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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

SAUDOSO CORREIO... ELEGANTE...

(Uma rosa não é só uma rosa; uma rosa é uma mulher sedenta de amor!)

Idos de 1960. Uberaba, era uma cidade pacata. Recatada. Sem correria. Nada parecido com a Uberaba de hoje, perdida nesse “mundaréu” de besteira que assola a santa terrinha. Eram sete bairros, algumas vilas e no “miolo” da cidade, bucolicamente, corriam córregos à céu aberto, pista dos dois lados das largas avenidas, a “ rua do Comércio” trepidante; lojas super enfeitadas, calçamento à paralelepípedo. A gente andava, dia e noite, sem ser incomodado... Os ônibus trafegavam de bairro a bairro, poucas linhas, muitos” carros de praça” e uma moçada bonita prá valer ! Bota bonita nisso ! Os moços namoravam as meninas, sem que elas soubessem...É. tinha disso, sim...Namoro à traição...

Igrejas? As tradicionais Santa Rita, Catedral, São Benedito, Santa Terezinha, Abadia, Adoração Perpétua, Fátima e só. Hoje, proliferam por todos os cantos da “ grande Uberaba”... Chico Xavier, com sabedoria e humildade, doutrinava e mostrava os caminhos do Espiritismo. Os protestantes, evangelizavam seus rebanhos. Cristãos fervorosos ! “Centros de umbanda”, muito poucos. Ontem, como hoje, a iluminação pública, fraca. Uma “ porca miséria”. Lâmpadas que mais parecem tomates maduros...

O “footing” semanal das lindas moças no primeiro quarteirão da Artur Machado, hoje chamado de “ calçadão”, contornava a Leopoldino , até o finado cinema Metrópole. Era a pureza da beleza ! A “homaiada” , babando na calçada ou na mureta do córrego das Lajes, era um sussurro só -“ vai ter mulher bonita prá lá, sô!”. Uberaba, era um cidade alegre. Bem feliz !O uberabense conhecia tudo da terrinha, às vezes, tão mal amada...

Festa d’Abadia, novena na são Benedito, quermesse na são Domingos... Naquele tempo, as saias cobriam os joelhos; sutiãs e calcinhas, guardavam peitos e bundas. As moças eram mais “família”. Os moços não usavam drogas, cigarro estava na moda, a “tatuagem” não existia. Homem namorava mulher. Mulher namorava homem. Por sinal, se davam muito bem... Nas quermesses e barraquinhas, a esperada troca de bilhetes, o esperado “correio elegante”...

O “ leva e trás” dos bilhetes, por conta dos garçons, camisa branca, calça preta e a “borboleta” Mensagens de amor, bilhetes anônimos, letra caprichada, “dele” prá “ela” e “dela prá”ele”.. Mensagens inocentes, “cantadas ”sem maldade, elogios pródigos. Tudo começava com um singelo bilhete; depois, o namoro, noivado e quase sempre, o casamento.

O “correio elegante” era a “coqueluche” da moçada. Palavras amorosas, enterneciam corações! O pátio da igreja São Domingos, deixou saudade. Quem era aquele galanteador ? Elas voltavam prá casa curtindo o desconhecido amor platônico . Seria ele, feio? Bonito? Alto ? Baixo? Pobre? Trabalhador? Malandro? Romântico, elas tinham certeza !...

Refasteladas na cama macia, travesseiro bordado, ‘”pregavam” no embalado sono, inebriada pelo perfume do “correio elegante. Os sonhos apareciam, a fantasia desenhada, desejo ainda não satisfeito. No outro dia, não via a hora de chegar a noite; ir prá quermesse e aguardar, ansiosa, um novo “ correio elegante “... Essa lembrança tão especial, foi ontem...

(Luiz Gonzaga Oliveira)


Cidade de Uberaba


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

CATEDRAL DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS UBERABA



A primeira Capela construída na região de Uberaba data de 1807, nas Cabeceiras do Córrego do Lajeado, Arraial da Capelinha, nas terras de propriedade de José Francisco de Azevedo. Em 1812,  as imagens de Santo Antônio e São Sebastião, os padroeiros, foram entronizadas.
Com a mudança, em 1815, dos moradores do Arraial da Capelinha para o novo Arraial da Farinha Podre, Uberaba atual, o Sargento-Mor, Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira (Major Eustáquio) construiu uma nova Capela, na Praça Frei Eugênio, com a mesma invocação de Santo Antônio e São Sebastião, sendo benzida e liberada para as cerimônias religiosas, em 01 de Dezembro de 1818. Em 02 de Março de 1820, com a instalação da Freguesia, esta Capela foi elevada à Categoria de Paróquia, e constituída em primeira Matriz.
A capela foi demolida e uma outra construída no mesmo lugar, pelo Vigário Silva. Foi inaugurada em 20 de Janeiro de 1828, e serviu ao culto até 1856. A atual Igreja Matriz teve as obras iniciadas em 1827. Com a morte do Major Eustáquio, em 1832, as obras ficaram paralisadas por vários anos.
Vindo residir em Uberaba, em 1847, Antônio Borges Sampaio encontrou a Matriz nova inacabada, tendo apenas o telhado sobre os esteios e baldrames de aroeira, sem paredes nem assoalhos. Em 1848. o Cap. Joaquim Antônio Rosa retomou a sua construção cujas obras prosseguiram até 1856, sendo já celebrados na mesma, os ofícios religiosos. Esta Igreja passou por várias reformas e melhorias:
1857 – Frei Eugênio construiu a Sacristia e o Adro.
1859 – Joaquim Francisco Ananias construiu as duas torres, o coro, o arco-cruzeiro e o altar-mor.
1868 – As torres foram revestidas de tijolos, argamassa e óleo.
1874 – O relojoeiro Florêncio Forneri assentou o relógio em uma das torres.
1880 – Foram colocados dois sinos, fundidos em Uberaba, por José Carlos Onofre.
1889 – Vigário Carlos José dos Santos, ordenou uma pintura externa na Igreja.
1896 – As duas torres foram demolidas e edificada uma única torre, projetada pelo engenheiro Ataliba Vale, com características neogóticas.
1899 – Com a transferência da sede do Bispado de Goiás para Uberaba, a Igreja Matriz alcançou as prerrogativas de Catedral.
1907 – Com a inauguração da Igreja Sagrado Coração de Jesus (hoje Adoração Perpétua), para ser a Catedral, ela voltou a ser Matriz de Santo Antônio e São Sebastião.
1926 – Dom Almeida Lustosa, 2º Bispo de Uberaba, transladou a Igreja Catedral para a Matriz  de Santo Antônio e São Sebastião, com seu título de Sagrado Coração de Jesus, passando os Santos da primitiva Capela à Igreja da Adoração Perpétua.
1933 – A matriz passou por sua última reforma total, permanecendo como está  até  os dias atuais. Foram acrescentados um transepto, capelas laterais e modificações no frontespício. O arquiteto responsável pelas obras foi Emanuel Giani.
Atualmente é cercada por grades de ferro, tendo à frente a Imagem  de Cristo e nas laterais as imagens de Santo Antônio e São Sebastião.
Década de 1920
Foto: Autoria desconhecida
Fonte: Arquivo  Público de Uberaba