José Marcus Cherém, descendente de libaneses, nasceu em Lavras, MG, em 1919. O seu emprego de representante comercial o trouxe para Uberaba. Logo tornou-se amigo dos comerciantes estabelecidos na cidade, especialmente patrícios seus. Essa amizade fez nascer uma grande paixão: Nacional FC, time fundado por imigrantes libaneses e comerciantes da rua Tristão de Castro.
Assumiu a diretoria do Nacional FC e uma de suas principais ações foi a construção do Estádio JK, inaugurado em 1953.
Deputado José Marcus Cherém, de terno, durante o plantio do gramado no Estádio JK |
Sua ascensão foi meteórica. Pela portaria nº 227/1956, de 15 de fevereiro de 1956, foi designado superintendente geral de pessoal operário, pelo prefeito Artur de Mello Teixeira. Em seguida, elegeu-se vereador em 1954 para o mandato de 1955 a 1959.
Segundo o jornal "Lavoura e Comércio" do dia 9 de dezembro de 1969, o seu espírito de liderança e o excelente trabalho executado na Câmara de Uberaba, chamou atenção da população e dos eleitores uberabenses, o que lhe garantiu mais uma conquista eleitoral, desta vez para a Câmara de Deputados de Minas Gerais:
"Distinguiu-se imediatamente no Legislativo Municipal pela verticalidade de suas atitudes, pelo denoto que punha em tôdas as questões que defendia, pela sua vibração e entusiasmo. No edil pode-se vislumbrar com segurança o autentico lider que havia no nosso prezado amigo, bem como a sua capacidade de identificar-se a fundo com todas as questões de interesse coletivo." (Lavoura e Comércio, 9 de dezembro de 1969)
Foi eleito deputado estadual em Minas Gerais em 1959. Depois disso, tornou-se chefe de gabinete do Interior no Estado de Minas Gerais, tendo, inclusive, exercido interinamente a função de secretário do Interior no governo Magalhães Pinto.
Com aproximadamente 12 mil votos elegeu-se novamente deputado estadual para o mandato de 1967 a 1971. No mês de outubro de 1969, posicionou-se contra a cobrança abusiva os impostos e denunciou a indústria das multas no Estado de Minas Gerais. Sugeriu a revisão da legislação sobre o assunto a que ele chamou de "absolutista" (Lavoura e Comércio, 28 de agosto de 1969). Questionou os baixos salários recebidos pelos fiscais, que complementavam sua renda com a participação direta e indireta sobre a arrecadação, o que favorecia o descontrole na aplicação das mesmas. De acordo com o jornal "Lavoura e Comércio do dia 28 de agosto de 1969:
O deputado José Marcus Cherém, ao sugerir a revisão da legislação, argumentou que "as multas de 40 e 60 por cento estabelecidas pela Lei nº 5043 e as da Lei nº 4337, que chegam a ser quase um confisco, precisam ser revistas e alteradas imediatamente. Salientou também ser necessária a revisão imediata do artigo 58 da Lei nº 4337, que considera infração punível até mesmo a falta involuntária do contribuinte, esclarecendo que não pode ter caráter absolutista o princípio estabelecido pelo artigo 136 do Código Tributário Nacional, segundo o qual as penalidades por infrações independem da intenção do agente, da efetividade e extensão dos efeitos do ato. (Lavoura e Comércio, 28 de agosto de 1969)
Quatro meses depois da denúncia, faleceu o Deputado José Marcus Cherém, no dia 7 de dezembro de 1969, em Belo Horizonte, aos 50 anos de idade, não tendo concluído o seu mandato.
A Pelo decreto 447/72 de 16 de agosto de 1972, a avenida de acesso ao Estádio, antiga estrada Uberaba - Delta, anteriormente denominada Nações Unidas, passou a ser chamada avenida Deputado Marcus Cherém.
A biografia desse personagem permite aprofundar a análise das lideranças políticas da cidade que dedicaram sua vida na luta contra as injustiças praticadas ao longo da nossa história.
Historiador Luiz Cellurale
Superintendência do Arquivo Publico de Uberaba
Cidade de Uberaba