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sábado, 24 de junho de 2017

Interior da Cia Têxtil


Interior da Cia Têxti


 Década de 1970

Uberaba já foi uma grande produtora de tecidos da região. Sua história iniciou-se em 1882 com a chegada da Fábrica de Tecidos do Cassu pertencente ao Major Zacarias Borges e Araújo e de seus quatro irmãos. Em 1891 a fábrica foi vendida ao Barão de Saramenha com quem ficou por 17 anos. Depois de algum tempo, o coronel Caetano Mascarenhas, funda-dor da primeira fá-brica de tecidos de Minas Gerais loca-lizada em Paraopeba, juntamente com seus dois filhos comprou a tecidos Cassu e em 1928, unificou as duas fábricas formando a Companhia Fabril Triângulo Mineiro. Mais tarde, a Companhia foi adquirida pelo Coronel Antônio Martins Borges, que morava no município de Conquista/MG.

Com o tempo a empresa passou a ser administrada por Joaquim José Martins Borges, filho mais novo do coronel Antônio. A partir daí começou a última fase da tradicional Indústria Textil de Uberaba, que acabou falindo na década de 80. Segundo Joaquim José, naquela época, o Brasil não investia na produção interna, importava roupas de cama e mesa dificultando a sobrevivência do mercado nacional. Além disto, a mão de obra especializada era bastante escassa e a manutenção do maquinário era cara pois todas as máquinas eram de origem estrangeira.

Segundo Joaquim José a indústria, localizada no Distrito Industrial I, gerava muitos empregos. “A empresa empregava cerca de seiscentas pessoas distribuídas em três turnos de tra-balho”, destaca.
A fábrica tinha como ideal a produção de fiação, tecelagem e acabamento, produ-zindo cerca de 250 mil metros de tecido para o mercado, que geralmente se dividia entre São Paulo, Norte e Sul do país. “Nossa fábrica cuidava da compra do algodão para a fiação, da tecelagem do tecido e do acabamento, saindo pronto para a venda”, explica Joaquim José.

Joaquim disse que Uberaba não era pólo da indústria textil e isto dificultou ainda mais sua continuidade no mercado que cada vez mais exigia que fossem apresentados novos recursos de produção melhorando assim a qualidade dos produtos. “O mercado foi tornando-se cada vez mais fechado e com exigências maiores de produção. O pólo da indústria textil era no Sul de Minas e a indústria, mesmo sendo pioneira e tradicional em Uberaba, não su-portou as novas exigências”, desabafa. Por isto a empresa foi fechada, restando para Uberaba e para a família Borges somente as lembranças de uma indústria produtiva.

Mesmo que a história da Indústria Textil não tenha tido um feliz, Uberaba hoje comporta a única empresa de tecelagem do Triângulo Mineiro. O presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Uberaba, Arnaldo Santos Júnior, esclarece que o município apresenta novas esperanças para o crescimento deste setor de tecelagem. “Ao contrário que muitos pensam e falam, Uberlândia não tem indústrias de tecelagem. A única fica em Uberaba e a mais próxima daqui é a de Divinópolis, no Centro-oeste de Minas. Isto é um marco para o município que já tem a tradição textil”, aponta.

Esta única empresa de tecelagem de Uberaba pertence a Eduardo Rodrigues da Cunha e leva o nome de Tebrace (Tecelagem Brasil Central). O proprietário afirma que sua indústria é de tecelagem de malha e não tem o acabamento. “Aqui a gente pega o fio pronto e tece o tecido. Depois mandamos para a tinturaria e, somente depois, para o mercado que atende a região” esclarece Eduardo.

Segundo Eduardo a idéia de formar a empresa surgiu quando, na década de sessenta, seus pais, Edgar Rodrigues da Cunha e Maria Júlia Junqueira Rodrigues da Cunha, viajaram para o Sul do país onde conheceram o ramo de tecelagem de uma região de Santa Catarina. “Meu pai era industrial na área de óleo e minha mãe ao conhecer o mundo dos tecidos pediu que ele montasse uma empresa para ela cuidar”, conta. Edgar gostou tanto da idéia que construiu algo maior que o esperado, tendo que assumir a responsabilidade da empresa junto de sua esposa. “Eles compravam o fio tinto, teciam e confeccionavam as roupas”, lembra.

Com o passar do tempo foi surgindo a necessidade de se trabalhar com um tecido mais leve, por causa do clima da região de Uberaba que é quente. Isto fez com que mudassem o foco de produção passando a trabalhar com malharia. Com esta mudança eles adotaram máquinas circulares alemãs, já que o Brasil não fabrica este tipo de maquinário, o que acarreta gastos maiores para este tipo de empresa. “Mesmo com todo problema de recessão e fechamento do mercado para a tecelagem a gente procura sempre atender de forma competitiva e buscando sempre atender o que é pedido”, conclui.

Foto:Autoria desconhecida


Luciana Souza