O tradicional e o conservador sempre andaram de mãos dadas. Onde está um, normalmente se junta o outro. Parecem irmãos siameses. Uma cidade quando jacta-se de ter tradição , evidente que fala mais alto o seu conservadorismo. Daí as especulações sempre discutidas quando se fala de Uberaba. É inegável, nossa cidade é ainda uma das melhores para morar, criar família e “aproveitar a vida”, segundo afirmam os mais apaixonados. Quem tem uma bela e polpuda aposentadoria, um bom emprego, saúde perfeita, carro do ano, ou as graças e beneplácitos dos políticos de mando, não encontram dificuldades em viver no “bem- bom”...
São os que não enfrentam as filas de ônibus, esses (os ônibus) mais cheios que mulher barriguda, não necessitam de ir aos postinhos de saúde, esperar por horas, atendimento médico nas UPAS do “Pró-Saúde”, não tem que “bater ponto” no horário aprazado, aqueles que gozam das regalias dos “chefes” nas repartições públicas, servem (sem hora marcada )como “aspones” dos vereadores, não podem queixar-se que “ morar em Uberaba” é um privilégio para poucos... Concordamos em gênero, número e grau, além do chope gelado...
Terra de gente civilizada, educada, culta, alegre, centro médico de excelência, ponto forte da pecuária nacional (alô “Imperatriz Leopoldinense !...líder na produção graneleira de Minas, centro formador universitário dos mais respeitáveis no Brasil, vida noturna para nenhum boêmio ou estudante “botar defeito”, Uberaba é, sem favor, referência nacional. Famosa como epicentro de cultura e prestação de serviços, a santa e sagrada terrinha nada deve aos grandes centros. Incontestável e indesmentível, tais assertivas.”Nós ,somos nós”...
Um, porém, todavia, vem atravancando um progresso que poderia ser bem maior do que estamos experimentando. Tivesse o nosso povo, espírito mais comunitário, coletivo, despojado de vaidades tolas e voltado mais aos interesses verdadeiros da cidade, por certo, todos nós sairíamos ganhando . As oportunidades seriam mais bem distribuídas . As ofertas de crescimento teriam melhor dimensão, haveria um sentido coletivo e societário maior numa pregação mais justa e igualitária para todos. Porém (existe sempre um porém na nossa vida...)na prática, Uberaba fica distante dessa sonhada posição. O que se nota ( nos desmintam, se capazes...)o que se vê é o corporativismo campear, à solta, deliberadamente, em meio a nossa sociedade. Ninguém olha em redor, com civismo e cidadania, o crescimento que deveria ser ordenado de um todo da terrinha. As oportunidades só aparecem para os que são apadrinhados pelos grupos poderosos e detentores do poder. Os que là estão entronados , fazem de tudo para não perder lugar. Querem permanecer gostosamente refastelados nas aveludadas poltronas do poder. Os que de fora estão, lutam, desesperadamente, para ascender o “pico da montanha”...
Só os “QI” ( que são indicados), os “abençoados”, podem pertencer ao clã formado. As oportunidades só são válidas ou dadas, se rezarem na mesma igreja...Infelizmente, em Uberaba , as lideranças pensam primeiro nelas, segundo nelas, terceiro nelas e, se por ventura, “sobrar um banco”, lá atrás, premia-se a cidade...
Com esse tipo de atitude,fica difícil crescer em harmonia...
Luiz Gonzaga de Oliveira