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sexta-feira, 19 de julho de 2019

História de Uberaba é a História da Câmara Municipal

A cidade inicia-se no século XVIII a partir da exploração do interior brasileiro, na busca do ouro. A Estrada do Anhangüera localizada entre o Rio Grande e o Paranaíba foi à primeira entrada no Triângulo Mineiro, comandada pelo bandeirante Bartolomeu Bueno. Aberta em 1722 tornou-se, por ordem régia posterior, o único caminho permitido para o transporte do ouro até Goiás.

Bem próximo ao local onde hoje está Uberaba, iniciou-se a extração do ouro, num lugarejo conhecido como Desemboque e mais de meio século depois, ocorre o esgotamento das minas. No início do século XIX, Major Eustáquio, morador do local, resolve explorar a região e encontra água em abundância e pastagens naturais do cerrado, condições muito propícias para a criação de gado e, conseqüentemente, uma saída econômica para o fim da mineração.

No Império, o governo doava as terras não cultivadas, num sistema conhecido por sesmarias. Após o extermínio e a expulsão dos Caiapós, acompanhando o Major Eustáquio, algumas famílias estabeleceram-se na região, depois que receberam terras por esse sistema. Assim, formou-se o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião. O registro da vida do Arraial se dava na Igreja Matriz (foto abaixo), instituição que documentava nascimentos, batizados, casamentos ou quaisquer outros acontecidos. Em 1836, o governo imperial determinou que se construísse o prédio da Câmara Municipal e o primeiro agente-executivo (termo equivalente à palavra “prefeito”) foi Capitão Domingos então irmão de Major Eustáquio.

No início, a atividade econômica mais relevante era a criação do gado chamado “pé duro” ou “curraleiro”. Como um dos importantes componentes da alimentação desse gado era o sal, rotas salineiras foram estabelecidas, Carros-de-boi traziam o sal e outras mercadorias, oriundas de São Paulo e Rio de Janeiro e levavam produtos da região, do Mato Grosso e de Goiás. Uberaba transformou-se em um entreposto comercial e surgiu outra atividade, fundamental para o desenvolvimento da cidade: o comércio. Tanto movimento justificou a chegada do trem de ferro, em 1889. Os trilhos vinham de Ribeirão Preto e acompanhavam as fazendas de café.

A cidade se desenvolveu e passou a abrigar – além das casas comerciais – bancos, livraria, cinemas, teatro, hotéis e escolas. Vieram os imigrantes e, dentre eles, arquitetos cujos estilos marcaram uma época de grande desenvolvimento. A estrada de ferro prosseguiu e seus trilhos alcançaram Goiás, Mato Grosso e outros centros comerciais. Com a desativação do comércio na cidade, iniciou-se a criação de gado zebu. Uberabenses foram até a Índia buscar os animais e aqui aprimoraram a raça, com trabalho genético e exposições do zebu que evidenciam o município no cenário nacional.

A cidade organizou seu espaço a partir da Praça Rui Barbosa. A principal Avenida Leopoldino de Oliveira localiza-se na parte baixa da Praça (sobre o córrego das Lajes) e dela se ramificam as colinas que formam os bairros. Por isso costuma-se falar “vou descer para o centro” ou “vou subir para casa”. As antigas, colinas eram: Boa Vista, Estados Unidos, Misericórdia, Matriz, Cuiabá e Barro Preto, destacadas pelo escritor Borges Sampaio, agente executivo de 1878 a 1883.

Texto, Marise Diniz.


Câmara Municipal, a história da sua vida.


Em 2012, Uberaba comemorou os 175 anos de instalação da Câmara Municipal.

Acompanhem os principais fatos.

07de Janeiro de 1837 - Instalada a Câmara Municipal de Uberaba

Instalada a Câmara Municipal de Uberaba. Deste ato, segundo Hildebrando Pontes, o único documento existente é o “Auto de Instalação da Câmara Municipal de Uberaba” (documento até então não encontrado) e a Lei que elevou o Arraial de Santo Antônio do Uberaba à condição de Vila.


