Nunca vi um ogro. Nem sequer sei como é. Disseram-me que é um monstro. Tenho muitas saudades de um velho amigo meu. Uma vez, pescando com ele, me contou que tinha visto dois. Estavam sentadinhos num galho de laranjeira, dando risadas. Rindo de nós. Aquele amigo meu não mentia. Se disse que viu é porque viu. Talvez estivesse me contando um sonho. Quem sabe estava brincando?
Quando criança, sentia muito medo desse monstro. Diziam-me que era o bicho mais sanguinário que existia sobre a face da terra. Matava só pelo gosto de matar. De uns dias para cá passei a acreditar que eles existem. São dois. Um em cada país. Um deles dizendo que vai destruir o outro e vice-versa. São os salvadores do mundo. Os ogros civilizados. Um deles está por toda parte. Até na floresta amazônica você o encontra vestido de cientista e distribuindo Bíblias, demarcando áreas onde se encontram plantas medicinais. De GPS na mão, envia para seu país os mapas do que lhe interessa. Lá, não mata ninguém. Só rouba nossas riquezas em nome do Senhor. Acredita piamente que tem a missão sagrada de salvar o mundo. Acredita piamente ser o defensor da democracia, da liberdade, dos direitos humanos. Disse Umberto Eco que há cheiro dele em todos os aeroportos do mundo. Está tudo sob controle. Outro está na Ásia. É baixinho, gordinho e ameaça meio mundo. É muito valente.
Há poucos dias queimaram o Alcorão em praça pública. Esse livro é o Livro Sagrado dos muçulmanos. É o livro ditado pelo Anjo Gabriel ao Profeta Muhammad. Já refletiram no que iria acontecer se queimassem a Bíblia em frente à Casa Branca?
A conclusão de tudo isso é que a violência cresce cada vez mais. Já pensaram se aquele gordinho lá da Coreia do Norte conseguir criar a bomba atômica? Disse agora, em 2018, que tem um botão não sei onde e que é só apertar, jogará uma bomba em qualquer lugar dos Estados Unidos. O outro ogro disse que também ele tem um botão e vai retaliar. Será o fim. Estou quase acreditando na profecia dos Maias. Não chegaremos ao ano três mil. Tenho medo desses dois ogros. Nesses dois malucos, eu acredito.
(*) PADRE PRATA