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domingo, 26 de março de 2023

RESTAURANTE TABU

Chin Ichiro Kikuichi, veio para o Brasil, em 26/9/1933, quando ainda garoto, tinha pouco mais de 10 anos. Foi em Pedregulho, SP, que ele conheceu Olívia Peroni (Zica), com quem deu início a uma inocente amizade, mais tarde paixão amorosa e, finalmente, união duradoura pelos vínculos do matrimônio. Mas ao contrariar a tradição japonesa, casando-se com uma brasileira, foi deserdado pelo pai e obrigado a seguir caminho por sua própria conta e risco. Vieram então para Uberaba, MG, o jovem casal e filhos Imiuce, Nivaldo, Waldir e José Francisco.

Imagens: fotos de cima para baixo e da esquerda para a direita: Olívia, Chin, Imiuce, 
Nivaldo, Waldir e José Francisco, Leandro, Jussara e Adriano (acervo de Waldir Kikuichi)

Quando aqui chegaram o restaurante já existia. Fora inaugurado em 1942 pelo comerciante Omar Andrade Rodrigues. O nome Tabu fora copiado de uma casa similar, existente no Largo do Paissandu e ao lado do Café Caipira, na Av. São João, São Paulo, SP.Em 1960, Chin e seu irmão Yassu passaram a figurar como sócios dos então proprietários Shinosuk Ito e Einosuk Ito (Antonio). Em 1963, ambos chegaram a deixar a sociedade para abrirem negócio próprio. A partir de 1969, Chin retoma com exclusividade o controle do restaurante, dando início ao seu período de maior fama e prestígio, pois muito frequentado por intelectuais, estudantes, notívagos, boêmios, jornalistas, políticos e artistas de todo o Brasil.

No cardápio: o suculento filé a cavalo e o tradicional sanduíche de pernil fizeram sua fama, mas o rei e cantor Roberto Carlos, quando por aqui passava, tinha por preferido o saboroso frango ao molho pardo, outra especialidade da casa.

Em 1981, com o falecimento do mestre Chin, o restaurante chegou a fechar suas portas, voltando a reabri-las, sob o comando de seus filhos Waldir e Nivaldo Kikuichi, sete anos depois, em 1988.

O Restaurante Tabu continua honrando a tradição de bem servir, só que agora em novo endereço: Av. Francisco Pagliaro, 299, São Benedito, mas sob o comando da terceira geração da família, ou seja, por Jussara Daher e dos filhos dela com Waldir Kikuichi, Leandro e Adriano, netos do saudoso Shin do Tabu.

E para o conhecimento dessa e das futuras gerações é que faço esse registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.

Moacir Silveira



História de Uberaba




terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O tradicionalismo das famílias em Uberaba

(Nada de novo surgirá na política se escolhermos sempre os mesmos...)

SÁBIO CONSELHO


O tradicionalismo das famílias em Uberaba, merece elogios. Estamos acostumados a reverenciar tradições. Respeitar dogmas, costumes, tudo que não fira ou atropele as famílias que tem na tradição, o seu maior tesouro. Uberaba, conhecem, é modelo nesse quesito. A ser apresentado a um respeitado “figurão” da terrinha, o jovem recebe, de cara, a indefectível pergunta:- “ Você é filho de quem ? A que família pertence ?”. Se o garoto tem raízes tradicionais, desfila o seu “ rosário” familiar . Se não pertencer a um dos clãs da cidade...

Estou a recordar uma família libanesa que chegou a Uberaba na metade dos anos 40, do século passado. A família Zaidan, ”seo” Habib, dona Salma e os filhos, Salim, João, Elias, Ramza, Jorge e Farah. Uma pequena estada em São Benedito da Cachoeirinha, se estabeleceu na doce e simpática Ituverava, paixão, até hoje, da exemplar família. O “velho” Habib, sabedoria árabe , notável experiência de vida, escolheu, com a aquiescência da família, transferir domicilio. A cidade escolhida, Uberaba, totalmente desconhecida dos filhos.

O natural desejo de crescimento, educação para os filhos , oportunidade de trabalho e estabilidade financeira, foram determinantes à mudança de vida, amigos e parentes que lá deixaram. Rua Vigário Silva, primeira morada . “Seo” Habib, experiente, pesquisou, sondou, maneiras, modo de vida e conduta dos uberabenses. Queria conhecer o comportamento, a tradição tão comentada dos uberabenses.

Certa tarde, reuniu os filhos na enorme sala de jantar. Com gestos, palavras e conselhos da milenar sabedoria árabe, foi falando:- “Filhos meus, estamos em terra estranha. Gente boa , mas, todo cuidado é pouco. Não quero ver e nem ouvir dizer, envolvido em nenhum tipo de briga. Uberaba, tem muita tradição familiar . É preciso ter muito cuidado com o que escreve, fala, discute, negocia. Afaste de qualquer desavença. Uberaba que escolhemos para morar, é´muito acolhedora. As famílias são muito ligadas”. Jorge, o filho do meio, quis saber mais detalhes. “Seo” Habib, continuou:

-“Filho meu, toma nota. Rodrigues da Cunha, é primo dos Borges. Borges, é cunhado dos Prata .Prata é casado com Oliveira, descendente dos Pena, aparentados dos Oliveira. Oliveira, casado com Marinho, aparentado dos Sabino, primo-irmão dos Freitas. Freitas é afilhado dos Adriano. Adriano é da família dos Machado.  tem filhos casados com os Rodrigues da Cunha e laços de parentesco com os Soares Azevedo, muito ligados aos Pontes...

Os ensinamentos e conselhos , dizia sempre o Elias Zaidan, “solteirão” da família, calhou de muita utilidade à família. Jamais um Zaidan, teve problema. Exceto João e Ramza, os outros casaram-se na terrinha e aqui fincaram raízes. Perpetuaram suas vidas incorporadas à santa terra . Os irmãos Zaidan, me adotaram como “irmão” que muito me honra e orgulha . Eles deixaram um legado de trabalho, seriedade e honradez.


(Luiz Gonzaga de Oliveira)


Cidade de Uberaba