03 de Março de 1854 – Uberaba quer ser Capital

Foram eleitos para nova legislatura municipal, entre outros, Joaquim Antônio Rosa, Antônio Borges Sampaio e José Ferreira da Rocha. Estes formularam uma representação ao Senado, Câmara de Deputados e Imperador D. Pedro II, ponderando que a distância que separa comarca do Paraná de Ouro Preto, provoca sempre tardia ação do governo, assim solicita a criação da Capital, em Uberaba ou na Vila do Pium-i. 


22 de julho de 1857 – De Vila à Cidade

São eleitos para a Câmara Municipal, entre outros, Francisco Rodrigues de Barcelos, Joaquim Antônio Rosa, José Teixeira Alves de Oliveira e João Batista Machado, que passa a ter nove vereadores, em decorrência da Lei provincial mineira nº 759 que elevou a Vila de Santo Antônio de Uberaba á categoria de cidade em 2 de maio de 1856.


22 de outubro 1880- Primeiro Plano Diretor de Uberaba

Procedida oficialmente pela Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Joaquim Rodrigues, a nomenclatura das ruas da cidade, baseada em plano do também vereador Antônio Borges Sampaio publicado em seu livro, contando a cidade com 45 ruas, 9 praças, 3 travessas e 2 becos, quase todas conhecidas e designadas pelo nome de alguma pessoa mais notória nelas residente ou por alguma características ocasional, como rua dos Ingleses (João Pinheiro), do Boi (mercês e, depois Afonso Rato), Direita ou grande (Vigário Silva e Manuel Borges) do Pedro (Carmo), de Manuel Antônio (Alaor Prata), de Santa Rita (Sete de Abril), do Rancho (Castro Alves), da Presiganga (Carlos Rodrigues da Cunha).


11 de agosto de 1880 – Câmara Municipal coloca o primeiro tijolo em prol da Igreja Abadia

A Câmara Municipal de Uberaba concede a Eduardo José de Alvarenga Formiga licença para construção de capela no alto da Misericórdia, a futura Igreja da Abadia.


15 de Janeiro de 1886 – Partido Conservador toma a Câmara Municipal e impede Barão de entrar

Neste período monárquico, havia em Uberaba uma forte disputa entre o Partido Liberal e o Conservador, contam que neste dia a direção política conservadora com mais trezentos homens armados, tomaram a Câmara Municipal, onde aconteceria à eleição geral, impedindo o ingresso dos eleitores liberais. Nem mesmo o Barão da Ponte Alta, consegue entrar no paço municipal para votar. 


18 de Novembro de 1889 – Junta Provisória eleita na Câmara Municipal passa a Governar Uberaba

Foi realizada uma reunião histórica e aclamada pelo povo na Câmara Municipal, onde deu posse a Junta do Governo Provisória com o a Proclamação da República em 15 de novembro. Composta, entre outros, por Venceslau Pereira de Oliveira, José Oliveira Ferreira, José de Oliveira Ferreira, José Joaquim Saraiva Júnior, Manuel Raimundo de Melo Meneses e Alexandre Barbosa. Essa Junta funciona até 14 de fevereiro do ano seguinte, quando é empossado o primeiro Conselho de Intendência, de nomeação do governo estadual.


07 de Março de 1892 - Eleita a primeira Câmara Municipal Republicana

Eleita a primeira Câmara Municipal republicana pelo Partido Republicano Municipal, que surgiu de um racha do “Grupo União Política” e este também se formou de um racha com “Clube Republicano 20 de Março”. O presidente e agente executivo eleito, foi Gabriel Orlando Teixeira Junqueira


30 de novembro de 1899 – Câmara Municipal impede o surgimento da Peste bubônica em Uberaba

Com o surgimento da peste bubônica em Santos, a Câmara Municipal movimenta-se no fim de outubro no sentido de tomar medidas preventivas, nomeando comissão composta dos médicos Filipe Aché, João Teixeira Álvares e José Ferreira com o objetivo de assessorar o poder legislativo, sendo o Filipe Aché nomeado inspetor sanitário da Câmara. Um dos fatos importante foi à construção do desinfetório na linha Mojiana, a três quilômetros da estação ferroviária da cidade. Todas as medidas preventivas implementadas impediram o surgimento de casos de peste na cidade.


