O que comentamos anteriormente não é exercício de futurologia e muito acontece não longe da santa terrinha. Aqui na nossa Uberaba, aonde aflora com intensidade tais disparates familiares, os episódios são corriqueiros.
Reflitamos sobre nossos filhos na escola. Escola, diga-se, que de alguns anos aos dias atuais,nada mais é um simples comércio de ensino , onde o saber , o ensinar de verdade, passam ao largo e, quando surge um mestre (professor)mais “duro”; os pais, ao invés de dar guarida e devido apoio a ele, saem na frente para reclamar ao dono da escola da “rigidez” da disciplina imposta , do excesso de matérias, dos exaustivos “ deveres de casa”, a dificuldade das provas... quando o “filhinho” não “passa” de ano,fato aliás, difícil de acontecer pelas facilidades que o ensino proporciona, vem a “bronca” familiar e vira um Deus nos acuda...
As crianças, desde o berço,aprendem a fazer tudo aquilo que desejam e surge o enfraquecimento materno-paternal: pais para não se sentirem “velhos”, serem chamados de “coroas”, procuram disputar com os filhos, a jovialidade que eles (pais)não tem mais. Mudam o corte de cabelo, a barba fica por fazer, furam as orelhas, vestem calças apertadinhas,tudo para igualarem-se aos filhos...
Noções de comportamento,formação de caráter,deixaram, há muito de existir.Por autêntica omissão dos pais, os filhos passam a ditar as regras de vivenciamento , onde eles mandam e os pais obedecem. A própria psicologia comete erros quando afirma que não se pode frustrar uma criança, embora toda educação seja um processo de repressão. Os pais que assim não procedem, estão “desprotegendo” os filhos e cavando suas próprias sepulturas. Não há necessidade de nenhuma repressão em forma de tirania, mas, sim, a repressão construtiva, aquela que ensina o caminho do bem e impede os desvios do mal. Caso contrário, estaremos estimulando ,deseducando, facilitando a vida dos nossos filhos , ao desvirtuamento de como se comportar. Aí, tristemente, estamos assistindo dentro de casa, o consumo de drogas, o aumento da prostituição infanto-juvenil, furtos e outras mazelas que, verdade seja dia, não cabe à policia resolver e sim à ação firme dos pais.
Nesses tempos dito modernos, os filhos sem orientação paterna,sem educação dos professores na escola, sem preparo para enfrentar a dura realidade “lá fora”, são as vitimas eternas de uma responsabilidade que faltou no próprio lar. Valho-me a propósito, com a devida vênia do saudoso Tião Carreiro,cantor e compositor dos bons da nossa vida sertaneja, quando cantou em prosa e verso, a música “A vaca foi pro brejo” e pinço algumas frases:
“Metade da mocidade está virando marginais; é um ando de serpentes, os mocinhos vão na frente, as mocinhas vão atrás...Mundo velho está perdido, já não endireita mais; os filhos de hoje em dia, não obedecem mais os pais...Pobre pai, pobre mãe,morrendo de trabalhar; deixa o “couro”(corpo)no serviço prá fazer o filho estudar, compra carros à prestação para o filho passear...Ouvi um filho dizer: -meu pai tem que gemer,não mandei ninguém casar...O filho parece rei, filha parece rainha, eles que mandam na casa e ninguém tira farinha...Terreiro que não tem galo, quem canta é frango e franguinha...Prá ver a filha formada, um grande amigo meu,o pão que o diabo amassou o pobre homem comeu... quando a filha se formou, foi só desgosto que deu.. agora quem vai embora sou eu...o pai banhado em pranto, o seu desgosto foi tanto, que o pobre velho morreu”...
Outros versos completam a canção sertaneja, mostrando a dura realidade da criação dos filhos, que termina :”estamos no fim do respeito,mundo velho não tem jeito, a vaca já foi pro brejo...”
Qualquer semelhança com muitos episódios que acontecem, diáriamente, no meio da sociedade da nossa santa terrinha, não é mera coincidência...
Luiz Gonzaga de Oliveira