É o conjunto de conhecimentos humanos. Dominio deles. Arte, desenvoltura, técnica, cultura.
Pele´, o “ rei do futebol”. Garrincha, o “gênio”. Nilton Santos, a “ enciclopédia do futebol”. Sabia tudo, os mínimos detalhes esquadrinhados nos gramados do mundo por onde exibiu a sua primorosa técnica. Chamava a bola de “ meu amor”, tamanha a intimidade que tinha com ela. No longínquo ano de 1962, Brasil, bi-campeão do mundo, no Chile, Nilton Santos, pela primeira vez chorou. Convulsivamente. Mais que todos os outros bi-campões. Sabia ter alcançado quase o impossível: eleito, mais uma vez, “ o melhor lateral esquerdo do mundo !”, aos 37 anos ! Era o fim de uma carreira vitoriosa daquele excepcional craque ! Conhecendo todos os segredos da bola, nada mais à desvendá-la, tornou-se bi-campeão do mundo !...
Questionados por muitos jornalistas radicais ,principalmente de São Paulo, Nilton Santos, encarou o desafio com unhas e dentes. Não podia falhar ! E não falhou...Daí o seu choro de criança. Sem se envergonhar. Bi-campeão ! Nilton, vestiu apenas dois mantos sagrados, o do seu amado Botafogo (RJ) e o da seleção brasileira. Ganhou quase todos os títulos que disputou. Mas, dizia “ o bi do Chile, foi o mais difícil. Todos queriam ganhar do Brasil. A seleção correu perigo. Pelé, contundiu-se. Amarildo, entrou e soube bem substituí-lo. Era um grupo idoso. 4 anos mais velho da conquista na Suécia”...
O Brasil não podia perder. Os “ velhos” (Nilton,Djalma,Didi e Zito) comandavam. Numa Copa, o principal é a vontade de vencer. Jogar bonito ? Lembram-se de 82 e 86 ? O importante é a tranquilidade, aliada a garra. Coração à prova, determinação. O velho coração do experiente Nilton Santos, superou a técnica, a classe e a intuição malabarista do jogador brasileiro . Sangue frio na decisão, aliado a fatores à superar o adversário. Coragem e entusiasmo, são preponderantes às vitórias. O Brasil, anda precisando aumentar sua auto estima, tão em frangalhos nos últimos tempos...
Nilton Santos, chorou. Era sua última partida com a camisa “6” da seleção. Depois, só a saudade recolhida. A idade, para determinas profissões, é cruel. Não quis ser treinador. Dizia “ o futebol profissionalizou muito. Acabou o amor a camisa. Não suporto. Foge do meu estilo “. Lidou o resto da vida, ensinando os segredos da bola, aos meninos Principalmente os carentes. Em Uberaba, criou o projeto “Bola de meia”, na periferia da cidade. Depois de 5 anos na terrinha, transferiu-se para Brasilia, onde instalou o mesmo projeto. Só que lá, tem continuação... Aqui, infelizmente...
Tornei-me seu “amigo-irmão”, conforme relata no seu livro de memórias. Confidentes, até. No fim da vida, retornou ao seu inesquecível Rio de Janeiro. Célia, a eterna companheira, sempre ao seu lado. A casa de praia, o uisquinho no fim de tarde, a brisa do mar que tanto amava, o “papo” de futebol com os antigos. Tive esse privilégio.
Nilton Santos, cumpriu sua meta: teve filhos, plantou árvores e escreveu um livro. Até que o “alemão” (Alzheimer) chegou. Não teve jeito. Botafogo pagou tudo. A “ enciclopédia” não morreu ! Está perpetuada no estádio que leva o seu nome : NILTON SANTOS !