14 de setembro de 1900 – Câmara Municipal separa Cargos e os torna Gratuito

A Câmara vota a Lei Municipal nº 99 que separa o cargo de agente executivo do cargo de presidente e o torna gratuito.


07 de março de 1903 – Câmara Municipal elimina Febre Amarela em Uberaba

A Câmara Municipal, que está em sessão permanente, participa de debates sobre a febre amarela com os médicos Tomás Pimentel de Ulhoa, José Ferreira, Guilherme Peixoto, Manuel Joaquim Bernardes e Domingo Paraíso Cavalcanti, resolvendo-se a intensificação da eliminação dos mosquitos por meio de pó de Piretro ou pó da Pérsia.


29 de Janeiro 1904 – Câmara Municipal Acende as luzes da cidade de Uberaba

A Câmara Municipal aprova Lei nº 171, de iniciativa do vereador Quirino Luís da Costa, autorizando o agente executivo Antero Ferreira da Rocha a contratar com o médico José de Oliveira Ferreira e com Gabriel Orlando Teixeira Junqueira, a iluminação pública e particular da cidade pelo sistema de eletricidades. E em 30 de dezembro de 1905, foi a inaugurado luz elétrica com grandes festejos que continuaram no dia seguinte.


08 de Abril de 1909 - Câmara Municipal cria Biblioteca e Museu, administrativo joga o acervo no lixo

A Câmara Municipal aprova a Lei nº231 que cria na administração Filipe Aché, a Biblioteca Pública Bernardo Guimarães. E em julho do mesmo ano, a Câmara cria Museu anexo à Biblioteca Pública Bernardo Guimarães com mais de 400 peças minerais, arqueológicas e indígenas, além de objetos de outras categorias, que a futura administração Silvino Pacheco jogou tudo no lixo, como já havia feito com a maior parte da Biblioteca.


20 de Julho de 1909- Inédito! Araras e Pacholas juntos

Reunião no salão do Paço Municipal dos eleitores do Partido Republicano Municipal e do Partido Republicano Mineiro, contrários à candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à presidência da República, com o objetivo de organizar nova agremiação política. Surge o Partido Republicano Democrata, onde reuniu-se, araras e pacholas*. Com isso os partidos passam a se denominar P.R Mineiro (hermistas) e P.R Democrata (civilista).

*Os apelidos das facções do PR tinham origem em anedotas. Em Uberaba contam que um grupo de eleitores do PR-Municipal estava na porta de um estabelecimento comercial quando se aproximou um grupo de eleitores do PR-Mineiro. Os que estavam parados comentaram:- Lá envém os “arara”!
“Arara” tinha um sentido depreciativo. Significava bobão, tolo. Os “Araras” ouviram e retrucaram:
- E ali está um monte de “pachola”!
“Pachola” também era termo pejorativo. Significava farsante, folgado, malandro.


03 de Abril de 1912 – Câmara cria transporte público e autoriza construção do Fórum

A Câmara Municipal firma contrato para execução do serviço de tráfego de veículos de passageiros e cargas no município por 25 anos, exclusivamente nas estradas que a empresa construir. E em julho, autoriza a doação de área ao governo do Estado para construção da fundação de instituto fundamental, do Fórum e da Escola Normal.


19 de fevereiro de 1920 – A Princesa do Sertão ocupa seu lugar com inauguração de novo Prédio e Partido operário na Câmara Municipal

Concluído e colocado na parede principal do salão nobre da Câmara Municipal, o painel “Uberaba -Princesa do Sertão”, autoria dos pintores Vicente Corcione e Rodolfo Mosello, retratam mulher corada, vestida à moda imperial, sentada numa poltrona sobre pedestal com degraus, tendo ao fundo vila da época do Império, representando Uberaba. Em Julho, foi inaugurado o novo prédio da Câmara. E em outubro, foram abertas duas vagas por renúncia na Câmara Municipal, onde se procedeu à eleição, tendo o Partido Republicano Federativo (Partido Operário) sufragado o nome de Alexandre Barbosa e o Partido da Concentração Municipal o de João Henrique Sampaio Vieira da Silva.


