Adeus grande violeiro. Adeus companheiro. Vá com Deus, mas você deixa muitas saudades. Quantas encontros em que até as luzes dos terreiros brilhavam mais quando você entoava sua viola na Casa do Folclore. Foram incontáveis encontros em mais de trinta anos de admiração pelo seu talento.
Às vezes você vinha acompanhado de seu parceiro Odair. Às vezes, sozinho, você solava, cantava e encantava com seus preciosos acordes e sua bonita e potente voz, interpretando Tião Carreiro e outros ídolos sertanejos.
Você era violeiro, professor, amigo e conselheiro frente aos seus alunos da Escola de Viola que por mim foi criada na Fundação Cultural de Uberaba e que, por muitos e muitos anos você emprestou seu prestigiou para maior glória da Escola de Violas Gaspar Corrêa.
E o que dizer da Orquestra de Violas de Ouro, que você criou? Você era o violeiro, era o maestro, era o cantador, era a alma do conjunto onde, sob sua batuta, alunos reproduziam com muito entusiasmo tudo aquilo que seu mestre ensinou. Foram mais de 300 apresentações em que o público vibrava com o requinte das vozes e o tanger das violas. Uberaba e toda região vão guardar na lembrança, com muito carinho e com muitas saudades, os repetidos e entusiasmados aplausos destas apresentações.
Não dá para esquecer que você, por longo tempo, foi também um grande comunicador que prestigiou, em seus programas de TV, duplas de violeiros de todos os rincões. Vinham para mostrar sua arte. Muitos vinham para aprender.
Que momentos memoráveis ao se lembrar do toque de sua viola para que sua filha Nathaly pudesse dançar balé em companhia do maior catireiro que o Brasil já conheceu, Romeu Borges.
Nicodemos, todos nós seus amigos e companheiros, admiradores, parceiros e familiares, custa a acreditar que você já não está mais entre nós. Certamente está entre os amigos que já partiram primeiro, preparando sua chegada para que a viola nunca possa parar de tinir, nem na terra e nem no Céu.
Um dia, certamente, todos nós vamos nos reunir e aí voltaremos a bater palmas para o grande artista a quem todos chamavam de NICODEMOS.
Gilberto de Andrade Rezende – Ex-Presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.