Oi, turma !(Nunca abandone o amigo de fé; irmão camarada!)
14 de setembro de 2000. Uberaba, amanheceu de luto ! Emudecia a voz daquele que durante décadas, encantou a cidade com suas crônicas, no rádio, jornal e TV. A santa terrinha, passados 20 anos, ainda chora de saudade e reverencía o homem notável, Ataliba Guaritá Neto. – “Eu sou o Netinho do vovô Ataliba”, brincava com os amigos mais próximos. Tive a honra e orgulho de pertencer a esse rol .
Existem pessoas de coração maior que o próprio corpo. Nascem, vivem e morrem envolvidos tão somente com a família, amigos e a cidade. Por mais que oportunidades apareçam, claras chances de crescimento profissional, dinheirama nos bolsos, abstêm-se de todas essas glórias e vitórias, à dedicarem-se ao prazer da simplicidade da vida no interior, sem ligar “à mínima” aos holofotes e manchetes de êxitos, nome nacional e exuberância de sucessos.
Ataliba Guaritá Neto - Foto: Acervo/Dulce Helena Guarita Borges. |
Netinho pra cá; Netinho pra lá e o apelido incorporou-se à sua personalidade. E que personalidade ! Moleque matreiro, inteligência privilegiada, gostava de jogar futebol. Chamava a bola de “meu amor”... Calça curta, ”bicanca “( chuteira antiga), driblava os “ marmanjões” numa boa. À tarde, depois do Colégio, o “ racha” na praça do Mercado .“Seo” Luiz e “dona”Niza, logo colocaram “freio” no moleque. Coração de mãe não engana... Rio de Janeiro, o destino. Netinho, tinha que estudar, ora ! Morava numa pensão da “Correa Dutra”, pertinho das “Laranjeiras”, campo do Fluminense... Entre estudar e jogar bola no clube do coração...
“Seo” Luiz, ao notar que filho não seria doutor, cortou-lhe o “barato” .Trouxe-o de volta para casa. “Ralou” na casa comercial do pai, alí na Artur Machado. Elegante, boa pinta, obediente aos pais, leal com os amigos, continuou jogando, amador. No Uberaba e Independente. Com a fama em alta, nos seus esfuziantes 20 e poucos anos, aceitou ser vereador pela UDN. Obteve votação consagradora. Líder da oposição, seus discursos inflamados, chamavam a atenção pela maneira como defendia os interesses da cidade. Trabalho de “graça”. Vereador não ganhava...
Caminho natural na política. Quem sobressai, vai à deputado. Netinho, não queria. A UDN, insistia. Aceitou. Qual não foi a sua decepção quando “trocaram” a sua candidatura por um “jeep”!... Decidiu:- “ a melhor política da minha vida, foi deixar a política”... Estava certo ! Muito jovem, sentiu o amor à primeira vista. Fez de Cornélia, a mãe dos seus filhos, Luiz Neto e Dulce Helena. Deixou netos e bisnetos que não o conheceram.
Raul Jardim , amigo e companheiro, levou-o para o “Lavoura’. Dirigiu a página de esportes, com brilho ímpar. Na PRE-5, da família Jardim, apresentava o “Esportes na Onda” e narrava futebol. Estava na “moda”, a crônica social.- “Netinho, é o cara ideal”, sentenciou Raul. Não deu outra. Surgia o “Observatório”, coluna social do jornal e o titular com codinome: “Galileu’. Pegou como “visgo”. Era a “coqueluche” do vespertino. Elogios merecidos; críticas generosas, formas de agir e opinar de Netinho, ops!”Galileu”!
Na PRE-5, a “Crônica ao Meio dia”, parava Uberaba. 5 minutos inesquecíveis! Na TV, uma carrada de sucesso: Na TV-Triângulo, em Uberlândia, “Samba, Politica, futebol e Mulher”; depois na TV-Uberaba, apresentamos durante anos, “Esporte Urgente’, “Papo de Bola” e narrações esportiva do “Uberabão”. Na TV-Itacolomi, em B.H., sucesso estadual, “Mineiros Frente a Frente”. Coroou sua passagem na TV, com a Rede Tupy, “cobrindo” a Copa do Mundo da Argentina.
Netinho, ops! “Galileu”, lançou 2 jovens na crônica social: Luiz Edmundo Andrade, o “Chevalier” e Jorge Alberto Nabut, o “Iago”.” Chevalier”, sumiu. Não tenho noticias. “Iago”, adotou o nome de batismo: Jorge Alberto. Comentou o “society” 40 anos. Amanhã, vou falar dele. Desculpem-me pelo texto longo. Netinho, precisa de um livro para descrever sua vitoriosa trajetória na cidade que amou de verdade. Um comentário é muito pouco. Abraços do “Marquez do Cassú”.