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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

COISAS QUE ME CONTARAM CRÔNICAS QUE ESCREVI

COISAS QUE ME CONTARAM CRÔNICAS QUE ESCREVI


O livro de Jorge A. Nabut, cuja capa foi criação do arquiteto Demilton Dib, inicia-se com a história do Desemboque, “… o berço de nossa civilização triangulina” (p.5) e segue contando sobre o surgimento da aldeia e da cidade, as viagens de Saint-Hilaire, a estrada do Anhangüera e a luta contra os índios. Destaca a Rua Artur Machado, os cinemas, o comércio, a indústria, a música e os músicos: Rigoleto de Martino, Renato Frateschi, Loreto Conti e João Vilaça Júnior. Também relembra a vinda do Zebu, o caminho das Índias com João Martins Borges e os mascates e analisa os blocos arquitetônicos/ culturais de Uberaba, demarcando as épocas históricas (p29).

Com textos em forma de crônica, Nabut questiona o “estado de desprezo e desleixo em relação à cultura”, parafraseando Francelino Pereira: que país é esse? Na p.11, encontramos: “A amnésia cultural tem sido um mal comum do país, criando um vácuo insolúvel e principalmente, irrecuperável dentro da nação. A amnésia cria um povo sem história. Sem memória”. Na crônica “Sentimento Urbano”, publicada em 1977, discorre sobre os acontecimentos de Uberaba e finaliza o texto com o trecho: “…Enquanto isso, o Major Eustáquio, fundador da cidade, salta dum carro de praça e aluga um apartamento apertado no edifício (é difícil, meu chapa) do Banco Nacional e me confessa confuso que não quer que lhe falem de Araras nem Pacholas, e que não quer outra vida pescando no rio de jereré…” (p. 23) A obra dedica uma parte especial ao folclore e à cultura popular, com a história de Sebastiana: “na casa dum pessoal, um estranho barulho. Num havia nada. E a porta de casa rangendo que num quietava…” e com outros casos, desafios e contos. Aborda o tema carnaval e relata a história do bloco Maria Giriza, além de registrar as manifestações de Moçambique, Congo, Umbanda e a Festa de N.S. da Abadia e destacar os artistas plásticos Hélvio Fantato e Maria Hummel. Com o jeito gostoso de escrever, o autor nos faz “ver”, “viajar” e revisitar locais de Uberaba. É uma importante fonte de consulta que busca a valorização da cultura de nosso povo.


Marise Soares Diniz