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terça-feira, 25 de maio de 2021

13 DE MAIO IGNORADO(⁎)

Quando Tiradentes foi implacavelmente executado, nós triangulinos não éramos mineiros e sim goianos. Só a partir de 04 de abril de 1816 é que passamos a existir como sendo o “nariz de Minas”. Saber por aqui da atrocidade capital feita ao nosso alferes deve ter demorado um bom tempo devido à falta de comunicação. Passados 72 anos, ou seja, em 1888, aconteceu aqui um fato quhoje, 126 anos depois, merece a devida reparação pela nossa Egrégia Câmara Municipal: trata-se da omissão institucional do Município relativa à abolição da escravatura. Nosso governo municipal, dirigido pelo agente executivo Joaquim José de Oliveira Teixeira (1887/1890), não fez qualquer referência à entrada em vigor da Lei Imperial no 3.353 de 13/05/1888. Ou seja; o dia “13 de maio” foi ignorado.

Pesquisando nos alfarrábios oficiais, constatei que o assunto libertação dos escravos, ou Lei Áurea, não entrou em pauta na nossa Casa Municipal de Leis naquele ano e evaporou como se não tivesse ocorrido. Em contrapartida, no ano seguinte quando o Império foi derrubado em 15/11/1889; cinco dias depois se fez constar na ata da Câmara de 20/11/1889, o texto: “ A 15 do corrente foi declarada e proclamada na Capital do Brasil a República Federativa Brasileira. Reconhecendo Câmara o Governo Provizório Republicano, como consta na ata da sessão de hoje Pede aos seus concidadãos a maior circunspeção em todos os seus atos e todo obediência as autoridades hoje legalmente constituídas”.

Por que esse jogo de informação e desinformação? Vivíamos num Brasil de maioria analfabeta, em que a “leitura” era coisa rara e de acesso dificílimo aos menos aquinhoados. Portanto, era de se esperar que, enquanto o povo simples tinha os olhos vendados com a desinformação, os coronéis nadavam em privilégios. E o maior dos seus privilégios era a informação.


Câmara Municipal de Uberaba fez uma retratação pública
com escritura lavrada em Cartório.

Que Rui Barbosa, o nosso ícone do Direito, sugeriu fossem queimados documentos comprobatórios da transação de escravos, não é mais segredo. Que a província do Ceará foi a primeira a abolir o regime escravocrata em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea e que, Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar) foi o grande lider daquela conquista, isso hoje eu sei. A essas informações só chegamos graças à democracia, daí a sua importância para a nossa formação cívica.

Estamos vendo pipocar país afora, movimentos a favor da mudança de nomes de logradouros públicos que homenageiam patrocinadores de regimes totalitários. Nada mais insano a meu ver. Os que foram tiranos enquanto no poder, precisam ter os nomes na história para nunca ser esquecidos. E, sendo lembrados, sejam motivos de reflexões.

(⁎) - João Eurípedes Sabino -Uberaba/MG/Brasil.

Publicado no Jornal da Manhã-16/05/2014-Enviado à revista Veja-09/02/2015.

Republicado atendendo a pedidos- 13/05/2021

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domingo, 3 de janeiro de 2021

Fundadores de escolas

No século XIX, ainda na monarquia, uma das maiores dificuldades para a população do do Brasil era conseguir estudar. Fora das grandes cidades, contavam-se nos dedos os estabelecimentos de ensino disponíveis, na grande maioria iniciativas particulares ou religiosas. Tanto o governo imperial como os das províncias dedicavam pouquíssima atenção à oferta de educação pública. O resultado desse descaso apareceu de forma dramática no primeiro recenseamento nacional, realizado pelo Império em 1870: 77% dos homens livres e 87% das mulheres livres não sabiam ler e escrever. Entre a população escrava esse número superava os 99%. No conjunto da população do país, 4 em cada 5 brasileiros eram completamente analfabetos.

O problema era ainda mais grave quando se pensa na oferta de escolas de nível médio ou superior. Num país que era essencialmente rural, qualquer jovem que desejasse estudar além do nível básico tinha como única opção mudar-se para uma capital ou matricular-se em um colégio interno. Cursos superiores eram ainda mais raros. Os filhos da aristocracia frequentemente buscavam instrução em Portugal ou algum outro país da Europa.

Por isso, era sempre saudada com entusiasmo a fundação de escolas nas cidades do interior. Não foi diferente quando, em 1º de outubro de 1854, o engenheiro Fernando Vaz de Mello anunciou a abertura do primeiro “Collegio Uberabense” (outro, com o mesmo nome, seria aberto em 1903). A escola foi montada em um pequeno prédio nas imediações da atual Praça Dom Eduardo, onde, décadas depois, instalou-se o Colégio Marista. Oferecia “Instrução Primária de 2º Grau” e “Ensino Colegial” – o que seria algo equivalente aos atuais Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Entre as disciplinas, Gramática, Latinidade, Francês, Geografia, Aritmética, Álgebra e Geometria. Havia ainda aulas de Catecismo Romano.

