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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

NENÊ MAMÁ ERA DE UMA FIDELIDADE CANINA AOS SEUS AMIGOS

Nenê Mamá era de uma fidelidade canina aos seus amigos. Certa ocasião, atendendo ao apelo do amigo Artur Teixeira, candidato à prefeito, aceitou pleitear à vereança municipal, segundo ele, pelo “PSD veio de guerra”, como costumava dizer. Distribuiu panfletos, entregou “santinhos”, visitou amigos(as), fez discurso, onde pudesse apresentar seu nome. A campanha municipal pegando fogo. Celso Rodrigues da Cunha e Jorge Furtado, disputavam com Artur Teixeira, palmo a palmo, o voto dos uberabenses. Campanha acirrada. Xingatório daqui, resposta de lá; denúncia de cá, revide do outro lado, coisas próprias dos embates políticos. Oradores brilhantes não faltavam nos palanques. A tradição familiar do grupo da UDN, o discurso progressista do PTB, a maneira mineira de fazer política, davam a tônica da campanha. A fala erudita da “eterna vigilância”(UDN), o tom agressivo dos trabalhistas (PTB) e o discurso moderador , coluna do meio,dos pessedistas(PSD), a campanha entrou na sua reta final. Finalzinho de setembro. Grandioso comício marcado para a Abadia, maior contingente eleitoral da cidade, mas, o mais carente em melhorias. Poucas ruas calçadas, esgoto a céu aberto, iluminação super precária, água de cisterna e outras carências da periferia urbana. PSD em peso no caminhão. Artur Teixeira, José Bilharinho, Rafael Angotti, Álvaro Barra Pontes, Nagib Cecilio, Lauro Fontoura, Ranulfo Borges e outros “caciques” do partido. A praça da Abadia, apinhada de gente. Primeiros discursos dos candidatos a vereador, entre eles, Nenê Mamá. Araudio Pereira Melo, o saudoso Xin, apresentador oficial dos comícios do PSD, preparava para anunciar o nosso Nenê, que cochichou ao ouvido do amigo: -“Capricha na minha apresentação, ta?”.Xin, caprichou. Falou do grande desportista, do diretor do USC., do rei Momo que ele representava e outros adjetivos mais.Aplaudido, Nenê começou o discurso:
-Povo querido da minha Abadia! Quero ajudar a acabar com o sofrimento de vocês! Vou fazer algumas perguntas e quero respostas ultra sinceras
– Vocês tem água encanada aqui?
O povão a uma só voz:
Não!
Vocês tem energia elétrica para iluminar suas casas?
O povão:
-Não
-Tem ruas calçadas ?
-Não!
Tem esgoto?
-Não!
Nenê Mamá não se conteve e soltou a frase lapidar da sua vida:
-E por que ‘oceis num muda daqui, cambada !”
Depois do comício, o PSD agradeceu a “colaboração” do Nenê e retirou-lhe a candidatura….
À propósito, Artur Teixeira, ganhou as eleições e foi prefeito por quatro anos…



