Uma canastra, poucos pertences, um mosquete por arma de caça e defesa, uma mula, as vezes um carroção, era o possível aos que ousavam. E tinham muito chão pela frente. Muitas vezes abrindo espaço à facão e enfrentando índios sempre à espreita. Era preciso coragem e precaução. Deixar roçado na retaguarda, amoitar viveres pelo caminho, pois era incerto o retorno. Um fardo de farinha assim depositado mofou, apodreceu e o lugar ficou conhecido por “Sertão da Farinha Podre”.
Foi assim que muitos vieram dar no Desemboque, então próspero vilarejo. Todos em busca de riquezas, captura índios para o árduo trabalho ou para catequese.
Imagens: 1 - Estátua de Major Estáquio; 2 - Rua em 1930
- Uberaba em Fotos; 3 - Rua como vista hoje - Google.
Munido desse intuito e propósito foi que o sargento mor Antonio Eustaquio da Silva, aos 51 anos de idade, resolveu embrenhar-se pelo sertão. E o fez depois de oficialmente designado pelo Marquês de São João de Palma (Portaria 27/10/1809), digno governador da Província e Julgado, maior autoridade à época.
Isso ocorreu em início de julho de 1810. Juntou ele provisões e gêneros. Formou bandeira de 30 homens e empreendeu a sua longa jornada. Dois anos depois, em 1812, vieram ter em local aprazível, às margens do Rio Uberaba, junto à estrada de Goiás e onde ele edificou sua primeira residência (hoje Fazenda Modelo). Bem ali iria florecer uma grande cidade que em apenas 8 anos já contaria com 1.300 habitantes. O resto é história.
Prestando honras ao pioneiro e fundador dessa cidade uma estátua sua foi plantada bem na Praça Rui Barbosa. Pertinho dali um logradouro leva o seu nome: Rua Major (maior) Eustáquio, que eu, parodiando trovinha popular, ousaria assim louvar:
Se essa rua, se essa rua fosse minha
Eu mandava eu mandava lajotar
Para honrar e melhor prestigiar
A memória do fundador do lugar
Moacir Silveira