A
simpática e sempre acolhedora Água Comprida, completou 60 anos de emancipação
política. Antes , pertencia a Uberaba. Às margens do rio Grande, a cidade
sempre foi celeiro de bons políticos. Álvaro Barra Pontes, Clóvis Prata,
Cleveland Prata e o sempre lembrado médico, dr. Cláudio Moreira de Almeida,
prefeito quantas vezes quis, da gostosa cidade. Tempos depois da instalação da
comarca, os políticos locais pleitearam a criação do posto policial. Foram
designados, depois da força política que tinham com o governo do Estado, para a
segurança do novo município, um Delegado “calça-curta” (desses nomeado sem
concurso) e um escrivão. Cidade pequena, povo ordeiro. Os dois passavam dias e
dias sem que houvesse uma ocorrência sequer. A ordem era pescar, caçar, pegar
passarinho, dormir e, de resto, um papo sadio na única barbearia da cidade.
Cidade calma, poucos carros, ruas sem calçamento, bailes só os familiares e
nenhuma “bronca”. A calma era tanta que os policiais se esqueceram de como era
redigir uma “ocorrência policial”. Só que no dezembro de 58, “o bicho pegou”.
Numa chacrinha nos arredores da cidade, aparece morto um cabrito gordo, bem
criado e de muita estimação do “seo”Zeca Jesuino. O fato causou “auê” na cidade
e dado parte na Delegacia. Procura daqui, procura Dalí, pergunta um, pergunta
outro e nada de aparecer o autor da façanha. Como a ocorrência teria que ser
remetida para a Regional de Uberaba. O escrivão, eufórico pelo primeiro caso
acontecido na cidade, relata, pormenorizadamente, o boletim , afirmando “ até
agora não conseguimos descobrir o autor do cabrecidio”. O delegado que confiava
muito no escrivão. Assinou a ocorrência. Desnecessário dizer que o
“calça-curta” e o escrivão, ficaram um bom tempo na “geladeira”, conforme o
jargão policial. O certo é que, passado tantos anos,não se conhece, até hoje, o
autor do “cabrecidio”.
O
delegado “calça-curta” formou-se em Direito, tornou-se Delegado de verdade e,
atualmente, é um dos grandes nomes da Policia Civil do Estado…
Luiz Gonzaga de Oliveira