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terça-feira, 1 de março de 2022

CONHECER PARA AMAR! UBERABA 202 ANOS

Por volta de 1700, descobriu-se o ouro em Minas Gerais. A povoação do Brasil deixou de ser quase exclusiva das faixas litorâneas, estendendo-se rapidamente para a região das minas. A febre do ouro iniciava-se.
Nos seus primórdios, antes da chegada dos Bandeirantes paulistas, a região do “Sertão da Farinha Podre”, atual Triângulo Mineiro, era povoada por índios e quilombolas, negros fugidos do cativeiro.

Cidade de Uberaba - Foto Antônio Carlos Prata.

Com a descoberta de ouro na província de Goiás, e depois em Cuiabá, começaram os esforços para construir um caminho ligando São Paulo às minas goianas e matogrossenses. Foi entre 1722 e 1725 que os sertanistas paulistas, sob a liderança de Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o lendário Anhangüera, descobriram as minas de Goiás e, conseqüentemente, formaram-se arraiais e vilas naquela região. Esta estrada passava nas proximidades onde Uberaba surgiria.

Com a chegada do branco, os índios da região, não pacificamente, foram sendo expatriados ou “civilizados”, como convinha aos desbravadores. Aldeias de índios amistosos aos exploradores foram sendo instaladas, nas margens da estrada Anhanguera para segurança dos viajantes.
Transformações na economia mineradora de Minas Gerais, como a descoberta de ouro e diamantes no Sertão da Farinha Podre ( lugar conhecido como Desemboque), motivaram as imigrações para a região, principalmente daqueles que moravam nas imediações das vilas produtoras de ouro em plena decadência.

Desemboque exerceu importante função como centro de expansão populacional. Foi dali que saíram expedições que possibilitaram o surgimento das vilas de Araxá, Uberaba, Prata e Patrocínio entre outras.

A formação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba surgiu com a expansão das fronteiras de exploração a Oeste do Desemboque. Em 1812 o sertanista José Francisco de Azevedo instalou um pequeno núcleo colonial, nas cabeceiras do Ribeirão do Lajeado (dos Ribeiros). Este núcleo era formado por algumas cabanas, habitadas por colonizadores emigrados de Desemboque. Denominou-se, o local, Arraial da Capelinha.

Em 1809 o Sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira, obteve o título de Regente Geral, e Curador dos índios, do Sertão da Farinha Podre. Realizou duas entradas para explorar a região: uma em 1810 e outra em 1812. Estas expedições eram realizadas juntamente com alguns geralistas que procuravam lugares para estabelecer fazendas, atraídos pelas notícias de alta fertilidade das terras.

Algum tempo depois, por volta de 1816, Major Eustáquio construiu uma casa de morada, na margem do Córrego das Lages, imediações da Estrada de Anhanguera e, cerca de três quilômetros dali, córrego acima, ainda à margem esquerda, construiu um retiro para suas criações, que deu origem ao lugar conhecido por Paragem de Santo Antônio.

A partir da construção deste retiro, moradores do Arraial da Capelinha, e de outros lugares próximos, migraram para aquele novo sítio. Esse foi o núcleo que originou a cidade de Uberaba. O arraial cresceu rapidamente. O comércio foi se firmando, as fazendas tomando importância, a vida social e econômica se configurou.

Nos anos 1990, historiadores do Arquivo Público de Uberaba, buscando atender reivindicações para mudança da data de aniversário da cidade em 2 de mao, que coincidia com o Dia do Trabalhador no dia 1º e Inauguração da Expozebu no dia 3, gerando transtornos ao comércio devido ao feriado prolongado. Pesquisas foram realizadas para identificar outra data de relevância histórica.

Chegou-se ao dia 2 de março, data do decreto régio que estabeleceu a criação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, em 1820.
Este foi um breve relato das origens de nossa cidade.

Parabéns para os uberabenses que ao longo dos anos vem cumprido sua cidadania, preservando os valores culturais de nossa terra, lutando por uma cidade que ofereça a cada dia, melhores condições de vida aos seus habitantes.

Comemorar os 202 anos é uma forma de reafirmamos nossa memória, nossa identidade histórica. Oportunidade para congratular a todos sem distinção, em qualquer tempo, que em seu cotidiano, muitas vezes sem perceber, tecem a trama da história. Vale a pena comemorar, não vale?

Parabéns Uberaba! Parabéns uberabenses! Parabéns por sua história, cultura e beleza.


Luciana Maluf Vilela
Historiadora

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Anhanguera

Anhanguera foi um bandeirante paulista, um dos primeiros a explorar o Brasil Central, no século XVII. Aspirando encontrar ouro no sertão goiano, organizou uma bandeira e partiu para lá em 1682. Com grande caravana e acompanhado de seu filho, que tinha apenas 10 anos de idade, partiu para a exploração.

Conta a lenda que Bartolomeu Bueno da Silva, procurava as ambicionadas minas de ouro, quando se deparou com índios da tribo Goiá, que impediram a entrada da bandeira em seu território. Percebendo que as índias estavam adornadas com ouro, tiveram certeza que ali era o local da mina. Teve a ideia de encher uma pequena vasilha de aguardente e tocar fogo. Os índios acreditaram que a água estava pegando fogo, e diante da ameaça do bandeirante de queimar os rios, os indígenas renderam-se. Não só permitiram a entrada dos exploradores em seus territórios, como ainda lhes revelaram a localização da mina. Bartolomeu Bueno da Silva recebeu dos índios o apelido de "Anhanguera", que significa "Diabo Velho" ou "Espírito Maligno".

