terça-feira, 22 de agosto de 2017

SOU DO TEMPO...

(Na terrinha, “ a água que dá, leva rapidinho”...)



A idade permite-me lembrar que “Sou do tempo”...

...que família era o que de mais sagrado havia na sociedade.

...que família que se prezasse, tinha no portal de entrada principal da casa, o crucifixo, símbolo da paixão de Cristo.

... que os filhos obedeciam os pais.Quando iam dormir,viajar,enfim, ausentar-se da casa paterna, pediam a bênção aos seus progenitores.

... que os jovens respeitavam os mais velhos e o tratamento, o mais cordial possível, era “senhor” e “senhora”.

... que os boletins da escola eram mostrados aos pais, que, depois de assinados, devolvidos ao colégio.

... que as mocinhas namoravam escondidas e, se desse certo o namoro, o pretendente era apresentado aos pais da moça.

... que os rapazes quando começavam a fumar, o faziam longe dos pais com receio da reprimenda que viria na certa.

... que era proibido falar palavrões dentro de casa. Caso contrário...

... que nas famílias simples, a moça ou o rapazola traziam o seu suado dinheirinho do primeiro emprego para “ajudar” nas despesas da família.

... que se pedia “dá licença” ao passar por um aglomerado de pessoas.

... que se fazia “footing” na rua Artur Machado e virada da Leopoldino de Oliveira e começo de pequenos “flertes” com as mocinhas passeadeiras.

... que era tradição ir à “matinê” do Metrópole , com sapato engraxado, camisa engomada e calça vincada.

...que a rua Artur Machado tinha movimento enorme, de ponta a ponta. Da Rui Barbosa à Gameleira.

... que a Exposição do Zebu, era a nossa maior festa regional.Aguardada ansiosamente .

... que a rua São Miguel era chamada e “baculerê”.

... que “rendez-vouz” era casa de encontro de casais descasados. Hoje...

... que se ouvia 2 rádios: PRE-5 e Difusora.

... que se lia 2 jornais: “Lavoura e Comércio” e “Correio Católico”.

... que se viajava de tem de ferro pela Mogiana (S.Paulo)ou Oeste(Belo Horizonte).

... que naquele tempo era “biscatear”. Hoje é “ficar”.

...que raparigas eram putas. Hoje é “garota de programa”, “acompanhante”.

... que os bailes de gala aconteciam no Jockey Clube, Uberaba Tenis, Sirio-Libanês e Esportiva e Cultural.Era o máximo da elegância.

... que uberabenses natos eram os prefeitos de Uberaba.

... que era grande a “leva” de políticos honestos:Palmério,Zé Humberto,J.S.R.Cunha,Hugo R.Cunha,Artur Teixeira,Jorge Furtado,Chico Veludo,Cherém, Wilson de Paiva, Godofredo Prata, Antônio Próspero,Craide, Hélio Angotti.

... que se lia jornalistas de verdade:Raul Jardim, Jorge Zaidan, Ramon Rodrigues, os 3 Ruis,Noves,Mesquita e Miranda,Montenegro,Joel Lóes,Santino G.Matos,D.Alexandre Amaral.
... que se ouviam profissionais gabaritados:Ataliba Guaritá Neto, Farah Zaidan, Adib Sarkis, Leite Neto, Nilton Foresti, as canções de Toninho e Marieta.

... que havia AMOR no coração dos homens ..

... que namorados não se beijavam em público.

...que homem casava com mulher e mulher casava com homem.

... que ser honesto era obrigação.

Que ladrão, bandido, assassino ia prá cadeia.

... que as moças casavam virgens , com véu e grinalda branca à cabeça.

... os jovens não fumavam maconha.Muito menos “crack” e cocaína.

..que os doutores Próspero e Cartafina , curavam a “gonorréia” dos moços da terrinha.

... que quem roubava dinheiro do povo, era ladrão. Hoje,chama-se corrupto.

... que “ficha suja” era papel borrado.Hoje, é político desonesto.

... que famílias constituídas ostentavam na sala de jantar, o quadro da Santa Ceia

... que hipocrisia e cinismo não combinavam com honestidade de ações e princípios.

... que “podre” era estado em decomposição, deteriorado, mal cheiroso, fétido, infecto.Hoje, a palavra serve para designar a classe política...


Desculpem o tamanho do meu tempo..



Luiz Gonzaga de Oliveira