Tela em guache de autoria de Ovídio Fernandes. |
*Luiz Alberto Molinar
Entre
1920 e 1960
Tela
em guache de autoria de Ovídio Fernandes.
Esse
é o perfil dele:
Ovídio
Fernandes {Uberlândia, distrito de Sobradinho, 14 de fevereiro de 1925-Uberaba,
10 de agosto de 1998}. Em 1949, executou a cenografia do recém-fundado Teatro
Estudantil, ligado à UEU (União Estudantil Uberabense).
Foi
um artista profissional por toda a vida. Graças à cessão – a título de uso e
fruto – de um conjunto de imóveis, entorno do Hotel Modelo, localizado entre as
ruas Artur Machado, João Caetano e a av.Dr. Fidélis Reis, Centro, se mantinha
com a renda obtida por meio de aluguéis. Por volta de 1970, manteve a boate
Barroco, com decoração produzida por ele alusiva ao nome do local.
Grafite
e nanquim predominam em seus trabalhos. Mas há também pinturas e murais em
parede, como a “Parábola do Rei Salomão” executado no Salão do Júri, do Fórum
Melo Viana, na R. Lauro Borges, Centro.
Outros
painéis de autoria dele foram realizados nas paredes do hall de entrada da
ex-sede social do Jockey Club, na pç. Rui Barbosa, Centro. Retratou, por meio
de finos traços pretos, negros tocando instrumentos musicais em alusão ao
Carnaval. Essa pintura exemplifica sua irreverência e crítica social presente
em algumas de suas obras.
O
Jockey havia sido condenado, judicialmente, por ter impedido o acesso ao salão
de festas do clube do famoso jogador de basquete Rosa Branca [Carmo de Sousa –
1940-2008], que foi campeão mundial com a seleção brasileira em 1959 e 1963. O
fato ocorreu entre 1956 e 1958, quando o vice-campeão paulista São Carlos
Clube, pelo qual jogava, enfrentou a equipe do Jockey.
Após
a partida, realizava-se um baile e o time visitante foi convidado a participar
do evento. Entretanto, Asa Branca foi barrado na portaria por sua condição de
negro. Seus companheiros de equipe, em protesto, abandonaram o local em
solidariedade ao colega. A pena judicial determinou a suspensão do
funcionamento da sede, que, assim, passou por “reforma”. Contratado pelo clube
para participar da nova decoração do local, o irônico Ovídio fez pinturas em
alusão à festa carnavalesca e “vingou” por Asa Brancas e sua raça menosprezada.
Ovídio
é autor – anônimo – da ilustração da capa do livro “O Pântano Sagrado” (1948),
do jornalista Orlando Ferreira, o polêmico e destemido “Doca”. A imagem
apresenta um homem moribundo, aparentando ser um religioso devoto, observado por
urubus que, por terem penas pretas, induzem à lembrança de batina usada por
membros da igreja católica. Entre as 365 páginas da publicação estão 15 charges
do artista, ironizando situações envolvendo o clero de Uberaba. A obra foi
proibida pelo Judiciário e 900 cópias das mil produzidas foram incineradas.
A
grade que circunda o Parque Fernando Costa, da ABCZ (Associação Brasileira de
Criadores de Zebu), instalada em meados de 1970, com contornos de exemplares da
raça zebuína, é projeto de Ovídio. Ele também decorava vitrines de lojas e
criava logomarcas. Uma delas foi para o jornal “Lavoura e Comércio”, na década
de 1970, na qual as letras iniciais l e c se fundem. Há uma praça, no final da
R. Quinze de Novembro, no bairro Estados Unidos, que leva seu nome.
*Luiz Alberto Molinar é jornalista e coautor da biografia
Lucilia – Rosa Vermelha.
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