quarta-feira, 22 de maio de 2019

Clube Sírio Libanês de Uberaba

Uberaba, é uma cidade privilegiada. O volume de famílias estrangeiras que escolheram a santa terrinha para criar seus filhos, netos e descendentes, atraídos desde os primórdios da nossa civilização, pelos campos verdejantes, as riquezas minerais e vegetais, seu solo pródigo e dadivoso, clima ameno, hospitalidade e amizade do seu povo, aqui fincaram suas raízes e nos associaram a construir o vertiginoso progresso da nossa terra. Não quero, não posso, não devo, apesar da fragilidade da memória, cometer erros ou omissões.

Henrique Desgenetes, um francês de cepa, médico e biólogo, primeiro a descobrir e estudar os valores medicinais da flora da cidade e região, marcou sua presença entre nós. Em seguida, dominicanos, dominicanas e maristas, ergueram na santa terrinha, os primeiros colégios, a religião católica, berço da família, em plena época da “boca do sertão”. Com os franceses não se pode negar, vieram as valiosas contribuições de outras colônias à procura de novos rumos, desbravar terras desconhecidas e conquistar novos horizontes.

Destaco a saga dos sírios libaneses e as primeiras famílias de Pedro Salomão, Paulo Cauhy, Alexandre Jorge, Namem Skaff, Miziara, Frange, Amui, Hallal, Miguel, Cecilio, Hueb, Abdanur, Cecim, Nabut, Cussi, Abud, Árabe, Mauad, Curi, Fackuri, formavam uma plêiade de tradição, honradez, trabalho e progresso. Uberaba, é uma eterna devedora dessa colônia. Muito orgulha do seu crescimento , as famílias que aqui estabeleceram sua morada.               
                                                                 
Clube fundado em 1925 sofria autuações desde 2012 (Foto: Jairo Chagas /Jornal da Manhã)
A colônia ,desde o século passado, deu-se ao luxo de construir, na rua Major Eustáquio, um dos clubes sociais mais bonitos e suntuosos do Brasil ! Linhas arquitetônicas modernas, projeto arrojado, salão de festas com confortáveis camarotes, palco conversível, iluminação adequada a cada evento, um sub-solo construído com capricho e bom gosto e, nos fundos do terreno, uma excelente quadra esportiva, coberta, nos padrões oficias e de multiuso.

Em anexo, uma moderna sauna, orgulho dos associados, tendo ao lado, uma piscina semi –olímpica, com moderno trampolim para saltos ornamentais. Ao lado, até então, um bem cuidado campo, gramado, para a prática do “futebol-society”. Finais de semana, era aquela apoteose ! As dependências do clube, apinhada de alegres associados. Tudo era festa !

Abrahão Árabe, Bachur Hallal, Jayme Moisés, Nadim Aschcar, Nadim Daher, Salim Abud, Michel Abud, Mauro Abud, Fued Hueb, João Miguel Hueb, Aniz Abdala, Faker Azor Fackouri, Abadio Miguel Júnior, entre outros baluartes da colônia, promoviam “ festas de arromba”. Sucesso ! Democraticamente, os dirigentes abriram o clube para toda a sociedade uberabense, descendentes ou não, ampliando assim, o grande número de associados.

O clube, era uma festa permanente. Quem não tinha piscina, sauna, não morava em condomínio e não tinha campinho de futebol, o”Sírio”, era a extensão da sua casa. Festas, bailes, recepções, carnavais, “soarêes” dançantes, apresentação de cantores, peças teatrais, o espetáculo tinha endereço : Clube Sírio Libanês. As colunas sociais davam destaque a intensa movimentação social do clube.

De repente, tudo acabou. Toque de mágica. O associado, fugiu. As festas, sumiram. As portas, fecharam. A piscina, vazia. A sauna ,fechou. O campinho, desgramou. Bem que o “Babula”(Paulo de Tarso Mauad ) tentou ! Em vão ! Ficou só! Solitariamente só ! A colônia, virou as costas para o “seu” clube! Que “doença grave” teria acometido o clube? Porquê renegar tão valioso patrimônio? 

Hoje, é um amontoado de lixo e de drogados. Vão deixar morrer à míngua, sangrando, tão tradicional clube, representante de uma espetacular e laboriosa colônia ? Pergunta que, por ora, está sem resposta.


Luiz Gonzaga de Oliveira


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