Foto: Paulo Nogueira |
Dez horas da ensolarada manhã do dia 10 de junho de 1972.O aeroporto da terrinha soltando “gente pelo ladrão”, a espera da chegada do Boeing ”737”, que trazia a seleção brasileira de futebol, tricampeã do mundo e a seleção olímpica que fizera apaga figuras nos Jogos Olímpicos daquele ano. Vinham inaugurar o “ “Uberabão”, apelido dado ,carinhosamente, ao estádio municipal “João Guido”,nome oficial daquela praça de esporte.A auto-estima do uberabense estava que era pura adrenalina. O “Uberabão”,depois do “Mineirão”, em BH., era o melhor estádio de Minas Gerais. Gente, quanta alegria coberta de satisfação! Nem imaginam !
Foram mais de 10 anos de luta,de expectativa, de decepção,de
alegrias, trabalho, trabalho árduo, diga-se, por parte do Uberaba
Sport,liderado pelo seu então presidente, Edgard Rodrigues da Cunha, conhecido
advogado e professor universitário, industrial de méritos e próspero
fazendeiro.Edgard,sonhou alto, tentou dar ao seu clube e a cidade, um estádio
monumental. Faltou-lhe, infelizmente, o apoio da cidade e seus líderes. Fazer o
quê? Despreendido, doou a área, aquele enorme “buracão”, parecido com as
históricas arenas romanas, ao município para que o seu sonho não fosse
consumido pelas trevas...
O “elefante branco” como certa parte da imprensa local, se
referia ( na terrinha sempre existiram os do “contra”...)ao inacabado estádio,
no “pasto do Pereira”, estava ganhando contornos de realidade.
João Guido, Randolfo Borges e Arnaldo Rosa Prata, “peitaram” a obra , encarregaram-se de encher de orgulho , a alma do uberabense. Ainda “em meia boca”, o estádio seria inaugurado. Belo gramado, arquibancadas (uma parte coberta) , vestiários, cabines de rádio e TV, tribuna de honra, bares, sanitários, áreas essenciais para sua pronta inauguração. Ficou faltando tão somente a conclusão da elipse (ferradura), fechando o estádio.
João Guido, Randolfo Borges e Arnaldo Rosa Prata, “peitaram” a obra , encarregaram-se de encher de orgulho , a alma do uberabense. Ainda “em meia boca”, o estádio seria inaugurado. Belo gramado, arquibancadas (uma parte coberta) , vestiários, cabines de rádio e TV, tribuna de honra, bares, sanitários, áreas essenciais para sua pronta inauguração. Ficou faltando tão somente a conclusão da elipse (ferradura), fechando o estádio.
No aeroporto, o governador de Minas, autoridades municipais
e regionais, políticos de todas as matizes, além de jornalistas e radialistas
de todo o Brasil.A ex-Rede Tupi de Televisão,à postos para documentar a chegada
dos tricampeões do mundo e. à tarde, transmitir para o Brasil, o jogo de
inauguração do “Uberabão”.Gerson,Brito,Piazza,Jairzinho,Rivelino( fez o
primeiro gol do estádio), freneticamente aplaudidos , o mesmo acontecendo com
os “olímpicos”,cuja estrela maior era Paulo Roberto Falcão.O “Uberabão”,super
lotado.Ora,pois.
Mas,a figura central,alvo de todas as atenções,era João
Havelange,presidente a Confederação Brasileira de Futebol.Na cidade,receberia o
título de “cidadão uberabense” pelos relevantes serviços prestados ao futebol
brasileiro.Tão logo desceu do avião,atrás dos jogadores,comissão técnica,jornalistas
e convidados,a emoção tomou conta do povão aglomerado no saguão e lado de fora
do aeroporto.Era gente que não acabava mais.Só comparável quando das visitas de
Getúlio e depois JK, na abertura das Exposições agropecuárias. Hoje...bem ...
hoje... deixa prá lá...Espocar de fogos se ouvia por todos os cantos da
terrinha.Escolares com bandeirinhas do Brasil,formavam extensa fila por
onde,obrigatoriamente, passariam os ilustres visitantes.Fanfarras dos nossos
colégios e a Banda do 4ºBatalhão , esmeravam nas marchas militares. Emoção,
gritos, palmas, vivas se ouviam por todos os lados...
Foi nada não.O último a descer foi João
Havelange.Elegante,bem vestido,sorriso discreto, pose de rei, o presidente da
CBF,foi cumprimentado pela famosa “fila do beija-mão”.Quando entra no saguão do
aeroporto,povão espremido como “sardinha na lata”,Havelange para.Olha fixo na
porta de saída do recinto.Lá estava um homem alto,meia-idade,ralos cabelos
grisalhos e que não fora convidado para formar na fila de cumprimentos.Havelange,esboça
um largo sorriso, levanta os braços e chama:- “Meu querido Waldomiro
Campos,venha cá.Quero lhe abraçar!’Atônitas,
seguranças,autoridades,jornalistas,abrem alas e aquele senhor,semi obeso,de
terno surrado e gravata velha,humildemente. dirige-se a Havelange e trocam na
presença de todos, um fraterno abraço com direito a beijo no rosto...
Waldomiro Campos, “Nenê Mamá”, na sua simplicidade , era a
figura mais importante para o importante futuro presidente da FIFA! 45 anos são
passados! Nunca mais Uberaba “viu”, de perto, a seleção brasileira!Uberaba,
conhecida,”ao vivo”,pela TV-Uberaba, em todo o Brasil, nunca mais apareceu! O
nosso futebol, que foi grande, está na UTI dos eventos esportivos!Uberaba, não
viu mais nem Havelange, nem “Nenê Mamá”! Uberaba, até hoje,não viu o término do
“Uberabão”! Uberaba,tristemente, não viu “ a banda passar”...
Luiz Gonzaga de Oliveira