Quando educamos nossos filhos, nossos alunos, partimos sempre do pressuposto metafórico (didaticamente básico e simples), até mesmo para que eles entendam melhor: a liberdade é o dom maior do ser humano. Com ela, tudo podemos. Há caminhos que conduzem para o bem, há outros que conduzem para o mal, estes últimos, muitas vezes, por influências também maléficas. Em ambos os casos, virão as consequências compatíveis com os atos praticados.
No permeio, vem a questão do discernimento: fazer com que as crianças e os jovens, com o processo educativo tanto de casa quanto da escola, percebam com clareza quando estão praticando ações corretas, que devem ser seguidas, e quando estão abraçando as erradas, que devem ser abandonadas.
Quem tem filhos e alunos sabe que a tarefa não é fácil: como dizia o mestre Murilo, “educação é processo”, não acontece da noite para o dia. Mas a tarefa é dos educadores, no lar e nas escolas.
Quando ouço falar em vandalismo praticado por jovens, muitos deles esclarecidos, vem-me logo à mente a ideia do discernimento: confundiram-se as orientações. Algo ficou velado no processo educacional. E fica difícil reconhecer as causas.
Por que pichar um monumento histórico? Por que pichar paredes? Por que destruir o patrimônio público? Por que agredir o meio ambiente que, depois, se volta contra o homem? (Certa vez, presenciei, passando de carro, um ato que me deu repulsa: “um cidadão” levantou a tampa de bueiro para nele jogar o lixo que trazia nas mãos, em saquinho plástico).
Quanta energia desperdiçada pelos vândalos que se julgam heróis em comunidades estrábicas e distorcidas.
E fico pensando no outro lado: naqueles que, também em grupos engajados – aqui em Uberaba há trabalhos belíssimos, com pessoas admiráveis -, praticam o voluntariado em favor dos mais necessitados: nos hospitais, nos asilos, nas escolas de periferia, até nas ruas (lembro-me de Dom Benedito, quando Arcebispo de Uberaba, levando alimento para os moradores de rua, em seu carro, acompanhado por seminaristas, durante a noite).
Em atividades assim, além do carinho, das palavras benfazejas, há o suporte alimentar, tão necessário quando a saúde está abalada. Todos conhecemos o trabalho dos que levam alegria aos hospitais: palhaços, músicos, pessoas alegres tentando alegrar um ambiente triste.
Tudo se assenta na questão do discernimento: se eu tenho discernimento, sei com clareza o que posso ou não, devo ou não praticar. E, a partir daí, caminhar em direção, com alegria, sensibilidade, disposição e espírito fraterno, a atividades que auxiliem a sociedade em seus anseios: despender energias e boa vontade em favor de ações válidas, cristãs e enriquecedoras, mirando o outro. Vejam os belos exemplos de solidariedade nos atuais e lastimáveis casos das enchentes!
No mais, ficar por conta de depredar, de pichar monumentos e logradouros públicos e privados, desacatar a mãe-natureza, no mínimo exige um retorno às origens de determinados processos educacionais que, cambetas e tortos, necessitam tomar novos rumos.
5 de janeiro de 2014
Terezinha Hueb de Menezes