Luiz Gonzaga de Oliveira

A “VELHA GUARDA” DA POLÍTICA UBERABENSE

Espero que tenham passado uma alegre noite de passagem de ano.Merecem.Hoje, uma historinha política-familiar. A “velha guarda” da política uberabense, Décadas de 50|60, era dominada pelo PSD “veio de guerra”, conforme afirmavam seus dirigentes. “Pululavam “ estrelas do pessedismo, João Laterza, José Soares Bilharinho.Álvaro Barra Pontes, Mizael Borges. Lauro Fontoura, Antônio Sabino de Freitas, Artur Teixeira, João Henrique Vieira da Silva e, como presidente, o “coronel” Ranulfo Borges do Nascimento. Na UDN, nomes famosos também se pontificavam :José Humberto Rodrigues da Cunha, seus irmãos Celso e João Gilberto, Randolfo Borges Júnior, Bruno Oliveira Júnior e outros mais. No PTB, Mário Palmério, Hélio Angotti, Ivo Monti. Roberval Alcebíades Ferreira, Silvério Cartafina Filho, Jorge Furtado, eram as principais figuras. No PSP, Boulanger Pucci, Antônio Próspero, José Pedro Fernandes e Antônio Alberto de Oliveira, os principais nomes. Conciliador, matreirice política mineira, o PSD, mandava no Brasil. JK. Benedito Valadares, Tancredo Neves, Alkimin, Otacilio Negrão de Lima, eram os donos da República. Em Uberaba não se fazia nada, sem consultar o “coronel” Ranulfo… O filho, Joaquim Roberto Leão Borges, foi deputado estadual enquanto quis. As 2 filhas moravam nos EE.UU. e pouco vinham a cidade.Quando vinham visitar os pais, era um tormento.Era um tal de “papi”,”mami”, “boy”, “friend”, encabulando o velho Ranulfo. Não acostumado ao “modus vivendi” das filhas, não entendia nada do seu linguajar. Certa tarde, refastelado na sua poltrona favorita na casa onde morava à praça Santa Terezinha, cigarro de palha no canto da boca, pensando no comício de amanhã, uma das filhas, toda alegre, acerca-se do pai e, em tom carinhoso, pergunta: -“Papi whos Ellen?” Ele não entendeu nadica. A filha falou em portugês:- “onde está a Helena?” O “Coronel” apenas pigarreou:”saiu com a kit” ,
Quem não entendeu foi a filha –“que kit,papi?” . Ranulfo , levantou a perna da cadeira, deu uma bela baforada no inseparável cigarro de palha e respondeu;” A que ti pariu,filha”. E continua a matutar no comício que o PSD realizaria no outro dia na praça das “promessas”…

Luiz Gonzaga de Oliveira

domingo, 1 de janeiro de 2017

HOJE, O “CAUSO” É INTERNACIONAL…

O médico Antônio Sabino de Freitas Júnior, educado, competente e muito simpático, além da profissão inicial, dividia-se como gerente da única – até então – gerência da Caixa Econômica Federal – onde aposentou-se – e a presidência do Uberaba Tênis Clube. Membro atuante do PSD, “véio de guerra”, sua filha residindo em Miami (EE.UU.), comprou um carro último modelo e precisava trazê-lo para o Brasil e, mais propriamente, para Uberaba. Documentação emperrada, burocracia mais ainda, estava difícil regularizar a papelada, além de outros impedimentos legais. Dr,Antônio Sabino recorreu ao amigo e correligionário, prefeito Artur Teixeira, de quem Nenê Mamá, era motorista. Conhecendo as matreirices e competência do amigo, pediu-lhe que “entrasse no circuito”, tentasse resolver a situação e trouxesse o carro para o Brasil.
Dinheiro no bolso, lá se vai Nenê Mamá. Primeiro, no Rio de Janeiro, onde afirmava “ter amigos prá quebrar qualquer galho”. Depois, era tirar o passaporte, avião, Miami e …trazer o carro. Nenê, sempre teve uma filosofia muito prática e própria “dinheiro é como azeite; onde passa, tudo amolece”, Sem falar um “ok” em inglês, mas com dólares no bolso, nosso herói está em Miami…
“- Foram 10 dias de muito sofrimento”, lembrava sempre. –“Com fome eu fazia gestos com as mãos e a boca, mostrava o dólar e eles me davam um “hot-dog”. Dava sede, a mesma coisa”.
Passado período, conseguiu regularizar a documentação, “louco” de vontade em retornar ao Brasil. Malas prontas, no elevador do hotel onde estava hospedado, Nenê Mamá percebeu, constrangido, uma senhora de meia idade, a fitá-lo com insistência. Por todo lado que se mexia, a mulher não tirava os olhos dele. “Saco cheio”, contou depois, não se conteve e soltou num bom português:
-“Véia feia, chata, enjoada, nojenta, manqueba, que será que ta me olhando assim, uai”.
A mulher arregalou os olhos de espanto e num misto de decepção e surpresa, respondeu:
-“O senhor e muito mal educado, viu? Sou brasileira, de Ribeirão Preto e conheço o senhor lá de Uberaba”…
Nada mais foi dito e nem lhe perguntado…. 


Luiz Gonzaga de Oliveira