Da Série: Minha Paixão por História
- Uberaba -
*Morro feito de macadame conta com 21,4% de inclinação.
História que deu nome ao morro ainda é contada em detalhes por seus moradores mais antigos
Em meio à colina do Fabrício, na cidade de Uberaba, nomeada pela fertilidade (Uber) e também pelos acidentes geográficos, como no antigo monte da Abissínia (Aba), existe um morro.
O trecho da rua Senador Pena, situado entre as ruas Silva Jardim e Governador Valadares, já foi chamado de "Morro do Fontoura" e "Morro do Chico Velho", mas tornou-se realmente conhecido após um episódio que marcou em definitivo seu mais conhecido nome: "Morro da Onça". Marcou de tal maneira que poucos são aqueles que desconhecem ou nunca ouviram dele falar. A onça já não está mais lá, é certo. Mas a história que deu nome ao morro, ainda é contada em detalhes por seus moradores mais antigos.
Na casa de número 209, do lado esquerdo da rua, pouco abaixo da metade do morro, mora dona Odette Camargos, 94 anos, pianista, fundadora do Instituto Musical Uberabense, residente no morro da onça há 46 anos. As informações de Dona Odette dão conta de que o morro passou a ser chamado de "Morro da Onça" após um episódio curioso acontecido há muitos anos. “Havia um médico, acredito que se chamava Dr. Boulanger Pucci, que morava em uma rua próxima a este local e que gostava muito de bichos. No quintal da casa dele havia uma jaula com uma onça e por descuido, deixaram a porta da jaula aberta e a onça fugiu. Como este morro na época era só mato, a onça veio e se escondeu aqui. Começaram a procurar a onça e acharam-na aqui neste morro. E é por isto que o morro passou a ser chamado de Morro da Onça", relembrou dona Odette..
Dona Zilda Borges, bordadeira talentosa, 95 anos, também com mais de quarenta anos vividos na ingrimidade do morro, já um pouco esquecida, tentou com dificuldade se lembrar de datas, mas estas não eram tão importantes.Quando perguntada pela origem do nome do morro da onça não soube me explicar detalhadamente. "Eu calculo que aqui era tudo mato, então devia ter a tal da onça! O meu netinho falava assim: vovó cadê a onça? Eu quero ver a onça vovó! E eu falava: não tem mais onça, não! Ele queria ver a onça de qualquer jeito", afirma dona Zilda.
Seu Luís Oliveira Fernandes, talvez tenha sido o mais esclarecedor, por se apresentar bastante lúcido e ter nascido e crescido em Uberaba. Morador do morro da onça desde fevereiro de 1960, sua versão foi apresentada de forma bastante coerente. "Doutor Boulanger Pucci morava logo aqui na rua João Pinheiro, pouco acima de onde hoje é o restaurante Balão. Dr.Boulanger gostava de criar animais, passarinhos e pegou uma onça para criar. Eu sei que ele criava uma onça, tinha a jaulazinha, e o tratador da onça um dia foi tratar o bicho e esqueceu a porta da jaula aberta.
Essa onça saiu e quando ele notou a porta aberta, foi lá e contou para o dr. Boulanger. Foi aquele alvoroço. Eles foram procurar a onça e viram a onça por aqui, enfurnada no mato. O dr. Boulanger foi até a polícia. Os soldados vieram e pelejaram, armaram rede, fizeram o maior esforço para pegar a onça viva e entregar para o doutor. Mas a onça foi enfezando e ficando mais difícil. Então voltaram lá e falaram: doutor, a onça não tem jeito de pegar não! Como é que faz? Vai deixar ela solta na cidade? E ele falou que era um perigo e pediu para tentar mais um pouco, mas se eles não dessem conta, poderia matar a onça. Experimentaram, experimentaram e não deram conta de pegar e aí mataram a onça.
Foi então que ficou esse nome de”Morro da Onça”, porque o morro não tinha outro nome 🐅