Oi, turma!
( Em casa de gato, rato não passa perto...)
A fama de Uberaba como cidade boêmia, extrapolou fronteiras e correu mundo. Vir a Uberaba e não conhecer a rua São Miguel , é como se fosse “a Roma e não conhecesse o Papa”... Nem a “casa da Ení”, em Baurú, foi tão famosa quanto a “ nossa rua do santo”...O “Casino Brasil”, era o ponto principal. Seus donos, Paulo e Negrinha, esmeravam no atendimento. Era o ápice das noites boêmias da terrinha. Mulheres lindas com o apelido de “bailarinas” ( hoje, elas são conhecidas como “modelos”...), vindas de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Rio verde, Jataí, Ribeirão Preto e alhures, faziam a festa e enchiam as “bolsas”, alegrando ricos, jovens e velhos fazendeiros que faziam de Uberaba, seu ponto comercial e na folga,agradar seu apetite sexual.
Moças lindas, loiras, morenas, aptas à “atividade sexual”. Corpo “violão”, muito em moda nos anos 50/60, pernas bem torneadas, lábios carnudos e provocativos e um batom vermelho que chamava a atenção; o perfume, a gente sentia à distância. Os puteiros, de um lado e outro da rua, tinham à porta, luzes vermelhas cintilantes, chamando a atenção. A São Miguel, ligava os bairros São Benedito ao d’Abadia. Durante o dia, trânsito normal; à noite, aquele burburinho!
Quando o sol escondia, logo ouviam-se os primeiros acordes da orquestra do “Casino Brasil”; músicos afinando seus instrumentos. As moçoilas de vida nada fácil, começavam a ouriçar ! Era só atravessar a rua e exibir-se para aquele munduréu de homens, ávidos e tarados por belo “programa”... A “pobreza”, coitada ! morria de ciúme, inveja e vontade em participar daquele lauto “banquete”. Ficava tão somente na vontade...
Quando aparecia a primeira “ex-donzela”, vestido que mal cobria os joelhos, pernas roliças, coxas e bundas apetitosas, bem a gosto da “freguesia”, decotes generosos, seios que quase saltavam dos sutiãs, cabelos bem penteados, caindo nos ombros e começava a desfilar, a homaiada delirava ! Em questão de minutos, em dupla, loiras, morenas, altas e baixas, bonitas e mais bonitas, ia chegando e chamando a atenção do “cabaré” já quase lotado...
No palco, todo iluminado, rebolando a não mais poder, os primeiros travestis da terrinha. Os viados, “Birinha”, um crioulo forte e o branco “Diquinha”, peruca esfusiante, cantando e imitando a Ângela Maria, “Babalú...aiê...Babalú aiê” e o coro de palmas que se seguia...Com o comando do maestro “Docinho”, a voz romântica de Mauricio Silva, um dos mais perfeitos imitadores do maior “seresteiro do Brasil”, Sylvio Caldas. O salão, regorgitava de dançarinos!
As raparigas mais antigas da ”casa”, seguindo ordem do “Centrão”, faziam, no mínimo, dois “programas” por noite. As novatas, “trabalhavam” enquanto houvesse “freguês”. A festa seguia noite a dentro, até que, devidamente acompanhadas, tomavam o rumo de suas casas. As “ex-donzelas”, cansadas da guerra, iam para o seu sono, profundo e reparador, pois que, amanhã, a “luta” recomeçava...
Amanhã, conto-lhes como um jovem da santa terrinha, ganhou o apelido de “língua de fogo”. Vale conhecer. Obrigado pela atenção. Abraços do velho “Marquez do Cassú”.
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Cidade de Uberaba