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Interior da Cia Têxti
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Década de 1970
Uberaba já foi uma grande
produtora de tecidos da região. Sua história iniciou-se em 1882 com a chegada
da Fábrica de Tecidos do Cassu pertencente ao Major Zacarias Borges e Araújo e
de seus quatro irmãos. Em 1891 a fábrica foi vendida ao Barão de Saramenha com
quem ficou por 17 anos. Depois de algum tempo, o coronel Caetano Mascarenhas,
funda-dor da primeira fá-brica de tecidos de Minas Gerais loca-lizada em
Paraopeba, juntamente com seus dois filhos comprou a tecidos Cassu e em 1928,
unificou as duas fábricas formando a Companhia Fabril Triângulo Mineiro. Mais
tarde, a Companhia foi adquirida pelo Coronel Antônio Martins Borges, que
morava no município de Conquista/MG.
Com o tempo a empresa
passou a ser administrada por Joaquim José Martins Borges, filho mais novo do
coronel Antônio. A partir daí começou a última fase da tradicional Indústria
Textil de Uberaba, que acabou falindo na década de 80. Segundo Joaquim José,
naquela época, o Brasil não investia na produção interna, importava roupas de
cama e mesa dificultando a sobrevivência do mercado nacional. Além disto, a mão
de obra especializada era bastante escassa e a manutenção do maquinário era
cara pois todas as máquinas eram de origem estrangeira.
Segundo Joaquim José a
indústria, localizada no Distrito Industrial I, gerava muitos empregos. “A
empresa empregava cerca de seiscentas pessoas distribuídas em três turnos de
tra-balho”, destaca.
A fábrica tinha como
ideal a produção de fiação, tecelagem e acabamento, produ-zindo cerca de 250
mil metros de tecido para o mercado, que geralmente se dividia entre São Paulo,
Norte e Sul do país. “Nossa fábrica cuidava da compra do algodão para a fiação,
da tecelagem do tecido e do acabamento, saindo pronto para a venda”, explica
Joaquim José.
Joaquim disse que Uberaba
não era pólo da indústria textil e isto dificultou ainda mais sua continuidade
no mercado que cada vez mais exigia que fossem apresentados novos recursos de
produção melhorando assim a qualidade dos produtos. “O mercado foi tornando-se
cada vez mais fechado e com exigências maiores de produção. O pólo da indústria
textil era no Sul de Minas e a indústria, mesmo sendo pioneira e tradicional em
Uberaba, não su-portou as novas exigências”, desabafa. Por isto a empresa foi
fechada, restando para Uberaba e para a família Borges somente as lembranças de
uma indústria produtiva.
Mesmo que a história da
Indústria Textil não tenha tido um feliz, Uberaba hoje comporta a única empresa
de tecelagem do Triângulo Mineiro. O presidente do Sindicato da Indústria do
Vestuário de Uberaba, Arnaldo Santos Júnior, esclarece que o município
apresenta novas esperanças para o crescimento deste setor de tecelagem. “Ao
contrário que muitos pensam e falam, Uberlândia não tem indústrias de
tecelagem. A única fica em Uberaba e a mais próxima daqui é a de Divinópolis,
no Centro-oeste de Minas. Isto é um marco para o município que já tem a
tradição textil”, aponta.
Esta única empresa de
tecelagem de Uberaba pertence a Eduardo Rodrigues da Cunha e leva o nome de
Tebrace (Tecelagem Brasil Central). O proprietário afirma que sua indústria é
de tecelagem de malha e não tem o acabamento. “Aqui a gente pega o fio pronto e
tece o tecido. Depois mandamos para a tinturaria e, somente depois, para o
mercado que atende a região” esclarece Eduardo.
Segundo Eduardo a idéia
de formar a empresa surgiu quando, na década de sessenta, seus pais, Edgar
Rodrigues da Cunha e Maria Júlia Junqueira Rodrigues da Cunha, viajaram para o
Sul do país onde conheceram o ramo de tecelagem de uma região de Santa Catarina.
“Meu pai era industrial na área de óleo e minha mãe ao conhecer o mundo dos
tecidos pediu que ele montasse uma empresa para ela cuidar”, conta. Edgar
gostou tanto da idéia que construiu algo maior que o esperado, tendo que
assumir a responsabilidade da empresa junto de sua esposa. “Eles compravam o
fio tinto, teciam e confeccionavam as roupas”, lembra.
Com o passar do tempo foi
surgindo a necessidade de se trabalhar com um tecido mais leve, por causa do
clima da região de Uberaba que é quente. Isto fez com que mudassem o foco de
produção passando a trabalhar com malharia. Com esta mudança eles adotaram
máquinas circulares alemãs, já que o Brasil não fabrica este tipo de
maquinário, o que acarreta gastos maiores para este tipo de empresa. “Mesmo com
todo problema de recessão e fechamento do mercado para a tecelagem a gente
procura sempre atender de forma competitiva e buscando sempre atender o que é
pedido”, conclui.
Foto:Autoria desconhecida
Luciana Souza