“ O Automóvel, cuja generalização pelo
mundo verificou-se a partir de 1900,só teve entrada em Uberaba sete anos
depois.
Em sessão de 10 de março de 1906 a Câmara Municipal
desta cidade sancionou a lei nº191, concedendo ao Sr.Dr.Alberto Cerqueira Lima privilégio,
por 25 anos, para trafegar na cidade e município, linhas de automóveis para
o transporte de cargas e passageiros.
O concessionário, em sociedade com os Srs.
Major Domingos José da Silva Prata e Coronel João da Silva Prata, organizou-se
a Empresa Motorola Uberabense Auto-”, adquirindo em seguida, por 12 contos de réis,
na Inglaterra primeiro automóvel, chegando a 30 de maio de
1907,e,solenemente,inaugurado a 7 de junho seguinte.
Este automóvel teve o nome de “Nossa
Senhora da Conceição das Ala-goas”. Trafegou cerca de um mês na cidade, indo
uma única vez ao Garimpo de Conceição das Ala-goas,em uma estrada especialmente
construída pela Empresa.
Esta máquina, a primeira vez que saiu à rua,
causou admiração geral pela originalidade: não era o automóvel que toda gente via
nas fitas cinematográficas e nas ilustrações dos jornais, mas um pesado locomóvel,
a vapor, de marcha lenta.
Na
sua única viagem ao garimpo gastou, só na ida, 8 dias sendo necessário abrir-se
no chapadão, diversas cisternas para alimentar de agua a máquina.
Quando saia à rua interrompia o trânsito dos
outros veículos, tanto pelo espaço que ocupava,
como pela aglomeração de pessoas atraídas pela curiosidade, e ainda pela
constates chuvas de brasas, que escapava da chaminé. Por isso, à sua passagem
os negócios fechavam-se para evitar um possível incêndio.
O
primeiro automóvel de passageiros aqui chegando, 29 de junho de 1908, foi um pequeno,
de 2 lugares, importado pelo Sr.Humberto Adamo.
Ao
ser inaugurado quebrou-se, pelo que foi devolvido para São Paulo, de onde viera.
O
Sr. Antônio da Cunha Campos Júnior, por ocasião da “Exposição Agro-pecuária de Uberaba”,
alugou em São Paulo, um automóvel de sete lugares destinado ao serviço de
passageiros entre a cidade e o campo da exposição.
Este
automóvel que foi o primeiro a trafegar aqui, chegou no dia 4 de maio de 1911,e
foi devolvido para aquela capital 15 dias depois. Fora alugado a 100$000 por
dia (cem mil réis).
A 6 de outubro seguinte, entrou em Uberaba
o 4° automóvel. Era uma máquina de 6 lugares,
comprada em são Paulo por 10 contos de réis, pelo Sr.Major Quirino Luiz da Costa,
destinada ao serviço de passageiros na cidade somente, pois estradas
apropriadas no município não havia ainda um plano sequer. A da “Empresa
Auto-Motorola Uberabense “há muito fora abandonada.
A
inauguração deste automóvel fora no mesmo dia de sua chegada à cidade,
percorrendo as esburacadas ruas locais, com lotação constituída por pessoas de
mais alto destaque social.
O segundo automóvel importado pelo
Sr.Major Quirino da Costa e 5° introduzido em Uberaba (20 de janeiro de 1912)
foi um carro tipo factante,de cinco lugares e custou 9 contos de réis.
Foi
a partir dai que os senhores Rocha e Falcão adquiriram o primeiro automóvel “Ford”,
chegando em Uberaba no dia 15 de março de mesmo ano.
Seguiram-se
lhes os Srs. Firmino Meirelles, com um automóvel daquele fabricante, e fundador
da Garagem “Cruzeiro do Sul”, o Coronel Vicente Alves Arantes Tutuna, com um
carro “Maxwuell” e outros.
Por essa ocasião o Sr.Major Quirino da Costa,
ultimava a construção dos primeiros 60 quilômetros de estrada, ligando a cidade
à sede distrital de Conceição das Alagoas.
A
respectiva inauguração realizou-se festivamente, no dia 6 de abril (1914).
A 5 de agosto seguinte, a empresa inaugurou
o trecho entre Estação do Peregrino e o arraial do Veríssimo.
Afinal,
no dia 19 seguinte, inaugurou-se ruidosamente, o trecho de 30 quilômetros de
Garimpo das Alagoas e Dores do Campo Formoso, que a população desta localidade construíra
e dera de presente à empresa.
Entretanto, não demorou muito e já um
empresa se organizava para o desenvolvimento do novo sistema de viação, levando
o progresso a todos os cantos do município.
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Foto do acervo pessoal de Demilton Dib - década:1930 Praça Rui Barbosa |
Então a cidade só contava uns vinte e poucos
carros de praça. Os primeiros automóveis aqui chegados, em número reduzido, logo
avariavam em consequência da má conservação de nossas ruas.Com a construção das
primeiras estradas na área rural e os magníficos resultados colhidos no trafego de automóveis ,diversos
fazendeiros se puseram em ação e numerosas turmas de operários iam pela nossa belíssimas
campinas deixando, após a sua passagem ruidosa, o caminho por onde em breve
iria a civilização e o progresso, levados nas asas ligeiras das máquina que
vence com facilidade as grandes distâncias e nos proporciona a vertigem das
grandes velocidades – o automóvel.
Texto
na íntegra de Hidelbrando de Araújo Pontes
Copiado por Antônio Carlos Prata
Fonte:
”Vida, Casos e Perfis”