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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O CARRO ‘” BERERÊ “

Como surgiu a história do “be-rê-rê”, aquele carro fúnebre, que causava arrepios e, antigamente, era o horror da molecada, principalmente quando falecia alguém da família?
Na minha infância (oh! Que saudade tenho...)no meu querido Cassú, onde era difícil morrer gente, quando isso acontecia, era um Deus nos acuda ! As mães, claro, queriam proteger os filhos à presenciar cenas tão doloridas e saudosas. Afinal, cristalina verdade, até hoje, o falecimento de um ente querido, o cortejo fúnebre, a despedida dos familiares,o choro e as lágrimas incontidas, são lembranças que, dificilmente, se apagam da memória das crianças. Antigamente,na funerária, tinha vários “be-re-rês”. Branco, rosa, roxo, preto...A cada cor do “be-re-rê”, correspondia ao sexo e a idade do falecido. Então, vou contar-lhes o “porquê” dessa palavra tão feia, esquisita, que, na minha infância, causava tanto medo!
A palavra “be-re-rê”, por incrível que pareça, (muitos podem até não acreditar)foi criada aqui na santa terrinha, a nossa querida Uberaba ! Contou-me o saudoso e sempre lembrado amigo Bilula Pagliaro, a palavra “be-re-rê”surgiu de uma brincadeira de família. É que os carros funerários tinham uma buzina, se não muito estridente, pelo menos bem marcante. Toda vez que ia virar uma esquina ou mesmo chamar a atenção das pessoas que acompanhavam o sepultamento, a viatura com o caixão fúnebre passando rumo ao cemitério, o motorista acionava a buzina do carro e o som de “taquara rachada”, saia assim:”be-be-be-rê-rê-rê-rê”, da buzina ligeiramente estragada e o som,
espalhafatosamente, fanhoso... Aquele som espantava a meninada e chamava a atenção dos adultos. Com o passar do tempo, toda vez que ia chegando o carro fúnebre ( já nesse período carro motorizado ), primeiro a molecada e depois os “grandões”, logo diziam: -“tá chegando o be-be-rê-rê-rê”. Com isso o apelido do carro fúnebre “pegou: “bererê prá cá, bererê prá lá e, enquanto rodou, transportando mortos, o carro ganhou esse horrendo apelido:” bererê”. Fato interessante contou-me o Bilula Pagliaro, o termo tornou-se nacionalmente conhecido e até citado no programa “Paulo Roberto”, famosíssimo na outrora badalada Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, na década de 50. Momento “sui generis” aconteceu numa noite desse programa (chamava-se “Nada alem de um minuto”). Programa de auditório muito em moda à època,o apresentador perguntou o que queria dizer “ bererê”. Uma voz surgiu no fundo do auditório e, dedo prá cima, gritou:-“eu sei”. Naturalmente além da resposta certa,explicou para o Brasil inteiro a origem da palavra.Era o então jovem Evandro Pereira Leitão, irmão do saudoso Erli Leitão, recebendo como prêmio uma nota de “cinqüenta mil réis” de Paulo Roberto...
Na sequência, conto-lhes algumas passagens especialíssimas e impressionantes em que defunto levanta do caixão e deixa em polvorosa as suas famílias...


Luiz Gonzaga de Oliveira