funcionaria em salas pertencentes à Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães, Rua Alaor Prata, 317. Depois, na condição de locatária, passaria a ocupar sala na sede da 14ª. Subseção da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, Rua Dr. Lauro Borges, 88. Por último, desde o ano de 2016, passaria a funcionar em imóvel que lhe foi cedido em comodato pela UNIUBE, Universidade de Uberaba, em seu endereço atual localizado na Rua Dr. Lauro Borges, 347.
No mês em que essa augusta casa de cultura completará 60 ANOS de profícua e laboriosa existência faço minhas as palavras de William Shakespeare para dizer:
“Pois a natureza não nos faz crescer apenas em forças e tamanho. À medida que este templo se amplia, se amplia dentro dele o espaço reservado pra alma e pra inteligência.”
E nesse solene momento é preciso que registremos essa auspiciosa conquista da ALTM em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
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PARA ENTRAR NA ALTM
Adentrar as dependências da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, não é difícil já que as suas portas estão abertas para os amantes das belas artes literárias.
Sede - Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Mas para ingressar nos quadros desse tabernáculo da cultura e assumir a condição de imortal terás que cumprir certas exigências como bem explicitado por seu presidente, João Eurípedes Sabino, atual ocupante da Cadeira 32, no poema intitulado:
QUERES ENTRAR NA ACADEMIA?
Faças então por merecer Conduza-te correto pela vida Cultives o pendor de escrever Tua vaga poderá ser conseguida Pelos umbrais da Academia Poderás passar se vencer Ela te receberá com fidalguia E tu deverás corresponder Se o teu coração não palpitar E dele sentimentos não nascer Para o seu nobre título avalizar “Sou acadêmico” não basta só dizer Podes entrar na Academia Casa de quem ama a cultura Serás imortal não só por um dia Nela edificarás a tua sepultura O que a Academia fará por mim? Pergunta que não deves formular O que posso fazer por ela? Sim Eis a tua prova de amor secular E por que não acrescentar, quiçá também uma forma de inscrever o seu próprio nome “ad aeternum” em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba Moacir Silveira Imagens: fachada e detalhes em fotos de João Eurípedes Sabino Fonte: Revista Convergência n. 32 – site da ALTM
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Clique em:
Hino - ALTM.
Para ver e ouvir a bela homenagem prestada por Arahilda Gomes Alves a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, que no próximo dia 15/11/2022 completará 60 anos de existência. Na condição de atual ocupante e titular da Cadeira 33 da ALTM ela esbanja talento, engenho e arte ao reger o Grupo Coral Sounds, em música e letra de sua própria autoria.
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ATUAL DIRETORIA
No comando das festividades do sexagésimo aniversário da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, a ser completado e comemorado no próximo dia 15 desse mês, estão os ilustres imortais de sua atual diretoria a saber, da esquerda para a direita e de cima para baixo:
Atual diretoria - Academia de Letras do Triângulo Mineiro
- Arahilda Gomes Alves, Vice-presidente
- João Eurípedes Sabino, Presidente
- Olga Maria Frange de Oliveira, 1ª. Secretária
- Antônio Pereira da Silva, 2º. Secretário
- Consuelo Pereira Resende do Nascimento, 1ª. Tesoureira
- Dimas da Cruz Oliveira, 2º. Tesoureiro
Ao ensejo de uma data tão especial na vida dessa gloriosa casa de cultura é preciso que os seus nomes figurem com elevado destaque e distinção em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Para ver e ouvir uma homenagem especial prestada ao saudoso Edson Quirino, em narração de Paulo Sarkis, sonorização de Helcio Vittorazzi e gravação do estúdio Canarinho Produções.
Fotos do Acervo da família Quirino de Souza.
No início da década de 1970 era grande a resistência dos dirigentes da então Rede Tupi de Televisão e demais emissoras de Tv da época em incluir programas sertanejos na grade de suas programações. E em Uberaba isso não foi diferente. Só depois de muito insistir é que Edson Quirino conseguiu convencer o então diretor local da emissora, Paulo Cabral Júnior, a abrir espaço para apresentação de seu programa no então recém inaugurado Canal 5, TV Uberaba.
Então, pela primeira vez na história da televisão brasileira, a música sertaneja ou rural conquistava o seu espaço no mais novo e moderno meio de comunicação social do Brasil Central. Foi assim que Edson Quirino de Souza, o popular Edinho, passou a receber de braços abertos músicos, cantores e compositores dedicados ao universo do homem do campo.
Somente anos depois é que o consagrado Rolando Boldrin lançaria o seu Som Brasil, consolidando em definitivo a presença da música rural ou caipira na tv brasileira.
O que aconteceu depois já faz parte da história. A música sertaneja consagrou-se de forma definitiva, conquistou seu merecido lugar no meio artístico e hoje reina em lugar de destaque em nossa MPB. E foi assim que música sertaneja foi aos poucos ocupando o seu espaço no meio artístico televisivo. Como num processo evolutivo começou pelo primário, passou pelo colegial e hoje conquistou seu diploma superior com o Sertanejo Universitário, líder inconteste nas paradas de sucesso. E quem diria que tudo isso teria início nos estúdios do Canal 5, TV Uberaba, em princípio dos anos de 1970.
E para homenagear o nosso estimado Edson Quirino de Souza e os valorosos homens do campo, faço minhas as palavras de Flávio Mattes, para dizer:
“Por isso estamos cantando pra ti grande guerreiro / Que alimenta o mundo inteiro com frutos puros do chão / Não estou falando em vão, é com certeza que eu falo / Tu provas isso com calos que maltratam tuas mãos. / Também sou homem do campo, conheço o cabo da enxada / E hoje de vida mudada me tornei um cantador / Receba esta homenagem que pra ti eu escrevi / Enquanto eu existir serei o teu defensor.”
