ORIGENS E TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UBERABA |
Centro de Uberaba, em 1890.
Uberaba
tem sua origem na ocupação do Triângulo Mineiro, que ficou sob a jurisdição de
Goiás até 1816.
A
região começou a ter importância preciosa, que consistia em uma das metas
administrativas da Coroa Portuguesa, o governador da Capitania de São Paulo e
Minas Gerais articulou a abertura de uma estrada. Esta missão ficou a cargo de
Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de Anhanguera). A expedição era composta
por 152 homens, entre os quais 20 índios carregadores, 3 religiosos e 39
cavalos. Ela partiu de São Paulo pelos rios Atibaia, Camanducaia, Moji-Guaçu,
Rio Grande, Rio das Velhas e penetrando em Goiás pelo Corumbá. Segundo alguns
relatos da época, a expedição passou por terras de Uberaba. Esta rota ficou
conhecida como Estrada Real ou Anhanguera que consistia em um importante
caminho para que as autoridades portuguesas implementassem a colonização, a produção
e escoamento dos minerais preciosos. Na verdade, a maioria das riquezas
minerais do Brasil foram levadas para Portugal e utilizadas para o pagamento de
suas dívidas em relação à Inglaterra.
Posteriormente,
a expedição do filho de Anhanguera fundou em 1725 o povoado de Vila Boa em
Goiás.
Outra
estrada mais a Oeste foi aberta em 1736, passando por terras de Araxá em
direção à Vila Boa denominada Picada de Goiás.
A
exploração e o povoamento de todo o Triângulo Mineiro, de modo geral, se fez
como em todo o Brasil – Colônia, pelo amansamento e extermínio das populações
indígenas e dos negros nos quilombos.
As
estradas para Goiás tornaram-se palco de batalhas, entre os exploradores dos
sertões e os nativos.
Diante
disso, o governo de Goiás viabilizou a segurança das estradas e por isso nomeou
em 1742, o Coronel Antônio Pires de Campos para policiar, amansar e até mesmo
exterminar os silvícolas rebeldes, fato constatado com a matança dos Caiapós.
Em
1766 foi criado o Julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, sob a
administração de Goiás, local rico em minas auríferas e de intensa exploração.
A posse desse Arraial por Goiás era vantajosa aos moradores, pois estavam
livres do pagamento de imposto sobre minerais, denominado “derrama”, cobrado em
Minas Gerais.
Desemboque
teve o seu esplendor até 1781, quando as minas auríferas se esgotaram.
Prosseguindo
a exploração das terras, o governo de Goiás para dinamizar a administração dos
Sertões, nomeou pela Portaria de 1809 Antônio Eustáquio da Silva Oliveira
(natural de Ouro Preto) para a função de Comandante Regente dos Sertões da
Farinha Podre (Triângulo Mineiro), e em 1811 foi nomeado pelo Ato
Governamental, Curador de índios.
Em
1810, Major Eustáquio liderou uma Bandeira até o Rio da Prata, passando por
terras de Uberaba.
Outra
expedição chefiada por José Francisco Azevedo, atingiu a cabeceira do Ribeirão
Lajeado, fundando o Arraial da Capelinha, aproximadamente a 15 km do Rio
Uberaba. Entretanto este local não se desenvolveu por falta de água e terras
férteis, conforme constatou Major Eustáquio em visita ao Arraial.
Conseqüentente,
o Regente dos Sertões comanda outra Bandeira com 30 homens e procura novas
terras para se estabelecerem. Atingem o Rio Uberaba e fixam-se na margem
esquerda do Córrego das Lages, onde foi edificada a Chácara da Boa Vista (hoje
Fazenda Experimental da Epamig).
Junto
com Major Eustáquio vieram fazendeiros e aventureiros que passaram a produzir e
comercializar com as caravanas que ligavam Goiás a São Paulo.
Algum
tempo depois, Major Eustáquio construiu sua residência na Praça Rui Barbosa
(atual Hotel Chaves).
Grande
número de pessoas sabendo das condições propícias de Uberaba e do prestígio e
segurança que o comandante Major Eustáquio oferecia, imigraram para o novo
Arraial. Eram boiadeiros, mascates, comerciantes, criadores de gado, ferreiros,
etc…
Os
moradores logo ergueram uma Capela tendo como oragos Santo Antônio e São
Sebastião, benzida em 1818 pelo padre Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick,
do Desemboque. Assim foi estabelecido o reconhecimento do povoado pela Igreja.
Esta instituição representava prestígios decisórios junto aos governos. Visto
que em 2 de março de 1820, o rei D. João VI decreta a elevação de Uberaba à
condição de Freguesia.
O
Decreto Real constituiu um grande avanço para a comunidade. Significou a
emancipação e gerência própria em assuntos de ordem civil, militar e religioso.
Foi o reconhecimento oficial tanto pela Igreja como pelo Governo Real.
Uberaba
foi crescendo e as terras foram ocupadas formando-se extensas propriedades
devidas o baixo valor da terra e isenção de impostos sobre elas. Em pouco tempo
reuniu-se seleta população de agricultores, pecuaristas e comerciantes e outras
profissões, fato que viabilizou o Governo Provincial de Minas Gerais a criar o
Município de Santo Antônio de Uberaba em 1836.
Uberaba,
em 1840 passou a sediar uma Comarca para distribuir a justiça na região.
A
importância regional da Vila de Santo Antônio de Uberaba era próspera que ela
mereceu o título de Cidade em 1856, tornando-se um importante centro comercial
que se acentuou com a inauguração da Estrada de Ferro em 1889, que foi um
acontecimento facilitador da imigração européia para a cidade e do
desenvolvimento da pecuária zebuína.
A
riqueza econômica refletiu na estrutura urbana onde surgiram requintadas
construções no estilo eclético.
No
século XX, a cidade demonstra um crescimento da agricultura, da pecuária, da
indústria e do comércio, atendendo as demandas nos aspectos econômicos,
culturais e de serviços essenciais à população.
Hoje
Uberaba representa um centro comercial dinâmico, uma agricultura produtiva, um
parque industrial diversificado e uma planejada estrutura urbana.
Dada
à importância histórica de 02/03/1820, quando a cidade foi elevada à Freguesia,
o Município instituiu oficialmente como a data que se comemora o aniversário de
Uberaba.
Marta Zednik de Casanova
Historiadora e coordenadora de Pesquisa do
Arquivo Público de Uberaba