Santuário de Nossa Senhora da Abadia - Foto - década -1920 |
Santuário
de Nossa Senhora da Abadia - Foto - década - 2000 |
A história do Santuário de Nossa Senhora da Abadia se
destaca das demais igrejas que temos tratado por duas razões específicas:
primeiramente por se tratar da padroeira de Uberaba, sede arquidiocesana,
historicamente foi um centro de grandes movimentações e muita devoção. E também
porque se tratou de uma igreja com diversas obras, expansões e reformas ao
longo dos mais de cento e trinta anos em que se localiza no coração do bairro
que tem o mesmo nome do título com o qual a Virgem Maria é carinhosamente
lembrada não só pelo povo uberabense, mas de todo o Triângulo: Abadia.
O início desta história, todavia está em 1881 por iniciativa
do capitão Eduardo José de Alvarenga Formiga. O título militar, longe de
indicar que se tratava de um homem de armas, denota que era dos quadros da Guarda
Nacional, instituição criada durante a Regência para manter a ordem pública nas
diversas regiões do Brasil e composta, sobretudo, por proprietários rurais e
homens ricos. Sua devoção à Nossa Senhora da Abadia, provavelmente consequência
da colonização portuguesa, o levou a requerer junto à Câmara Municipal
autorização para erigir uma capela onde hoje se encontra o gigantesco santuário
dedicado a Nossa Senhora da Abadia. Em 15 de agosto de 1881 a primeira missa é
celebrada ainda ao ar livre e em 1884 o edifício que estaria, a partir dali, em
constante desenvolvimento, já estaria pronto.
Entre 1898 e 1915 a capela esteve confiada aos cuidados dos
padres Agostinianos Ricoletos. Em 1921, sob os cuidados do cônego César Borges,
tornou-se Paróquia a partir de um decreto do Bispo Diocesano D. Eduardo Duarte
Silva. Em 1935 a Paróquia seria definitivamente entregue à Congregação dos
Sagrados Estigmas – ditos padres estigmatinos – por decisão do Bispo D. Frei
Luiz Maria Sant’Ana, situação que perdura até os dias atuais e que daqui poucas
décadas completará cem anos da presença desses religiosos em nossa cidade,
período que só fez crescer o patrimônio espiritual e material dos devotos a
Nossa Senhora.
No quesito de reformas e expansão material do Santuário
destacamos: a) em 1937 iniciou-se a construção da torre central; b) em 1939
foram instalados os sinos; c) em 1940 uma imagem de 4,40 metros foi abençoada
pelo Bispo D. Alexandre G. Amaral e colocada no alto da torre; d) em 1943
iniciou-se uma reforma geral da igreja que se estenderia pelas próximas
décadas; e) em 1948 finaliza-se a cobertura da nave central; f) em 1954
finaliza-se todo o revestimento interno; g) em 1955 a velha casa anexa a igreja
é demolida para mais expansões; h) em 1962 é iniciada a construção de uma nova
Casa Paroquial; i) em 1975 são instalados os sinos eletrônicos e em 1977 um
órgão eletrônico; j) em 1980 é refeita a partir elétrica e de iluminação; l) em
1982 tem-se a doação de um terreno pela Prefeitura de Uberaba no qual se
inauguraria alguns anos mais tarde um Salão Comunitário e Centro de Pastoral.
A presença histórica do Santuário de Nossa Senhora da Abadia
contribuiu historicamente para a ocupação demográfica daquela região da cidade
e de seu desenvolvimento, tendo como epicentro o templo religioso e sob os
cuidados da padroeira, com o surgimento de um intenso comércio em seus
arredores. Toda a movimentação advinda pelos festejos do dia da Senhora da
Abadia movimenta igualmente toda a economia uberabense e triangulina através de
diversas peregrinações e do turismo entre as cidades da região. Em torno desses
festejos desenvolveu-se também toda uma cultura popular riquíssima em tradições
e fé. Desde as procissões realizadas até a Alvorada com Nossa Senhora,
tradicionalmente envolvendo a Banda do 4º Batalhão de Polícia Militar, o
envolvimento dos jovens com teatros e apresentações culturais, enfim, tem
contribuído para levar o Palavra de Deus a um número crescente de pessoas.
Atualmente o Santuário também sedia o Propedêutico
Estigmatino e conta com a presença de três sacerdotes e três seminaristas, a
saber: Pe. Jaílson dos Santos (Pároco), Pe. Ruy Félix (Vigário), Pe. Bruno
Cunha (Vigário), Sem. Anderson, Sem. Robson e Sem. William.
Vitor Lacerda