09 de Julho de 1921 – Câmara Municipal cria escola para filho de operários

Aprovada na Câmara Municipal a Lei nº 450, de iniciativa do agente executivo João Henrique, cria escola para filho de operários.


05 de Abril de 1924 – Câmara aprova Projeto de ensino gratuito, o Clero revoga

Tumulada sessão da Câmara Municipal pela discussão do projeto de seu presidente e agente executivo do município, Leopoldino de Oliveira, para vinda da organização Granbery. O Projeto é aprovado contra os votos dos vereadores cônego César Borges, Geraldino Rodrigues da Cunha e Helvécio Prata. Contudo os católicos, convocados pelo Clero, reúnem-se na Igreja Matriz e na São Domingos, dirige-se a Câmara, fazendo uso da palavra o médico João Teixeira Álvares e a professora Edite França em discursos calorosos contra Leopoldino de Oliveira.

E no dia 07 de abril, a Lei que autorizava à organização Granbery concessões para a Fundação em Uberaba, de estabelecimentos de ensino, consistentes em ginásio, escola normal e patronato agrícola, abrigando gratuitamente trezentos alunos, diante da oposição discriminatória do clero e dos católicos, a lei é revogada. 


11 de Janeiro de 1925 – Batalhão da Polícia cerca a Câmara e Leopoldino de Oliveira tranca as Portas

Realizaram-se em 11 de janeiro de 1925, eleições para duas vagas de renunciantes da Câmara Municipal. O Partido Republicano Mineiro transformou o recinto das seções eleitorais em praça de guerra, ocupadas por tropas da polícia a serviço dos mesmos. O que não resultou a priori em nada, a junta apuradora constatou a derrota do Partido Republicano Mineiro, frente à vitória da “Coligação Uberabense (Partido Operário)” com Lucas Borges de Oliveira e Alexandre Barbosa.

Em 14 de março, com a posse dos dois vereadores vitoriosos, Leopoldino de Oliveira, como Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo, procede à eleição para vice-presidência, com base nas leis 02/1891 e 373/1903 sendo eleito Ismael Machado (avô dos advogados José e Paulo Salge). Com isso não concorda o senhor Geraldino Rodrigues da Cunha, que era o então vice-presidente, e para ele só não seria mais, quando o renunciasse. A partir daí trava-se séria disputa entre Geraldino/Governo de Estado (Fernando de Melo Viana) e Leopoldino de Oliveira. Melo intervém ilegalmente no município e o batalhão da polícia cerca a Câmara.

Em 16 de março, Leopoldino de Oliveira faz uma proclamação ao povo:

“... Não posso passar ao meu substituto legal o governo do município, pois a ordem do Senhor presidente de Minas Gerais, dada ao comandante do batalhão, é de assaltar e tomar a Câmara, pouco importa a autonomia do município... entendi, como um protesto, deixar na Câmara cuja presidência não renuncio, fechada, enviando, nesta data, ao instrumento da tirania o seguinte ofício: Senhor Comandante do 4ª Batalhão de Polícia... Licenciado pelo Câmara, tenho a necessidade de deixa - lá. O edifício fica fechado, à espera de que V.S o arrombe para nele ingressar. Eu não entrego o que é do povo a ninguém; venha V.S. Tomá-lo.” (Bilharinho, 2007, p. 207. apud. Ponte, 1978, p.201)


11 de maio de 1928 – Câmara Municipal aprova o Escudo do Município

A Câmara Municipal aprova a Lei nº 582, e Uberaba passar a ter o símbolo municipal - o escudo do município executado pelo historiador Afonso d´ Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista.


03 de outubro de 1930 – Câmara Municipal é dissolvida e Guilherme Ferreira é Nomeado.

Inicia-se em Uberaba o Golpe de 30 

A aliança liberal deflagra o movimento armado de âmbito nacional. No dia seguinte realiza-se à noite, na Praça Rui Barbosa, grande manifestação popular em apoio à aliança liberal. Uberaba começa a receber os combatentes armados que ocupam as pontes dos rios Grande e Paranaíba. No dia seis, a Câmara é dissolvida e seus membros depostos, O governador militar da cidade, representado pelo Major Afonso Elias Prais, nomeia por Portaria Guilherme de Oliveira Ferreira como governador civil, que toma posse às 13 horas, no paço municipal, na presença de diversos lideres políticos. 

