No
Cassú, povoado onde nasci, nas barrancas do rio Uberaba,com os meus sete para
oito anos, meu brinquedo predileto era ligar duas latinhas de extrato de
tomate,com pedaços de linha que tirava da velha máquina de costura,marca
“Singer”, de mamãe e pronto ! levava à boca uma delas ,”fingindo” ser microfone
e meu primo-irmão,Jair,na outra ponta, ouvia-me e dava o sinal que estava tudo
certo...Os outros primos,Adilson,cantava músicas de Tonico e
Tinoco,Cacildo,cavalgava no “timochenko”, velho cavalo de serventia da família,
dizendo-se futuro “jóquei do Prado”,então existente na “distante” Uberaba. Felipe,”pintava
a cara”, pois queria ser palhaço de circo. Horacinho,envolvido no velho
velocípede quebrado, dizia ser “corredor de corrida”...O Toninho,coitado,só
levava “cascudo”; era o menor dos primos...
Na
infância, a gente quer ser tudo na vida.Padre, médico,professor,”retratista”,
amansador de cavalo, jogador e futebol, locutor de rádio... ops !Para !Aí,
alguém pergunta: -você quer ser isso, por prazer ou por dinheiro ?” Tenho
comigo que a “outra pergunta,vem embutida”:- “Afinal, qual é a sua verdadeira vocação
?” Vocação,do latim “vocare”, que quer dizer “chamar”. Ao se fazer algo por
vocação, é ser chamado por uma voz interior, bem escondidinha no fundo do
coração e de uma entidade superior : Deus !
Primário,secundário,pré-universitário,universitário e... pronto !Depois de comerciário,bancário,advogado,empregado público por
acaso e a convite, o que gosto mesmo, amo de paixão, é da comunicação. Nela,
quase me realizo,pois, ninguém se realiza por inteiro...Rádio,jornal,revista,
televisão e, hoje, nessa” ferramenta” sensacional, a “internet”e suas redes
sociais...Livros ? escrevi quatro.Tem mais três “na forma” e sinto estar
“parindo”mais um “filho” do coração.
Escrever,
falar, interagir, ouvir, dialogar, contactar, criticar, elogiar, contar,
opinar, bater, apanhar, vencer, perder, são minha “vozes” do cotidiano. Sempre
de mãos limpas, diga-se. Se isso for vocação, essa é a minha. Com muito
amor,seriedade e decência.