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domingo, 14 de março de 2021

Solenidade de reinauguração do Ambulatório "Maria da Glória" na época, final dos anos 70

Solenidade de reinauguração do Ambulatório "Maria da Glória." (Foto Paulo Nogueira)

Presentes, o saudoso Dr. João Francisco Naves Junqueira, então Diretor da Faculdade, discursava, tendo a seu lado a partir da esquerda, o Dr. Jorge Chiree Jardim, o então prefeito, Silvério Cartafina, o radialista Geraldo Barbosa, o Dr. Jorge Furtado, de camisa vermelha e atrás do prefeito, o médico ortopedista Álvaro Lopes Cançado. 

terça-feira, 19 de junho de 2018

Álvaro Lopes Cançado, “Nariz”

NARIZ


Em tempos de Copa do Mundo, é bom lembrar que Uberaba teve um dos seus ilustres filhos como participante emérito do maior torneio de futebol do planeta. Nascido em Dores do Campo Formoso ( hoje, Campo Florido ), antigo distrito de Uberaba, Álvaro Lopes Cançado, “Nariz”, foi “dublê” de médico e jogador da seleção nacional, que disputou a competição em 1938, na Italia, caso único e inédito no cenário mundial do esporte. O Brasil, não tinha a menor estrutura e recursos na área médica desportiva. O pouco que existia ,deveu-se mais a curiosidade e a força de vontade de alguns dirigentes e a abnegação ímpar do jovem médico, Álvaro Lopes Cançado, “Nariz”, jogador do glorioso Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio de Janeiro , que, pela dupla missão, tornou-se mundialmente conhecido.

O garoto Álvaro, não queria ficar apenas na fazenda do pai, Afábio. Conhecer terras distantes , aumentar conhecimentos, aprender e estudar, ensinar os que precisavam de sua ajuda. Fisico privilegiado, atleta por natureza, o nariz ponteagudo, originou o apelido. “Beque dos bons, hoje, zagueiro, foi estudar no” Granbery”, de Juiz de Fora (MG) e jogar no Tupy, da cidade. Seu sonho era ser médico. Sonho concretizado quando ingressou na Medicina de B.H. e jogava pelo Atlético Mineiro, onde se destacou. Daí para o Botafogo, foi um “ pulo”. Era o que mais desejava. Jogar no clube do seu coração. 

No Rio, destacou-se e foi convocado para a seleção de 38. Exercendo a ortopedia, por razões pessoais ( a filha primogênita, Wanya, com necessidades especiais) , despertou-lhe o desejo de maior especialização. Responsabilizou-se pelo departamento médico da seleção, cabendo a “ Nariz”, ser o introdutor do primeiro departamento médico instalado no Brasil, no “ seu” Botafogo. O primeiro “ forno Bier” ( compressa de gelo e toalhas superquentes para apressar recuperação de contusões de atletas ) foi trazido por ele.

Sobre a copa de 38, uma curiosidade que poucos brasileiros jovens conhecem. Sua esposa, dona Olinda Magon Lopes Cançado, enfermeira formada, foi a sua grande parceira na seleção nacional. Tratou e curou inclusive, doenças venéreas ( gonorréia, cancro, etc.) de vários jogadores que viajaram com outras doenças e precárias situações de saúde. Da. Olinda, teve papel destacado ao lado do esposo, médico e jogador. Mulher de imenso valor.

Famoso e conhecido no mundo inteiro, convidado, proferiu palestras e conferências em várias universidade da Europa e Américas. No auge da carreira da medicina ortopédica, encerrado seu ciclo de jogador de futebol, preferiu retornar a Uberaba. Na terrinha, exerceu o melhor do seu profissionalismo, cumulando como Diretor da Faculdade Federal de Medicina do Triângulo Mineiro, hoje, Universidade Federal. 

Sua morte, até hoje, é lamentada. Seu tresloucado gesto, há mais de 30 anos, respeitado. Uberaba, precisa resgatar a memória de seus filhos ilustres. Infelizmente, não vi e nem tenho noticia, se lhe deram nome de rua, praça ou avenida na cidade que tanto amou. Desconheço se há registro em departamento da Federal de Medicina, homenageando o seu ex-Diretor... Nossos dirigentes atuais, tem memória muito curta ou são ignorantes em não conhecer o passado de homens que marcaram, com orgulho, a terra em que nasceram.

Luiz Gonzaga Oliveira