No dia oito, na Praça Rui Barbosa acontece grande manifestação de apoio aos governadores civil e militar da cidade, nessa noite arrancaram o Busto de Melo Viana existente na Praça e o leva para a Câmara, de onde, dias depois, é transportado e atirado no rio Grande de cima da ponte de Delta. A partir daí inicia-se a batalha na ponte de Delta, entre paulista e mineiros.


23 de Julho de 1934 – Câmaras Municipais não têm função definida pela Constituição de 34

A Constituição Federal de 1934 restabelecem os órgãos legislativos municipais, mas tiram deles a função executiva, delegando aos prefeitos, a Câmara Municipal funcionou de forma imprecisa, pois suas funções não estavam bem definidas pela Constituição de 34. Compõem essa legislatura, entre outros, Fidélis Reis, Boulanger Pucci e Jorge Frange.


23 de Julho de 1937 – O mais longo mandato de Prefeito eleito pela Câmara Municipal

Eleito Prefeito pela Câmara Municipal, o advogado e agropecuarista Whady José Nassif que assume, até então, o mais longo mandato de prefeito de Uberaba, findando em 13 de julho de 1943.


1ª de Setembro de 1939 – Inicio da Segunda Guerra Mundial, Brasil é único país da América Latina a entrar na Guerra

Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 e 1945 e, em agosto de 1942, no governo de Getúlio Vargas, o Brasil uniu-se aos Aliados e declarou guerra ao Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. Foi o único país latino-americano a participar do confronto. No qual Uberaba participará com a ida de mais de 800 jovens junto à principal ação militar brasileira que aconteceu principalmente na organização da campanha da Itália, onde os brasileiros foram para o combate ao lado das forças estadunidenses.


05 de fevereiro de 1946 - Instalada a Assembléia Nacional Constituinte

Instalada a Assembléia Nacional Constituinte sob a presidência do Senador Fernando de Melo Viana, ex-juiz de direito em Uberaba, ex-vice-presidente da República, onde nasce a Constituição de 1946, que restabelece o poder legislativo independente do poder executivo e o voto popular para escolha do governo municipal.


11 de abril 1946 – Câmara elege Prefeitos

Lauro Fontoura é eleito pela Câmara Municipal e assume a prefeitura de Uberaba, exercendo a função de prefeito até 1ª de janeiro de 1947. E em dois de maio de 1947, Também eleito pela Câmara Municipal, João Carlos Belo Lisboa, exerce a função de prefeito até 07 de dezembro desse ano.


21 de Novembro de 1947 – Eleita a primeira Câmara com voto popular

Eleita a primeira Câmara pelo voto popular. Tendo como primeiro Presidente o Dr. Henrique Von Krüger Schroeder, nascido em Resende (RJ), Formado em Farmácia na década de 1920 e em Medicina, pela Faculdade de Medicina de Niterói, em 1934. Elegeu-se vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e assumiu a presidência da Câmara de 1947 a 1950. Como espírita foi presidente do Centro Espírita de Uberaba. Participou ativamente do "Ponto Bezerra de Menezes", entidade que originou o Sanatório Espírita de Uberaba. Como presidente do Centro Espírita de Uberaba, lançou a pedra fundamental do edifício do Sanatório em 06/01/1928. Atuou como diretor do Sanatório Espírita de Uberaba e, como clínico, atendia gratuitamente a comunidade carente. Era considerado, popularmente, o patrono dos trabalhadores.


04 de Julho de 1951 – Câmara suspende sessão para debater com população a situação da cidade, face à poluição de suas águas.

O Jornalista Quintiliano Jardim promove reunião no auditório da PRE-5, para debater a situação da cidade face à poluição de suas águas, conforme verificada por exame procedido dias antes pelo Instituto Oswaldo Cruz, notícia que causou impacto na cidade tomada pelo surto de hepatite, onde no imaginário popular, ficou vinculado o problema da epidemia com o da água.

