O dinheiro não aceita desaforo
Disse um pensador certo dia
Só não falou no desdouro
Que o ex rico enfrentaria
Enquanto se tem o bendito dinheiro
Tudo é bonito e cheio de graça
Ao se perdê-lo por inteiro
Experimenta-se o sabor da desgraça
O grande só quer a grandeza
Não se contenta em ser o que é
Quando perde a realeza
É como se fosse da ralé
Vi serem feitas fortunas
Que surgiram quase do nada
Chegadas as horas oportunas
Foram-se com a força da enxurrada
Refleti e não acreditei
Diante de um suntuoso prédio
De seu próspero dono me lembrei
Hoje longe do dinheiro seu amigo é o tédio
Sob a marquise dormia
Um andarilho vigilante sem teto
Por ali passou garboso um dia
O ex dono daquela lage de concreto
Veja as coisas como são:
Ontem um patrimônio crescia, crescia...
Enquanto seu dono se distraía
Tudo acabou indo ao chão.
João Eurípedes Sabino 27/06/18