Anhanguera (1672-1740) o filho de Bartolomeu Bueno, que nasceu em Parnaíba, no vale do rio Tietê, São Paulo, estava estabelecido em Sabará, onde em 1701 foi nomeado assistente do distrito. A medida que aumentava a exploração de ouro em Sabará e consquentemente a remessa para a metrópole, crescia também o número de exploradores. Vários conflito surgiram na região. Em 1720 foi oficializada a independência de Minas Gerais e os paulistas procuraram outras zonas de mineração.

Com o incentivo e permissão do rei D.João V, Anhanguera e os sócios, João Leite da Silva Ortiz e Domingos Rodrigues do Prado, assinaram em 14 de fevereiro de 1720, um contrato para procurar as minas nas terras de Goiás, onde seu pai já havia encontrado ouro. Em troca do trabalho, lhe foi concedido o direito de cobrar uma taxa sobre a passagem nos rios que conduzissem às minas goianas.

Além do contrato, os bandeirantes receberam um regimento que seria a "lei" nas suas andanças pelo sertão. O regimento era tão amplo que serviu de base para a organização do governo de Goiás. Passou três anos explorando a região em busca da serra dos Martírios, mas finalmente encontrou ouro no rio Vermelho.

A história da cidade de Goiás ou Goiás Velho, começou depois das descobertas, quando em 1726, Anhanguera nomeado capitão-mor, por D.João V, fundou o arraial de Sant'Ana. Em 1739 fundou o arraial Vila Boa de Goiás, hoje Goiás Velho.

Acusado de sonegação de impostos, Anhanguera foi perdendo o prestígio e por fim o cargo de capitão-mor.



Fonte:Biografia de Anhanguera

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

DESEMBOQUE

SERTÃO DA FARINHA PODRE, fato curioso e folclórico que marcou para sempre estas paragens, um saco de farinha deixado como reserva para a volta de uma expedição exploradora por volta dos finais do séc. XVII ou início do séc. XVIII, que encontrado estragado, tornou conhecida esta grande mesopotâmia hoje nosso Triângulo Mineiro. Compreendia terras férteis e numerosos e caudalosos cursos d’água, onde vislumbrava-se promessa de muitas riquezas através dos metais e pedras preciosas, habitada por diversas tribos indígenas e grandes e resistentes quilombos.
“Entre os diversos povos indígenas que habitavam essa região citam-se os Bororo, Pareci, Karajá, Araxá e, principalmente os Kaiapó, que maior resistência ofereceu à colonização. Esses povos Kaiapó, classificados por Darcy Ribeiro como meridionais, eram de família Jê e se dividiam em numerosas tribos, ocupando um vasto território denominado Caiapônia.” (Ribeiro, Darcy in Século 30. 1989).
Nas primeiras décadas do século XVIII, descobriu-se o ouro Goiano e, já em 1722, estava aberta a estrada que ficou conhecida pelo nome de Anhanguera, por ter sido este bandeirante um dos primeiros a penetrar aquelas remotas paragens. O caminho abre espaço para o afluxo de levas de aventureiros, atraídos pela possibilidade da riqueza fácil propiciada pela posse do precioso metal. (PONTES, 1970)
Afamados sertanistas trilharam tais caminhos, a exemplo de Antônio Pires de Campos, cujo nome se liga a descoberta da região. Já em 1718 esses bandeirantes atingiram o Rio Cuiabá, no Mato Grosso, em expedição de caça aos índios, com ele empreendendo grandes combates e tentativas de organização e controle de aldeias.
Outro famoso bandeirante, Bartolomeu Bueno da Silva, o filho de Anhanguera, atravessara o Jeticaí (Rio Grande), fazendo escala pela Ilha da Espinha, e alcançando as terras da Farinha Podre, em território Kaiapó, transpõe o vau do roncador, no Uberaba legítimo, em direção ao Rio das Abelhas, costeia a picada de Goiás Paulista, atingindo o Rio das Pedras, e daí o Paranaíba. (PONTES, 1970)
A exploração efetiva do território, porém, somente se deu a partir de meados do século XVIII. A fixação do Arraial de Nossa Senhora do Desterro das cabeceiras do Rio das Velhas, (atual Rio Araguari), desempenha papel capital nesse processo, tendo resultado do assentamento de colonizadores e exploradores provenientes, principalmente, da Capitania de Minas.
A povoação constituiu o grande pólo irradiador de expedições colonizadoras para toda extensão da Farinha Podre e seu surgimento ligou-se não somente à exploração de ouro e diamantes ali encontrados, mas também a necessidade de um ponto estratégico que facilitasse a ligação e o comércio com a capitania de Goiás.
Distrito de Desemboque em 1966, (Matriz de N. Sra do Desterro).
Fotografia do acervo de Jorge Alberto Nabut
(Arquivo Público de Uberaba)