Entre os oradores, manifestam-se os advogados Lamartine Cunha Campos e Homero Vieira de Freitas e o médico Romes Cecílio, decidindo-se, ao final, que o Prefeito deveria tratar a questão com então Governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek e o Presidente Getúlio Vargas. Dessa reunião os presentes dirigem-se ao Paço Municipal, onde a Câmara está reunida e logo suspende a sessão, fala Quintiliano Jardim em nome de todos. E o Prefeito aceita a incumbência de Procurar as citadas autoridades.

E em 05 de julho, pela rádio Inconfidência, de Belo Horizonte às 23 horas, o Governador Juscelino Kubitschek dirige mensagem ao povo de Uberaba, dizendo: “... Acabo de estar com o Prefeito Dr. Antônio Prospero, que, pessoalmente veio trazer-me completas informações sobre a situação naquela cidade, em face da epidemia ali verificada...” Informando, ao final, que já tinha determinado as medidas para o atendimento do caso.

No mesmo dia foi publicado no Jornal Lavoura e Comércio, comunicado do Centro de Saúde, afirmando que na maioria dos casos a propagação da hepatite deu-se por meio de agulhas e seringas não esterilizadas.


03 de Janeiro de 1957 – Câmara bate o Martelo no impasse do Hospital de Clínicas

A Câmara Municipal aprova o recebimento do hospital da Santa Casa pela Prefeitura para nele ser instalado hospital de clínicas e pronto socorro. Alguns dias depois, após questões suscitadas e longos debates pela bancada udenista, é aprovado pela Câmara Municipal à criação da Fundação de Assistência Hospitalar para incorporar e gerir o hospital de clínicas e o pronto socorro. Mas, somente após um mês depois de novas reuniões e sanadas as divergências entre udenistas e pessedistas, os dirigentes da Santa Casa concordam em se afasta da Faculdade e da fundação, as quais passariam a ter uma presidência única, que deveria ser o Dr. Lauro Fontoura. E assim em 19 de Fevereiro foi firmando convênio entre a Fundação Arthur de Melo Teixeira e a Santa Casa, cabendo a primeira a responsabilidade do hospital e, à segunda, do restante do patrimônio. 


03 de Março de 1963 – Trabalhadores escolhem Câmara Municipal como Porta-Voz de suas reivindicações

Na assembléia geral dos trabalhadores uberabenses aprova-se manifesto dirigido à Câmara Municipal e ao prefeito para que:

“usando dos poderes de representação popular conferidos aos atuais dirigentes municipais no ultimo pleito de 07 de outubro, interfiram junto às autoridades federais no sentido de elevar a elas o ponto de vista dos trabalhadores uberabenses sobre as distorções existentes no processo econômico nacional e causadoras do alto custo de vida.” Enfatizando, “o capital estrangeiro, como bomba de sucção de nossas poupanças e fator descapitalização nacional”, sem que “o latifúndio, forma pré-capitalista de exploração da terra... “Representa, por sua vez, outro grande empecilho para o desenvolvimento autônomo” (Bilharinho, 2008, p. 148)


01 de Abril de 1964 – Cai Jango e cassam Caparelli

Com a derrubada do Presidente João Goulart foi instaurado o Golpe Militar de 64, um regime de exceção democrática no país, com muitas perseguições e assinados ainda não foram esclarecidos no país. Em 13 de abril, uma resolução da Câmara Municipal nº 34/64 decorrente da pressão das circunstâncias do momento, cassa o mandato do vereador Benito Caparelli, “em virtude da comunicação verbal feita a esta casa, por intermédio do seu presidente e pelo comando revolucionário desta cidade, de que o mesmo vinha pregando a subversão da ordem, a violência e a luta de classes no meio rural” (Bilharinho, 2008, p. 148), resolução resultante de processo nesse dia recebido pela mesa da Câmara, presidida pelo médico Randolfo Borges Júnior. Caparelli fica preso 84 dias, sendo encaminhado à penitenciária de Neves.


26 de setembro de 1969 - Câmara Municipal extingui zona de prostituição

Câmara Municipal decide extinguir a zona de prostituição, localizadas há décadas na Rua São Miguel (atual Paulo Pontes), concedendo prazo de seis meses para completa desocupação.


