quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Gerações cresceram e prosperaram no Mercadão

As famílias continuam o legado dos pioneiros do Mercado Municipal de Uberaba e nas barras do tempo deixam marcadas a história de muitas gerações. Todo mundo reconhece o Mercadão como parte da própria história na existência. Uma referência.

Professora durante 43 anos, Dalva Botta, 82 anos, é descendente de italianos e seu avô, Giúlio Botta, foi um dos primeiros permissionários a se instalar no Mercado Municipal com uma banca de frutas, verduras e hortaliças. Vinda da Itália do pós-guerra, a família viajou por 50 dias nos porões de um navio à procura de trabalho. Desembarcou em Santos e saiu em busca de trabalho nas plantações de café.

A família Botta foi para Conquista (MG). Giúlio e Hernesta Vinhadelli Botta tiveram quatro filhos, entre eles, o pai de Dalva, Egídio Botta, que seguiu os passos do patriarca e deu continuidade ao negócio por cerca de 50 anos. Constituiu família com Tereza Rossi Botta, filha de Bernardo Rossi, que foi o primeiro comerciante da Rua Tristão de Castro. Ao todo, o casal teve cinco filhos. 

Num tempo em que não havia supermercados, shoppings ou varejões o ponto central de compras era o Mercado, ao qual toda a população recorria. A dedicação ao trabalho era intensa, porque o local funcionava de domingo a domingo. "Tínhamos o nosso pai em casa somente aos domingos, após o meio-dia, uma vez que ele saía de madrugada para levar as mercadorias para o box. Herdamos essa dedicação ao trabalho dos italianos", contou.

No Açougue do Toninho, o proprietário Dídimo Antônio de Oliveira está no local desde 1993. Com três filhos para criar e separado da ex-esposa, não tinha com quem deixar as crianças, ainda pequenas, no período da tarde, para trabalhar no seu comércio de carnes. Quando aconteceu a primeira reforma, o comerciante viu a oportunidade de ser um permissionário e começou a levar os filhos para o Mercado.  "Tive confiança de trazer, porque percebi que aqui é uma família, onde uns tomam conta dos outros e todo mundo ajuda a olhar". Formou um arquiteto, um administrador de empresas e uma professora, e se emociona ao declarar que o Mercado “me deu a oportunidade de criar meus filhos com dignidade e segurança. Foi uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida quando consegui trabalhar aqui", afirmou.

O atual presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal, Sérgio Henrique Manzan, está no local há 26 anos no ramo de açougue. A princípio, a Casa de Carnes era do sogro, José Fernandes de Carvalho (Zé Coquinho). "Sempre gostei muito de trabalhar nesse lugar, deste fluxo de pessoas de todos tipos, que trazem cada vez conhecimento sobre o ser humano. Uma bênção. Aqui a gente encontra aconchego e família", salientou.

Natural de Lagoa Formosa (MG), o comerciante Ednei Eduardo de Souza (Dinei) atua no Mercado há 33 anos e é um dos cases de maior sucesso em Uberaba. Numa família de oito irmãos, que moravam na zona rural, junto com o irmão Edson, da Banca do Edson, conseguiram trazer todos para Uberaba. Primeiro, forneciam produtos para outros permissionários e, por fim, arrendaram o box de Zé Pernambuco, no “mercado velho”. 

De uma delicatéssen, com frios, queijos, especiarias, bebidas, doces, e as mais variadas iguarias Dinei abriu sua própria loja há 15 anos. Além de duas filiais, hoje a Banca do Dinei se tornou uma franquia, em 2023, levando a marca para outros estados, como Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais.

Jornalista Maria Cândida Sampaio