Vamos tentar evitar o surgimento de quaisquer dúvidas sobre
nossa protagonista deste mês esclarecendo que o que chamamos de Igreja do
Santíssimo Sacramento – a Senhora das Mercês – trata-se da mesma igreja que, no
passado, também foi chamada de Santo Antônio e São Sebastião e de Igreja da
Adoração Perpétua. Pensamos ser importante igualmente fazer a distinção entre
dois conceitos muito comuns e frequentemente utilizados: igreja e paroquia.
Entendemos por
paróquia todo um conjunto territorial (que tem a tendência de diminuir com o
passar do tempo, à medida que a população aumenta e cidade cresce) que engloba
uma comunidade paroquial, que disponibiliza um conjunto orgânico de serviços
pastorais e sacramentais e que, finalmente, possui uma matriz e bem possivelmente
algumas capelas filiares. Assim, a paróquia é uma instituição-base da vida
cristã. Já a palavra igreja pode ao mesmo tempo designar (como já havíamos
refletido no mês anterior) o edifício, isto é, o templo religioso onde se
realizam os ofícios sacramentais e que, por sua vez, tem uma nomenclatura
própria (basílica, catedral, igreja, capela, ermida), como também pode
significar uma ideia geral de igreja muito própria da etimologia da palavra
ekklesía,que significa “chamado “Para não restar dúvidas, todas as vezes que
usamos a palavra com letra minúscula estaremos referindo à igreja-edifício e,
quando usarmos a letra maiúscula, subentende-se
que falamos da Igreja-Povo.
Com esta
introdução, apresentamos que a igreja do Santíssimo Sacramento não é a mais
antiga igreja da nossa arquidiocese, nem mesmo de Uberaba, sendo posterior à
Catedral, à capela de Santa Rita ou a igreja de São Domingos, mas é, como
demonstra decreto de 2 de março de 1820,Bispo de Goiás, a mais antiga paroquia
de nossa Arquidiocese.
Quando Dom Eduardo,
ainda como bispo de Goiás, transferiu sua residência para Uberaba em 1886, por
ser esta cidade um centro urbano mais desenvolvido e com maiores possibilidades
de irradiação da missa evangélica do que Cidade de Goiás (Goiás Velho), então
sede diocesana, mandou iniciar, no mesmo ano, a construção de outra igreja para
ser a matriz da Paróquia de Santo Antônio e São Sebastião. Terminada a
construção em 1905, Dom Eduardo mandou inscrever no frontispício da nova igreja
a frase que ate hoje se pode vislumbrar: DIVO CORDIEDUARDUS EPICOPUS GOYAS – 1905,que significa: “Eduardo Bispo de
Goiás, construiu ao Sagrado Coração – 1905”
Com a criação da
Diocese de Uberaba em 24 de maio de 1908, essa igreja do Sagrado Coração passou
a ser a catedral da nova diocese, e assim permaneceria até 1926,Quando Dom
Antônio de Almeida Lustosa fez a troca com a atual catedral. Também os padroeiros se inverteram,
ou seja, o Sagrado Coração acompanhou a igreja-catedral na Praça Rui Barbosa e
os padroeiros de Uberaba – Santo Antônio e São Sebastião – subiram para igreja
no alto das Mercês.
Durante o
episcopado de Do Eduardo, construiu-se paralelamente à igreja outro prédio ao
lado para servir-lhe de residência, o Palácio Episcopal, e que futuramente se
destinaria ao Seminário Diocesano. Ao longo do tempo, foram feitos acréscimos e
adaptações. Destaca-se a construção do salão paroquial na década de 1980.
Em agosto de 1960,
os padres da Congregação Sacramentina
assumiram o governo da paroquia a pedido
de Dom Alexandre e tiveram atuação decisiva no sentido de fortalecer o espirito
de adoração ao Santíssimo Sacramento. Mesmo
com a saída dessa congregação da administração da paroquia dos anos
2000,os frutos de sua presença ainda são percebidos como, por exemplo, a partir
da existência de um Grupo de Leigos e Leigas Sacramentinos.
A paróquia foi
desmembrada em 1978 durante o arcebispado de Dom Benecdito, com a criação das
paroquias de Santa Maria Mãe da Igreja e da Ressurreição. Possui também ainda hoje varias capelas filiares das
quais destacamos a Capela do Colégio Marista.Atualmente,seu pároco é o padre
Ricardo Luiz.
Vitor Lacerda