20 de Dezembro de 1975 – Câmara Municipal barra repressão de Delegado

Campanha de repressão iniciada pelo Delegado da Comarca, Marcos Peres Rodrigues de Carvalho, que leva a prisão 165 pessoas por falta de documentos ou por serem considerados insatisfatórios, o que provocou forte reação da comunidade, dos partidos políticos ARENA e MDB, tendo este, lançado nota oficial de protesto, que terminou com ampla reunião na Câmara Municipal, de 15h30 as 20h00, entre prefeito, vice-prefeito, vereadores, delegados e comandantes do 4ªBPM.


04 de Junho de 1988 – Câmara Municipal recebe Fuscão Preto

Após ser condenado a 10 anos de prisão e afastamento imediato do cargo, pelo Juiz da 2ª Vara Criminal de Uberaba, Mauro José de Souza, o engenheiro Wagner do Nascimento foi beneficiado por uma liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e volta a Uberaba, na condição de chefe do executivo. Onde foi carregado por uma multidão numa passeata que seguiu para o centro da cidade, a bancada do PMDB, que participava da sessão ordinária da Câmara Municipal, no andar superior do Paço Municipal, conduziu Wagner do Nascimento ao Plenário onde cumprimentou os vereadores, e da sacada saudou a multidão que o aguardava na Praça Rui Barbosa. Em 20 de setembro, Wagner do Nascimento é indiciado em inquérito policial. E no mês de dezembro é editado o informativo da Prefeitura – administração 1983/1988, expondo as realizações mais importantes, como entre outras, a implantação da Fundação Cultural, criação do circo do povo, bolsa de arrendamento rural e a criação da Secretaria de Assistência Social e Promoção Humana.


30 de Dezembro de 1991 – Câmara aprova Código de Edificação do município

Nesta data a Câmara aprova a Lei complementar que estabelece os parâmetros para o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas, atendendo os critérios definidos pelo Plano Diretos e a Lei Complementar com 227 artigos instituindo o Código de Edificação de Uberaba.


31 de Dezembro de 1992 – Câmara Municipal aprova Hino

A Câmara Municipal aprovou a Lei municipal nº 5.081 que oficializa o Hino de Uberaba, música do historiador Gabril Totti e letra do Jornalista Ari de Oliveira.


07 de fevereiro de 1995 – Câmara vota sim pela mudança de data de comemoração do Dia de Uberaba

Após longo estudo de historiadores locais, foi votado na Câmara a emenda constitucional municipal nº 13, alterando para dois de março a data de comemoração do Dia de Uberaba, considerando assim o documento mais antigo e importante do município, o Decreto de D. João VI de 02 de março de 1820, criando a freguesia no distrito de Uberaba.


Pesquisa e texto, Sumayra Oliveira - Diretora de Documentação e Pesquisa da Câmara Municipal de Uberaba, de 2009 a 2012.


Referências Bibliográficas:

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Uberaba: Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1970.

Administração Municipal em Uberaba de Capitão Domingos a Anderson Adauto. Uberaba, Arquivo Público de Uberaba, 2011.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: Dois Séculos de História. Vol. 1. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2007.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: Dois Séculos de História. Vol. 2. Uberaba: Arquivo Público de Uberaba, 2009.


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Cidade de Uberaba

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

SAGA DE ANTONIO PIRES DE CAMPOS



Os Bandeirantes eram destemidos, sagazes e dotados de grande amor e desejo de desvendar, a se aventurar no seio da selva dispostos a conquistar e implantar seu sonho, sua impetuosa bravura no território nacional.

A partida se dava e se iniciava, habitualmente, em Itu, indo ao Mato Grosso até atingir o Tocantins, Bolívia, Peru e mesmo o Oceano Pacifico. Outras vezes se dirigiram e embrenharam no intimo da mata em direção a Goiás; Minas Gerais a fim de desvendar, dominar novas tribos, explorar, cultivar novos solos e pesquisar a região na intenção de achar ouro ou pedras preciosas. Sonhavam em desbravar e em sua atividade havia a ânsia de ocupação efetiva do território brasileiro dando a ele uma adequada configuração geográfica do sonho nutrido a partir do fim do século XVII.

