Demorei
algum tempo para comentar sobre Antusa Ferreira Martins, venerável figura do
espiritismo local. Valho-me novamente do prof. Carlos Bacelli. No seu livro “O
Espiritismo em Uberaba”. Sem medo de errar, digo-lhes que Antusa representou
uma das páginas mais fulgurantes da doutrina espírita não só de Uberaba, mas em
toda a região. Aos 4 anos, sofreu meningite, desenganada pelos médicos. Ficando
surda , não conseguiu desenvolver a fala. Desde pequenina , segundo depoimento
de familiares, era vidente.
Mocinha, a família mudou-se para a cidade, pois
nascera na zona rural. Ao completar 15 anos, os pais, Manoel Ferreira Martins e
dona Júlia Maria do Espirito Santo, mudaram-se para Sacramento (MG), mercê
trabalho desenvolvido naquela cidade, pelo líder Eurípedes Barsanulfo.
Ao olhar
pela primeira vez a figura franzina de Antusa, vaticinou a grande tarefa que a
menina iria desenvolver no campo da mediunidade. Durante 2 anos, ou pouco mais,
Antusa trabalhou com Eurípedes Barsanulfo, auxiliando-o na limpeza da sua farmácia,
lavando vidros e em outras vezes, na manipulação de remédios homeopáticos.
Quando Eurípedes desencarnou , a família voltou para Uberaba. Antusa sentiu
muito a morte do grande missionário da caridade.
Através da mímica e algumas
palavras que balbuciava com dificuldade, ainda assim, Antusa conseguia
comunicar-se. Na terrinha, a família passou a frequentar o centro”Bezerra de
Menezes”, instalado na casa de dona Maria Modesto Cravo, excelente “médium” que
tinha sido curada por Eurípedes Barsanulfo de uma terrível obsessão. Maria
Modesto, para os que não sabem, foi uma das fundadoras do Sanatório Espírita,
do Lar Espírita e incentivou sempre as campanhas assistenciais em favor das
famílias carentes.
Em
pouco tempo, Antusa começou a transmitir passes, cuja faculdade, ajudada pela
vidência, audição, desdobramento e efeitos físicos, desempenhava com raro
discernimento evangélico. “Deu” passes muitos anos na Comunhão Espírita, no
Sanatório Espírita e Grupo da Prece, de Chico Xavier.
Mais tarde, passou a atender
em sua casa, rua Monte Alverne, quase defronte à pracinha Afonso Teixeira, no
bairro Estados Unidos. Há algum tempo, seus seguidores construíram um
confortável galpão nos fundos, à atender a todos que procuram o conforto
espiritual. Chico Xavier, certa vez, homenageado em Belo Horizonte, no auge do
seu discurso declarou: -“Existe em Uberaba uma senhora que, no anonimato do seu
trabalho em favor dos que sofrem, deveria ser alvo de homenagens que a mim são
prestadas”.
Durante
mais de 70 anos , Antusa exerceu seu mandato mediúnico e, mesmo não estando
presente, o seu espírito gigante na seara evangélica, olha por todos nós. Tenho
comigo que Uberaba deve uma grande homenagem à Antusa Martins, um exemplo a ser
seguido.
Luiz
Gonzaga de Oliveira