(1944-2010)
Pratinha e o Festival do Chapadão
No início da Era dos Festivais, em meados dos anos 60, Jorge
Henrique Prata Soares mexeu seus pauzinhos para que a mineira Uberaba também
tivesse seus shows. Em 1966, ele organizou o Festival do Chapadão.
Dedicado à MPB e realizado em cinemas, nos moldes dos
famosos concursos da Excelsior e Record, o evento acabaria tendo oito edições,
conta a mulher, Letícia.
Houve até uma reedição, quando o festival fez 40 anos, só
que sem o "brilho do primeiro", lembra a mulher.
Pratinha, como era conhecido, foi jornalista e chegou a
ocupar o cargo de secretário de Turismo e Cultura de Uberaba, de 1971 a 1973.
Logo depois, dirigiu o Sindicato dos Jornalistas de Belo Horizonte
até 1975, quando defendeu o registro para os profissionais que trabalhavam na
área havia anos.
Passou por veículos mineiros e teve, nos anos 90, um jornal
chamado "Uai", que era afixado dentro dos ônibus. Também foi dono de
três bares, que tinham música ao vivo e lançamento de livros.
Nos últimos anos, dedicou-se a um livro sobre o bisavô, o
dentista e fotógrafo José Severino Soares. Anos atrás, a família descobriu numa
exposição do fotógrafo Marc Ferrez, no Instituto Moreira Salles, em SP, uma foto
dos índios bororos idêntica a uma tirada por Severino.
Tanto a família como o instituto dizem ter o negativo da
foto, mas até hoje sua autoria continua uma incógnita.
O livro ficou pronto, mas Pratinha não teve tempo de
lançá-lo. Há seis meses, descobriu um câncer. Morreu no sábado, aos 66,
deixando viúva, três filhas e seis netos.
Estêvão Bertoni