Antonio Pires de Campos gentio, bravo e rude, de forte tessitura física, ate bárbaro, houve por bem viajar as portas das minas de Cuiabá e de seu recôncavo no qual declarou ao reino ao atingi-lo: que chegou e viu.

Antonio se casou com a filha de Bartolomeu Bueno. No inicio do século XVIII, em 1722, reuniu vinte convidados de alma exploradora, destemidos e, seguiu com seu filho, Antonio e seu pai Manoel de Campos, à paragem, anteriormente, designada Martírio, semelhante a Coroa, lança e cravos da Paixão da qual foram, a priori, sogro e filho, testemunhos lídimos intrépidos.

As evidências concretas das pedrarias foram nessa ocasião por ele notificadas e desejadas, todavia não mais as atingiu e, mesmo delas não tomou posse.

Muito navegou pelos rios, andou léguas e léguas e atingiu a famosa serra dos Martírios donde trouxe uma amostra de um folheto de ouro. Acompanhava-o seu filho de 12 anos, Antonio Pires de Campos, épico e destemido jovem bandeirante.

Os Pires de Campos eram famosos caçadores de índios, sertanistas duros, indômitos e poderosa grei de bandeirantes destemidos, rompedores, desbravadores, gentis homens, lutadores de bela raiz e de profundo senso familiar.

Em sua campanha no sertão o venturoso O Pai Pirá (o que veio do rio) a testa e, firme no comando dos bororós seguiu, lutou e dominou os caiapós em 1746. Este fato revela sua sagacidade, sua perspicácia, sua argúcia e seu anseio empreendedor inato tão aguerrido quanto aventureiro Paulista. Sua liderança e bravura se revelaram em seus atos e ações a frente dos bororós. Assim como desbravador inato soube cativar ou dominar seus vencidos nas longínquas paragens do território nacional que caminhou aliado aos fieis parceiros que o seguiam destemidos e solidários a sua memorável intenção de amor à Bandeira Paulista na ocupação almejada da extensa terra Brasileira.

Conquistou e dominou ao cair bravio sobre os índios e os arcabuzou (arcabuz- antiga arma de fogo); fazendo enorme numero de presas, contudo ansioso desejava atingir os Martírios.

Investiu sobre a mata; subiu e caminhou pela primeira vez o rio, quando aprisionou ou preou, o gentio Coxiponé (índio mato-grossense) e sua tribo; diante e próximo do rio, que nada mais do que era o Cuyabá (Cuiabá). Nesse logradouro ou sítio demarcou sua visita e consagrou sua memorável presença.

Infelizmente vagou muito e a longa distância, porém, não obteve a gloria ou a sorte aventurosa de colher os frutos do enamorado Martírio.

As Bandeiras desejavam catequizar os índios; aliciá-los se possível na longa, venturosa e, muitas vezes produtiva viagem pela mata do território desvelado.

O valor desses bravios, rudes, aventureiros e sagazes desbravadores é, incomensurável visto que graças à visão impetuosa e muito sonhadora desvendaram, implantaram anseios e devaneios que cultuaram em terras desbravadas, ideais nas sendas construídas e, fixadas nas suas destemidas implantações ao longo de nossa pátria. No entanto, inexplorada e apenas habitada pelos índios nativos existentes nessa grandiosa extensão territorial.

Nota-se que os Pires de Campos foram desbravadores acostumados às ações voltadas à natureza e na aventura do desvendar, do descobrir, de investigar, portanto, dessa maneira o rio Tiete se tornou a rota primordial e principal de suas sagas. As cidades ribeirinhas e circundantes dessa encantadora e rica via se tornaram local de habitação da família a exemplo: de Capivari, Monte Mor, Tiete, Laranjal Paulista, Tatuí, Botucatu, Jaú entre outras longínquas paragens de nosso solo.

É uma importante referência a um nobre iniciador, inovador, destemido, correto e lutador ancestral.



Referência Bibliográfica: Taques, P.; Taumay, A.; Setubal, P.; Museu Histórico de Itu – SP.



Evanil Pires de Campos