Em agosto do ano seguinte, o Colégio contava com mais de 100 alunos, dos quais 25 colegiais e 77 do ensino primário apresentaram-se para os exames de avaliação – realizados entre os dias 13 e 18. Um grupo de examinadores convidados reuniu-se no salão da Câmara Municipal para avaliar os estudantes. Compunham a banca, entre outros, o Cônego Hermógenes, o jornalista e historiador Borges Sampaio, o juiz de direito Manoel Pinto de Vasconcelos e o presidente da câmara Francisco Barcellos. Embora tenha havido algumas reprovações – na sua maioria de alunos matriculados há pouco tempo – relatos da época dizem que o resultado geral superou as expectativas.

Infelizmente, como era comum em Uberaba nessa época, a alegria durou pouco. Em 1856, Fernando Vaz de Mello envolveu-se na luta política local. Publicou um artigo no qual criticava a inoperância da Justiça e o número de assassinos e criminosos que circulavam impunemente pela província, muitos sob a proteção dos proprietários de terras e coronéis da região. O texto melindrou parte das famílias abastadas, que se sentiram ofendidas e passaram a dirigir ataques anônimos ao colégio e a seu diretor. Matrículas foram canceladas e, no ano seguinte, a escola fechou as portas, frustrando a população.

Fernando era um homem de posses e, por algum tempo, tentou permanecer na cidade. Entre 1857 e 1858, desenvolveu por conta própria um extenso levantamento dos rios Pardo e Mogi Guaçu, com o objetivo de implantar uma linha de navegação que oferecesse ao Triângulo Mineiro uma alternativa de transporte com os portos do Rio de Janeiro e Santos – na época feito em lombo de burro e carros de boi. O memorial foi publicado pela província de São Paulo em 1859, mas as sugestões de obras e melhorias nunca foram implantadas por falta de interesse e de verbas.

Não descobri a data exata em que Fernando Mello deixou o Triângulo. Aparentemente, mudou-se para a então capital mineira Ouro Preto, onde um de seus filhos, Cornélio Vaz de Mello (nascido em Uberaba em 10/01/1855) completou os estudos. Cornélio foi para o Rio de Janeiro, onde formou-se em Medicina em 1884. De volta a Minas Gerais, tornou-se professor de Anatomia e História Natural na Escola de Farmácia de Ouro Preto. Entrou para a política, filiando-se ao Partido Liberal e mudou-se para a nova capital, Belo Horizonte. Seguindo os passos do pai, fez parte do grupo de médicos que, em março de 1911, fundou a Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, ocupando a primeira vice-diretoria. Durante o governo de Delfim Moreira (1914-1918), o uberabense Cornélio exerceu o cargo de prefeito da capital mineira.

André Borges Lopes

terça-feira, 28 de abril de 2020

Verdade verdadeira (*)

E a luta contra o Coronavírus continua em todos os quadrantes da terra! Cada um a seu modo tem dado sua cota de sacrifício para vermos tombado esse microrganismo, tão letal à espécie humana. Estou fazendo a minha parte mesmo recolhido ao grupo de risco marcado pelos janeiros. Alinhavar estas palavras faz parte do trabalho que me permite chegar a lugares onde o vírus não vai; no coração das pessoas.

Não devemos pagar o preço para ver o resultado da imprudência. Se nos aconselham o uso dos equipamentos de proteção individual, por que não usá-los e darmos o exemplo aos que fazem pouco dessa necessidade? Estamos num jogo em que ganhar ou perder envolve a todos indistintamente.

Ouvi por via rádio, os reclamos de uma integrante do Circo Khronos, então montado no interior do Parque de Exposições Fernando Costa, aqui em Uberaba. Estão lá 56 pessoas, dentre as quais, 16 são crianças que; além de viajar como nômades, agora enfrentam o drama de não poder bater em retirada por falta de recursos. As necessidades fecham o cerco e, tentando exercer a nossa marca de uberabense, fui levar a eles a minha solidariedade alimentícia. De carro fechado, usando boné, luvas e máscara, adentrei-me à noite ao recinto do parque, escoltado por uma moto vigilante.No local, mantendo segura distância, os circenses retiraram do carro a minha modesta ajuda. Distanciamento estranho para mim que sempre cultivei o hábito de apertar a mão do meu semelhante. Sei que você uberabense, fará a sua parte também!

Saí feliz por ter exercido o bem, mas entristecido diante do fato de que; depois de ininterruptos 78 anos, nossa Associação Brasileira dos Criadores de Zebu não realizará o tão sonhado evento de 2020. Tudo por precaução diante do avanço do Coronavírus. Decisão acertada do presidente Rivaldo Machado Borges Júnior e sua diretoria.

