quinta-feira, 27 de março de 2025

UM PASSEIO PELO PASSADO

Na década de 1960, eu contava com os meus 8 anos de idade e estava na matinê, bem na fila da frente, junto aos meus amigos para assistir ao filme Tarzan. Nesse dia foi a maior festa.

Foto do acervo pessoal de José Querino Machado Filho, Prof. Kiko.

A grande sala do Cine Metrópole não era utilizada apenas para cinema. Era, também, usada como um centro de convenções na qual se desenvolvia a arte teatral e festas de formaturas.

 Lembro-me ainda antes da criação do Teatro Experimental de Uberaba (TEU), quando o ator, diretor e produtor Aldo Roberto Silva, o eterno “Salsichachau”, estreou a peça "Chapéuzinho Vermelho", texto de Maria Clara Machado. A peça trás a famosa história da menina do Chapéuzinho Vermelho, que ao desviar do caminho para ir à casa da vovó, cai nas artimanhas do astuto Lobo Mau.

Logo depois da estréia  foi fundado o Teatro Experimental de Uberaba (TEU), na rua Alaor Prata, 20. Fundadores: Arlindo de Carvalho, Maurilio Cunha Campos de Moraes e Castro e Aldo Roberto Silva.

Pagava-se o preço meia-entrada de cinema para vê-los ao vivo no palco do cinema. E, comumente, atores menos famosos, vinham trazendo o teatro como forma de divulgação e o próprio ator ficava na portaria para ser visto pelos frequentadores. 

Com o advento e o desenvolvimento da televisão, as salas de cinema entraram em decadência e o nosso cinema não teria como ser poupado. Foi morrendo aos poucos.  A exibição, de até duas sessões aos sábados e domingos, dependendo dos filmes, passou para apenas uma. Depois de algum tempo, as sessões diárias passaram a três vezes, por semana, vindo, posteriormente, a ser somente aos sábados e domingos e, finalmente, fechado.

Enquanto isso está bem guardado na caixa de minha memória o Cine Metrópole no auge de sua existência: Vejo Senhor Romeu com seus filhos,  no Bar "Buraco da Onça" anexo ao cinema.--- A Maria toda garbosa na cabine vendendo as entradas; o Senhor Alcino com a sua simpatia na portaria, sempre sorridente e brincalhão. O Gentil com sua laterninha. O Senhor Alaor com seu suspensório sempre elegante. 

 Sinto-me feliz ao rever a minha infância e juventude, através dessas lembranças de momentos felizes que o Cine Metrópole proporcionou. Entendo que esse tipo de lembranças são sonhos reais que permanecem dentro de nós até a maturidade. Fora isso não passa de utopia. ---- Sinto falta da infância que se foi e não volta mais, e, também, das pessoas que partiram para junto de Deus. Afinal a morte não tem retorno. As lembranças da infância e da juventude, são momentos que nos proporcionam algum conforto e estimula o amor e a vontade de viver até o último quartel de nossas vidas. Foto do acervo pessoal de José Querino Machado Filho, Prof. Kico. (Antônio Carlos Prata)