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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O RESTAURANTE “3 COROAS”

Em comentários antigos , contei-lhes como surgiu o “Bar da Viuva”, tradicional ex-casa de chope da terrinha, seguramente há mais de meio século. Outros bares e restaurantes da sagrada terrinha, já “se foram”e não mais pertencem ao mundos vivos, mas que deixaram marcas profundas naquela antiga Uberaba.O bar “Jaú”, do Babá Laterza , na Tristão e Castro, o Bar Babalu, Avenida Almirante Barroso do Bairro Fabrício, o Bar do Caixeta, na esquina da Rua Capitão Manoel Prata com a rua José de Alencar, o “Bronka’s Bar”, do Zé da Bronca e do Bulico, na Artur Machado, o “Chaparral” e o “Bar do Antero”, um perto do outro na rua Padre Zeferino, no bairro Estados Unidos, o “Bolachinha”, na praça Thomaz Ulhoa, o “Bar do Dica”, na avenida Fernando Costa, o “Bar do Yassu”, na Tristão de Castro, Bar Mil Reis, esquina da Praça Manoel Terra com a rua Dos Andradas, o Bar Buraco da Onça, na avenida Leopoldino de Oliveira, o “Bar do Omar”, na praça d’Abadia, o “Tip-Top”, “Galo de Ouro”, “Guarani” e o “Marabá”, um pertinho do outro, na Leopoldino entre Artur Machado e Segismundo Mendes, foram locais de encontro que marcaram época na terrinha...De todos eles (outros que não citei por absoluta falta de memória), sempre se guardou uma saborosa história. Figuras assíduas identificavam o bar com os seus frequentadores. Muitos desses bares aumentaram seus serviços e transformaram-se em bares e restaurantes. Aliás, até que é muito “chique” falar “ bar e restaurante”, ou não ?

Bar e restaurante Três Coroas - (fechado)


Bar restaurante Viúva, (fechado)

Bar Mil Reis - Atualmente funcionando na Praça Manoel Terra, 382 no bairro Nossa Senhora Abadia em Uberaba, MG 



Bar Babalu - Atualmente funcionando na Av. Almirante Barroso, 319 - Fabrício, Uberaba - MG - Telefone: (34) 3332-6657


Bar do Archimedes - Atualmente funcionando na R. Tiradentes, 121 - Fabrício, Uberaba - MG, 38065-010 Telefone: (34) 3312-2050


Bar do Caixeta - Esquina da Rua Capitão Manoel Prata com a rua José de Alencar (demolido)


Bar do Dica, avenida Fernando Costa, 43 – Bairro: São Benedito (fechado)

Bar e restaurante Três Coroas - (fechado)

Bar Buraco da Onça, (fechado)

Bar do Yassu, Rua Tristão de Castro, 457 – Bairro: São Benedito, Uberaba – MG. (fechado)  

No inicio dos anos 60,frequentei, com muita assiduidade, um dos lugares mais de Uberaba e, como eu, quase que a cidade inteira: o bar e restaurante “ 3 Coroas”, na simpática Vila Maria Helena, rua Boa Esperança com Tenente Joaquim Rosa. “3 Coroas”, nome pomposo!

Coroa é símbolo de dinastia imperial e monárquica, pois até o luminoso da casa, mostrava 3 coroas imperiais superpostas uma a outra. Mas, porque “3 Coroas”?, era a curiosidade geral. Como teria originado o nome? Não me faço de rogado e prazerosamente, conto-lhes a história. O patriarca Abrahão Miguel e a esposa dona Helena, resolveram mudar-se de sua querida Veríssimo, vizinha ‘de grito” de Uberaba, aonde desde que vieram da Síria para o Brasil, “fincaram pé”e constituíram família. Família grande, diga-se. Muitas filhas e dois homens. Esses, logo casaram-se e “bateram asas” pelo mundo. Das moças, as mais velhas logo também casaram e as três “caçulas”, solteiras e inseparáveis e também inseparadas dos pais. Veríssimo estava ( como está te hoje), parada no tempo. A sorte seria tentada em cidade maior. Por que não Uberaba? Aqui, a família assentou barraca, trabalhando sempre.”Seo”Abrahão morreu. Anos depois, dona Helena. Restaram as 3 solteiras. Na portinha da casa, vendiam o “jogo do bicho”, uma verdurinhas, uma cervejinha, um “tira-gosto” e, eis que de repente, não mais que de repente, estavam as irmãs, Zaíra, Síria e Abadia, fazendo quibe assado, quibe frito, quibe “nie”, malfufe, ariche, “tirrine”, “mijadra”,pão sírio, churrasquinho e a freguesia aparecendo ao fim da tarde.

Um freguês conta para o amigo, que conta pro outro amigo, que leva outro amigo, que convida o terceiro amigo; uns levam os apetitosos aperitivos para casa e. logo, logo, a fama se espalhou; todo mundo querendo saber onde era a casa que vendia comida árabe. Solteironas convictas, educadas e alegres, além de super simpáticas até a raiz do cabelo, tratando a freguesia que aumentava dia a ia, com cortesia e delicadeza, além dos pratos de primeira qualidade, cerveja geladinha, “papo” dos melhores, a salinha foi se tornando pequena. Nildo Barroso, ia todo fim de tarde e levava os amigos.-“Vamos lá na Coroas”...”coroa”, todo mundo sabe , afetivamente, é a mulher de meia-idade e geralmente solteira. Não deu outra.-“Vamos lá nas Coroas?”-“Onde?””Nas 3 Coroas!”O nome “pegou” como cola de visgo.

No bar e restaurante, ficaram mais de 30 anos, recebendo bem a todos, brancos, negros, ricos, pobres, solteiro , casado, “tico tico no fubá”, namorados, as “ 3 Coroas” era sinônimo de encontro de amigos. Cansadas da labuta diuturna, passaram o comando aos sobrinhos, Samir, inicialmente e depois à Deladier e Tuffy Jr., dentistas que, sem deixarem a profissão,deram sequência, por algum tempo, ao grande amor d as “tias”:o Restaurante 3 Coroas” e o mesmo padrão de qualidade. As 3 coroas, foram descansar. Deus chamou-as para o seu reino. Primeiro, a Síria.Depois, a Zaira e por último, a “caçula” Abadia...Meus olhos estão marejados de saudade... com elas morreu o primeiro restaurante de comida árabe na sagrada terrinha... (Luiz Gonzaga de Oliveira)