sexta-feira, 22 de junho de 2018

Água de pedra

“Nós, professores da educação, merecemos respeito e valorização! Só a educação pode transformar o mundo!” O que acrescentar na frase dos professores? Confesso que me falta inspiração para fazê-lo. 

A frase que destaquei, li numa faixa exposta na capital mineira por cerca de 500 professores da rede estadual, que protestaram diante do Palácio da Liberdade, estando o presente o Governador Fernando Pimentel. Por quê? Eles cobraram e ainda cobram seus salários atrasados, além do fim dos parcelamentos. Não há tortura pior do que sermos transformados em maus pagadores, porque o dinheiro ganho com o suor da face não vem. Essa é a situação que honrados professores mineiros estão experimentando! Não sou hoje, mas já fui professor e sei o quanto é suado o ganho dos docentes. Governos faliram os cofres do Estado, eis a questão! 

Acompanho de perto o drama de algumas escolas estaduais e, preservando-as de represálias, não citarei seus nomes. Falarei como se elas estivessem alhures. É inadmissível ver derrames de dinheiro “pelaí”, com remanejamentos de verbas para outras áreas e a educação, base de toda a sociedade, ser relegada a terceiro plano. Professores (e suas escolas) são tratados como se fossem súditos de um reinado onde as vantagens são abertas aos intocáveis donos do poder. Ser professor é dar de si muitas vezes o que não tem. O estímulo para que a juventude possa forjar o caráter, é ofertado pelo professor mesmo estando ele coberto de desânimo. Esperar o quê das gerações futuras, se os educadores de hoje são “pagos” com o salário humilhação? Enquanto isso as mordomias e negociatas correm soltas! 

Recebi mensagem eletrônica recente de uma professora da cidade de São Caetano do Sul/SP, que diz em síntese: “Reforma já na escola Helena Musumeci! Meu filho e todas as crianças de lá precisam de boa estrutura!”. O descaso é geral, segundo ela, incluindo as condições laborais dos educadores e outros funcionários. Aqui não é diferente, com professores do Estado tirando água de pedra para ajudar suas escolas. Onde chegamos! 

Haverá o dia em que todos serão iguais perante a lei. Que a categoria “A” não receba antes da “B”. Nem a “C” antes da “D” e assim por diante. Que o aposentado não receba míseros R$500,00, valor esse insuficiente na maioria das vezes, para cobrir os custos com remédios. Sem essa de salários repicados! Finalmente; que priorizem hoje a educação para não vermos os dirigentes de amanhã cometer os mesmos erros ora testemunhados.


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG. Jornal da Manhã/Rádio Sete Colinas.