Ao correr dos muitos anos que falei e comentei sobre o carnaval da terrinha, era sempre a mesma história: os bailes de gala do Jockey Clube, “ o Municipal uberabense”, na ótica do meu inesquecível amigo-irmão, Ataliba Guaritá Neto (Netinho)nas páginas do falecido “Lavoura e Comércio”, retratando a beleza das fantasias individuais e o bom gosto dos blocos das mocinha jockeanas, o carnaval do Sirio-Libanês, “arrebentando” de alegria e as “meninas da colônia”, ricamente fantasiadas de odaliscas , com o Michel Abud, comandando a festa; o Uberaba Tenis, com foliões esfusiantes e alegria em alta escala e a “batuta” do Ennio Bruno, Olimpio Capucci, Maurinho Bartonelli. Na Associação Esportiva Cultural, o Romeu Meneghello e o Edmundo Nogueira , comandavam a onda carnavalesca, enquanto que o Elite Clube, mostrava a beleza e a exuberância da raça negra e a liderança sempre gentil do saudoso e eterno presidente, Oliveiro Neri. O Lange, na Associação Musical, embora mais simples, bem popular, realizava bailes super animados. Quem tinha dinheiro, entrava e dançava; quem não tinha... pulava também !
Nas ruas e avenidas da sagrada terrinha, as escolas de samba ditavam o ritmo frenético da mais autêntica festa popular brasileira. Osvaldo Leal, Geraldo “Miquete”, dirigiam o Grêmio Recreativo; Marambaia e Marlene, “mestre-sala” e “porta-bandeira”,Romeu, o “capitão”, Marilda e Mariza, as “irmãs Marinho” uberabense, dançavam, leves e soltas, como escreviam e descreviam Jorge Zaidan e Joel Lóes, na Difusora e Correio Católico”.O “Bando da Lua”, era grupo pequeno, escola modesta, mas, o “batuque” do Geraldo Brecha , era insuperável conforme eu narrava na rádio Difusora. O”Unidos da Vila”, nunca faltava com um casal deslumbrante, Pereira e Alzira. Nos “Bambas do Fabricio”,antes até das escolas aparecerem, o “cordão” estava nas ruas, aberto pelos “balisas”Jairo Santana e “Capitão Galdino”e duas passistas fenomenais, Cleia e Yone Santana. Depois,anos depois, a alegria de Nelson Garcia, Nenê “Chaparral”, Fátima “Gelatina”, “Nego Léo” e firmeza dos fundadores “ Bambas”, a família Spiridião, fabriciana de quatro costados...E o passista “Chita”? Lembram-se ? “Águias”, do aeroporto, durou pouco. Louve-se os esforços dos sargentos Eustáquio Rocha, Pinheiro e Reis. Valeu ! Assim como o esforço da filha do eterno ídolo do Uberaba, Juca Pato, com a sua escola do alto d”Abadia. Lutou até a morte,pela sobrevivência do samba no bairro.
Na alegria descompromissada do carnaval, lembrei-lhes outro dia do “Zé Pereira” e a “entrada dos roceiros”. Mas, o momento de delírio das ruas da terrinha, era o “desfile” da “Maria Giriza”.Essa sim, era ansiosamente aguardada com mais de mil foliões mascarados,levando alegria pelas ruas da cidade. Desde os tempos do “maestro Submarino”, depois, durante anos, pelo Dico e, mais recentemente, com o Gomes “Macaco”, só não veio às ruas, este ano, com o som inconfundível do bumbo, “marcando”a algazarra dos foliões...
Sinto falta dessa turma. De clubes e das ruas. Acabou tudo. Desculpe o mau jeito pela lembrança. Faltam os Osvaldo Leal, Pereira, Nelson Garcia, Nenê”Chaparral”,Yone Santana,Luzia,Lindor,”Beth Furacão”,Zé Brevez,Barranco,Cidinha,”Gelatina”,Zinego, a família Spiridião,homens e mulheres que fizeram o nosso carnaval de rua. Sem esquecer o Zito Sabino,Laerte Borges,Rossetti,Geraldo Glostora, Docinho, Salim e Maurinho Abud, Aniz Abdalla,Jayme Moisés, Abrãozinho Árabe,Edmundo Nogueira, Brasil Miziara,Lico Marquez,Saldanha Marinho, que, nos seus clubes, sabiam “fazer “ carnaval...
Saudade eu tenho das quilométricas filas que se formavam na Vigário Silva, “virando” a Segismundo Mendes, na ânsia de ver as “amostras” das fotos do Prieto,durante o carnaval dos clubes e das ruas...
Xi, turma, essas lembranças tem mais de 40 anos, desculpe-me...
Hoje, as cinzas da quarta-feira, cimentam as vias públicas da santa terrinha, cujos dirigentes, sepultaram o nosso carnaval...
Luiz Gonzaga de Oliveira