Enquanto isso, os prudentes e imprudentes seguem por caminhos inversos e paralelos. Uns obedecem à risca os protocolos preventivos e outros subestimam a força do bichinho invisível a olho nu que, uma vez instalado, faz estragos. Não lamentemos depois sem ter um ombro amigo!

Segui dois grandes jornais paulistas na última semana. Em todas as edições, mais de 90% delas continham notícias sobre o Coronavírus e, percentual maior, ficou por conta das redes de televisão. Queira Deus que, passada a pandemia, a realidade não nos traga outra verdade: a verdade verdadeira.

(*)- João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG/Brasil.

Cidade de Uberaba


sexta-feira, 28 de junho de 2019

UBERABA SOB TIROTEIO!

Da outra vez que bandidos balançaram o solo de Uberaba,- 06/11/2017-f ui acordado às 3:00h por tiros de pesadas armas que ecoavam norte a sul da cidade. Fiz uma crônica sobre o episódio que pode ser vista hoje como um pobre relato.

Agência do Banco do Brasil. Foto: Reprodução.  


Nesta madrugada a dose foi repetida com carga mais do que triplicada. Fecharam o tempo literalmente, mataram pessoa, partiram para cima de bancos, lojas, etc. Criaram o pânico geral, instalaram guerra campal merecendo reação imediata das nossas gloriosas; Polícia Militar e Civil. Na vez anterior as duas optaram por recuar. 

Hoje pode -se concluir que o cenário foi mais bem pensado e flancos previamente escolhidos facilitaram a ação engenhosa do grupo que, dizem, é composto por mais de 30. 

Volto na minha tecla: o Triângulo Mineiro está situado entre São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. Essa posição e exposição geográficas requerem que a nossa área seja vista como um barril de pólvora. Nossas autoridades também a veem? 

Amanhã será encontrada meia dúzia de larápios, feito a primeira vez, e estamos conversados. Não esperamos isso.

Hoje o Brasil é outro. Bandidos armados com a sociedade encurralada; o que podemos esperar? Reedição breve desta madrugada? Tiros, tiros, tiros e bombas! 

Cadê o veículo caveirão? Legislação? Helicóptero? COE ou BOPE? 


O mundo inteiro acompanhou em tempo real o nosso drama e uma das frases que recebi foi: “Muda desse país gente!”


Eu que sempre fui contra o armamento da sociedade começo a rever meus conceitos. Com o Congresso, o STF, o STJ e outros tribunais que possuímos, francamente...


Só não podemos perder a esperança e nem deixá-la morrer, ainda que seja por último. 
A confiança em Deus sim, deve ser inquebrantável.



João Eurípedes Sabino - Uberaba - Minas Gerais - Triângulo Mineiro - Brasil.




Cidade de Uberaba


domingo, 16 de junho de 2019

DR.LUIZ MANOEL DA COSTA FILHO.

Nascido em Visconde do Rio Branco e adotado como filho de Coromandel, hoje vemos o triste semblante do tempo a indicar que o juiz de direito e acadêmico Luiz Manoel da Costa Filho silenciou para sempre. 

Veio para Uberaba no início da década de setenta e a sua primeira mordia foi o próprio Fórum que acabara de ser construído. Dormiu em sala sem os pisos para estar sempre próximo dos servidores e ver de perto a atuação da Justiça. Emanava e recebia respeito.

Dr. Luiz Manoel da Costa Filho. Foto: Reprodução.
Aqui Luiz Manoel serviu à comunidade com retidão, energia e competência sendo sempre o homem afável. Estimulou a criação do COMBEM e outras obras sociais. Poeta, prosador e jurista integrou a Academia de Letras do Triângulo Mineiro sendo seu membro efetivo até o dia de hoje.

Por suas mãos iniciei-me na carreira de perito judicial e em 1987 dediquei-lhe a obra “Quesitos nas perícias judiciais”. Sempre o tive como referência e em minhas atuações há indisfarçável estilo que dele absorvi. 

Meu gosto pela música raiz sem ocultar essa preferência, por exemplo, vem de Luiz Manoel. Conheci Goiá (Gerson Coutinho da Silva) através dele. Lembro-me o dia em que verteu lágrimas indo ao hospital São Lucas participar do desligamento dos aparelhos que mantinham Goiá ainda vivo. 

Gratidão é o sentimento que Uberaba cultiva a Luiz Manoel da Costa Filho que não escondia o amor pela terra das Sete Colinas. 

De meu peito fluem os sentimentos de respeito, carinho, amizade e reconhecimento pelo que me proporcionou.

Obrigado querido amigo! Até o dia em que por certo nos reencontraremos! 


João Eurípedes Sabino - presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Uberaba/MG/Brasil.


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Cidade de Uberaba