Por volta de 1700, descobriu-se o ouro em Minas Gerais. A povoação do Brasil deixou de ser quase exclusiva das faixas litorâneas, estendendo-se rapidamente para a região das minas. A febre do ouro iniciava-se.
Nos seus primórdios, antes da chegada dos Bandeirantes paulistas, a região do “Sertão da Farinha Podre”, atual Triângulo Mineiro, era povoada por índios e quilombolas, negros fugidos do cativeiro.
Cidade de Uberaba - Foto Antônio Carlos Prata.
Com a descoberta de ouro na província de Goiás, e depois em Cuiabá, começaram os esforços para construir um caminho ligando São Paulo às minas goianas e matogrossenses. Foi entre 1722 e 1725 que os sertanistas paulistas, sob a liderança de Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o lendário Anhangüera, descobriram as minas de Goiás e, conseqüentemente, formaram-se arraiais e vilas naquela região. Esta estrada passava nas proximidades onde Uberaba surgiria.
Com a chegada do branco, os índios da região, não pacificamente, foram sendo expatriados ou “civilizados”, como convinha aos desbravadores. Aldeias de índios amistosos aos exploradores foram sendo instaladas, nas margens da estrada Anhanguera para segurança dos viajantes.
Transformações na economia mineradora de Minas Gerais, como a descoberta de ouro e diamantes no Sertão da Farinha Podre ( lugar conhecido como Desemboque), motivaram as imigrações para a região, principalmente daqueles que moravam nas imediações das vilas produtoras de ouro em plena decadência.
Desemboque exerceu importante função como centro de expansão populacional. Foi dali que saíram expedições que possibilitaram o surgimento das vilas de Araxá, Uberaba, Prata e Patrocínio entre outras.
A formação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba surgiu com a expansão das fronteiras de exploração a Oeste do Desemboque. Em 1812 o sertanista José Francisco de Azevedo instalou um pequeno núcleo colonial, nas cabeceiras do Ribeirão do Lajeado (dos Ribeiros). Este núcleo era formado por algumas cabanas, habitadas por colonizadores emigrados de Desemboque. Denominou-se, o local, Arraial da Capelinha.
Em 1809 o Sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira, obteve o título de Regente Geral, e Curador dos índios, do Sertão da Farinha Podre. Realizou duas entradas para explorar a região: uma em 1810 e outra em 1812. Estas expedições eram realizadas juntamente com alguns geralistas que procuravam lugares para estabelecer fazendas, atraídos pelas notícias de alta fertilidade das terras.
Algum tempo depois, por volta de 1816, Major Eustáquio construiu uma casa de morada, na margem do Córrego das Lages, imediações da Estrada de Anhanguera e, cerca de três quilômetros dali, córrego acima, ainda à margem esquerda, construiu um retiro para suas criações, que deu origem ao lugar conhecido por Paragem de Santo Antônio.
A partir da construção deste retiro, moradores do Arraial da Capelinha, e de outros lugares próximos, migraram para aquele novo sítio. Esse foi o núcleo que originou a cidade de Uberaba. O arraial cresceu rapidamente. O comércio foi se firmando, as fazendas tomando importância, a vida social e econômica se configurou.
Nos anos 1990, historiadores do Arquivo Público de Uberaba, buscando atender reivindicações para mudança da data de aniversário da cidade em 2 de mao, que coincidia com o Dia do Trabalhador no dia 1º e Inauguração da Expozebu no dia 3, gerando transtornos ao comércio devido ao feriado prolongado. Pesquisas foram realizadas para identificar outra data de relevância histórica.
Chegou-se ao dia 2 de março, data do decreto régio que estabeleceu a criação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, em 1820.
Este foi um breve relato das origens de nossa cidade.
Parabéns para os uberabenses que ao longo dos anos vem cumprido sua cidadania, preservando os valores culturais de nossa terra, lutando por uma cidade que ofereça a cada dia, melhores condições de vida aos seus habitantes.
Comemorar os 202 anos é uma forma de reafirmamos nossa memória, nossa identidade histórica. Oportunidade para congratular a todos sem distinção, em qualquer tempo, que em seu cotidiano, muitas vezes sem perceber, tecem a trama da história. Vale a pena comemorar, não vale?
Parabéns Uberaba! Parabéns uberabenses! Parabéns por sua história, cultura e beleza.
Luciana Maluf Vilela
Historiadora