Ainda com a devida vênia do amigo, prof. Carlos Bacelli, proponho a relembrar trechos do seu livro “Chico Mediunidade e Luz”, editado em julho de 1959. O prof.Bacelli, com muita propriedade, conta passagens de Chico, ontem, hoje e sempre, a figura mais importante dessa nossa querida e sempre imponente Uberaba.
Está escrito à página 57: “A correspondência de Chico Xavier: já tivemos oportunidade de esclarecer que, quando Chico Xavier se transferiu para Uberaba, nos idos de 1959, o único objeto que fez questão de trazer, foi um caderno com endereços dos amigos, com os quais correspondeu ao longo do tempo. As cartas que Chico Xavier endereçava aos amigos ( que se contam aos milhares), são verdadeiras páginas de espiritualidade onde emanam o perfume de sua alma grandiosa e bela. Se pudessem ser reunidas, formariam vários volumes da mais genuína mensagem evangélica, ensinamentos vivos que os Benfeitores Espirituais dão-lhe no trato com os mais diferentes problemas da vida.
Todavia, o nosso assunto em foco não se prende às missivas que Chico Xavier escrevia, mas, sim, as que lhe eram enviadas de todas as partes do Brasil, assim como muitas, muitíssimas, vindas do Exterior. Ele recebia, em média, 300 cartas diárias e os próprios Correios apurava e dava fé, foi o dono do maior movimento epistolar de Uberaba e, certamente, uma das maiores do país. As cartas que lhes chegavam às mãos, mereciam sempre o maior carinho, ternura e consideração. Quando a saúde ainda lhe permitia, fazia questão de respondê-las , uma por uma e- fato extraordinário! – nunca teve coragem de desfazer-se de uma carta no lixo, mesmo depois de lê-la e respondê-la ! Em sua casa existia um verdadeiro arsenal de enormes caixas de papelão que guardava toda a sua correspondência. Somente de tempo em tempo, se via obrigado a promover uma triagem nos papeis que iam se acumulando. Às vezes, o hábito lhe criava embaraços , notadamente pela excessiva proliferação de insetos que , teimosamente, aninhavam entre os envelopes, livros e revistas. Chico, contudo, não se importava…-“Tenho pena de jogar fora uma cartas de alguém que me escreveu, pedindo uma prece, uma mensagem, uma palavra de conforto”, justificava.
No ano de 1959, conta o prof. Carlos Bacelli, “estivemos auxiliando a fazer uma pequena arrumação nas referidas caixas e aproveitamos, com o seu consentimento, para tomar ciência do conteúdo de algumas cartas , chegamos à conclusão de que as recebidas por Chico, se constituíam no material mais farto que alguém jamais teve à sua disposição para tentar compreender o mistério da dor na alma humana. Pais desesperados, mães aflitas , cônjuges à beira da loucura, filhos sofredores, doentes desenganados, jovens com inclinação ao suicídio, irmãos descrentes da vida. Era de dar pena !”.
No capítulo de amanhã, lhes contarei algumas aberturas das cartas endereçadas ao nosso inesquecível Chico Xavier.
Luiz Gonzaga de Oliveira