sábado, 14 de setembro de 2019

O SUSTO DO TOTINHA...

Oi, turma !


(Amigo é aquele que fica quando todo mundo se afasta...)


Núncio Cicci, pertenceu a uma tradicional família uberabense, onde irmãos e irmãs, ajudaram a construir a grandeza de Uberaba. Dono de um dos mais famosos e saudosos bares- restaurantes da terrinha, “seo”Núncio e o genro, Joaquim de Oliveira Maia, “Quinzinho”, o “Tip-Top”, fez e deixou história.

Políticos, empresários, casais, gente do povo, faziam “ponto” naquela casa, instalada no térreo do prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba. Obrigatoriamente, gente da cidade, visitantes, não deixavam de ‘”aperitivar” naquele bar.

No trecho da Leopoldino de Oliveira, entre Artur Machado e Segismundo Mendes, os tipos populares se faziam presentes. “Foguinho”, não saia do ‘Guarani’, “Coisão”, no “Marabá”, “Zé Gigante” , no “Buraco da Onça” e o ‘Escurinho”, no “Tip-Top”. Mas, a lembrança da” velha guarda dos cervejeiros”, se volta para a singela figura do “Totinha”. Nascido José Antônio Costa, ninguém nunca soube a origem do apelido. 

Ligado aos meios de comunicação, seus amigos eram radialistas e jornalistas. Inclusive eu. Pequenino, mas, de “ tambor grande”. Era “bom de copo”. O que lhe oferecessem, ele “traçava”: cerveja, uísque, cachaça, vinho, rabo de galo, conhaque, vodca, ele não tinha preconceito de paladar...Mandava ver...

Certa noite, devidamente “calibrado”, bebia seus destilados no ‘Tip-Top”. Cansado, depois de um fim de tarde/noite movimentado, “Quinzinho”, fechou o bar e foi prá casa usufruir do merecido descanso. Não poderia jamais supor que o telefone iria tocar , às duas da madrugada ! Sonolento, atende. Do outro lado da linha, voz trêmula, alguém pergunta:

-“Quinzinho, aqui é o Totinha. A que horas ocê vai abrir o bar amanhã?” Puto, “Quinzinho”, despeja uma saraivada de palavrões e desliga. Cinco da manhã, novamente o tilintar do telefone: - “Quinzinho, ocê me desculpe, mas que hora mesmo vai abrir o bar ?” Nervoso, “Quinzinho” xinga a família do Totinha até a quinta geração e o clássico “ vai a p.q.p.” !

Sete da manhã, “Quinzinho”, banho tomado, barba feita, roupa trocada, prepara para o café. Eis que o telefone toca novamente. “Quinzinho”, perde a paciência:- “Outra vez, Totinha! Para de me amolar! “Cê bebe a noite inteira e vem me encher o saco “? Totinha, voz rouca, docemente, responde:- “ Não, Quinzinho, não é bebedeira não. É que eu dormi debaixo da mesa do bar; quando acordei, o bar já estava fechado.Tô preso aqui até agora. A` hora que ocê abrir, eu vou embora prá casa”...

Mais que depressa, o nosso simpático “Quinzinho”, correu ao “Tip-Top” e “soltou” o Totinha. Agora, o final triste da breve vida do meu personagem. Internado numa casa de recuperação de alcoólatras, em Baurú (SP), numa triste madrugada, tentou fugir. Ao pular a janela do quarto onde dormia, caiu no apiário, ao lado da janela. A cena, inimaginável ! Picado pelo enxame de abelhas, teve morte horrível . Dócil, comunicativo, pau para toda obra, educado e amigo, até hoje, é lembrado pelos seus verdadeiros amigos.

Volto , amanhã, com mais historinhas da sagrada Uberaba. Abraços do “ Marquez do Cassú”.


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