E é por isso que faço questão de incluir o nome de Edinho como o pioneiro em divulgar a música sertaneja na tv brasileira e a merecer especial registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Ela sabe muito bem o tanto que lutou para chegar onde chegou. As esquinas dobradas, os obstáculos enfrentados, os muros de indiferença e discriminação enfrentados. Sobretudo por trilhar por um caminho que, para muitos, é reto, suave e quase sempre bafejado por posição social privilegiada.
Imagens: fotos do álbum de família em sua página no Facebook.
Filha de família humilde, mais velha dentre seis mulheres e um único irmão homem, teve que trabalhar e estudar para ajudar nas despesas da casa. Mulher de fibra, guerreira, ainda jovem prestou concurso para o serviço público, logrando classificar-se entre as primeiras colocadas. Trabalhou quase a vida toda na Prefeitura de Uberaba, até alcançar sua merecida aposentadoria nos quadros da Procuradoria Municipal. Antes disso e, paralelamente, com garra e muita força de vontade, cursou a Escola Normal, hoje Castelo Branco, onde graduou-se com louvor. Mas isso não seria o bastante para ela. Só o emprego público não era o suficiente para ajudar no sustento da família. Foi quando então descobriu ser portadora de um excepcional timbre vocal e dele resolveu tirar proveito profissional. Desde então passou a atuar também como locutora da Rádio 7 Colinas e, posteriormente, como apresentadora de telejornal no extinto Canal 5, TV Uberaba.
Não fora sua personalidade tímida, avessa à badalação dos meios artísticos, poderia muito bem ter alcançado o estrelato nacional só com a força de seu inegável talento e voz marcante.
Ana Amália Matheus me faz lembrar as muitas mulheres guerreiras desse nosso imenso país, aquelas brilhantemente lembradas nos versos da canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, que dizem:
“Maria, Maria, é um dom, uma certa magia / Uma força que nos alerta / Uma mulher que merece viver e amar / Como outra qualquer do planeta / Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor / É a dose mais forte e lenta / De uma gente que ri quando deve chorar / E não vive, apenas aguenta / Mas é preciso ter força, é preciso ter raça / É preciso ter gana sempre / Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria / Mistura a dor e a alegria / Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça / É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca possui / A estranha mania de ter fé na vida” ...
E é por ter lutado com garra, com raça, demonstrando sua inabalável fé na vida é que Ana Amália Matheus merece figurar em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
É bem provável que tenha pensado nas palavras do general romano Pompeu, “navegar é preciso, viver não é preciso”, quando empreendeu viagem por mais 18.000 km, distância a separar Uberaba da cidade de Calcutá, na Índia e para onde se dirigiu em 1914. Para tal era preciso vencer o Atlântico, passar pelo Mediterrâneo, atravessar o Canal de Suez, singrar o mar Vermelho, enfrentar a barreira da língua, as exigências sanitárias e longos períodos de quarentena. Tudo isso em busca de um sonho. Era o que faziam os jovens de então ao partir em busca de redenção econômica representada pelo majestoso gado zebu. Vale lembrar que tais viagens chegavam a durar até três longos anos.
Imagens: - 1 e 2 (no alto): os irmãos Virmondes, João e Otaviano; - 3 e 4 (ao centro):
Virmondes e Otaviano em solo indiano; e - 5 e 6 (em baixo): lápide e cerimônia de sepultamento em Calcutá, Índia (acervo do Museu do Zebu).
E foi assim que ele, aos 27 anos, viajando sozinho e com saúde frágil, saiu em busca de seu destino. Chegou, viu, gostou, selecionou e comprou o mais belo lote de animais que encontrou. Mas, infelizmente, não pode trazê-lo em face da eclosão da Primeira Grande Guerra Mundial. Saudoso de casa, após longa espera, resolveu voltar ao Brasil.
Tempos depois, em 1917, comunicou sua intenção de retornar à Índia para recuperar seu vultoso investimento. Seus familiares impuseram-lhe uma condição, teria que viajar escoltado por dois irmãos. Assim foi feito e, embora fluente na língua inglesa, idioma corrente nas repartições públicas indianas, muito penou ante os inúmeros entraves burocráticos exigidos para a liberação. Como num sonho premonitório ou em uma tragédia anunciada, ele tanto sofreu que acabou falecendo no ano seguinte, 1918, sendo velado e enterrado na distante cidade de Calcutá.
Decorridos quase 60 anos desse infausto acontecimento e reconhecendo a grandeza do empreendimento levado à efeito por um dos primeiros pioneiros na introdução do Zebu no país, a ABCZ resolve transladar, em 1975, seus restos mortais para o Brasil. E o faz com pompa e circunstância pois, na chegada à Uberaba, feita em carro aberto do Corpo de Bombeiros, ladeado por pelotão dos Dragões da Independência da PMMG, foi finalmente sepultado no jazigo da família, no cemitério local de São João Batista.
Ante tão grandioso feito, fazendo minhas as palavras de Kethlene Vanzeler, eu diria que: ... “Tudo bem deixar o tempo passar... / ou viver apenas a espera do que virá... / Tudo bem se afastar, ir bem longe... voar! / Desde que você tenha sempre um lar para voltar!”
Embora trágico, entendo que merece registro e é por isso que incluo os nomes do pioneiro João Martins Borges e de seus irmãos Virmondes e Otaviano Martins Borges nas Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
Para maiores detalhes dessa história clique no Vídeo: