Aspecto extremamente peculiar é o fato de que numa cidade como Uberaba, cuja população, é mesclada por descendentes de imigrantes estrangeiros e migrantes rurais e de outros estados brasileiros, a diversidade territorial e espacial está ligada a processos de recriação dos modos de vida em determinados espaços, como nos aspectos arquitetônicos das construções, em redutos familiares nas festas populares que lembram as culturas de origens desses grupos migratórios. Mesmo que possam aflorar algumas tensões entre o desenvolvimento de modos de vida diferenciados, no contexto das relações cotidianas dos vários grupos étnico-culturais nos espaços da cidade, existe um salutar grau de convivência tolerante alcançado pela maioria dos grupos e famílias.
O que se constata no contexto sociocultural de Uberaba, é a participação ativa da população na construção permanente da cidade e que se expressa em seus habitantes.
São milhares de histórias de multiculturalismo para contar. As culturas vão se fundindo em todos os aspectos da cidade, que vem criando mecanismos na luta pela reconquista da solidariedade humana, a exemplo do que vem sendo realizado hoje, através de ações significativas dos habitantes da cidade de Uberaba, daqueles que nela nasceram e formaram suas famílias, daqueles que passaram por aqui e se apaixonaram pela Uberaba, um pouco provinciana, um pouco moderna com seus arranha-céus, seu belo patrimônio cultural!
A cidade é compreendida como um organismo subjetivo que inventa valores e modelos de comportamentos estruturados por uma linguagem própria, baseada em intervalos delimitados pela ação dos indivíduos que habitam o espaço urbano.
Como bem disse Walter Benjamin: “Não saber se orientar numa cidade não significa muito. Perder-se nela, porém, como a gente se perde numa floresta é coisa que se deve aprender a fazer” (BENJAMIN, 1971, p.76)
Texto de Cida Manzan, publicado no Livro 200 anos +- Da Igreja Matriz à Catedral de Uberaba. Ano 2020