“Dizem que sempre chove quando morre uma boa pessoa. Assim foi nessa segunda-feira, com uma chuva intensa em Uberaba, na despedida de Reynildo Chaves Mendes. Um articulador político brilhante, que foi uma das vozes mais ouvidas e reverenciadas nos anos 70, chegando a integrar o governo de Silvério Cartafina Filho. Tinha sempre uma observação perspicaz, uma opinião sensata, uma ação conciliadora. Sabia fazer amigos e conservá-los por toda a vida. Tenho as melhores lembranças desse que foi um dos grandes amigos do meu pai e por quem sempre nutri grande admiração. Vai deixar saudade, muita saudade. À família, o nosso abraço fraterno nessa despedida de Reynildo, o nosso Rey.” Texto de nossa Diretora Lídia Prata Ciabotti em sua coluna Alternativa de 17/01/2017.
Esta crônica não poderia ter um início melhor. As palavras de Lídia me inspiraram para falar sobre o amigo Reynildo Chaves Mendes. Quanto é difícil abordar o meu “Rey” se suas dimensões vão muito além do que minhas vistas alcançam. Vi seu nome pela primeira vez nos jornais pelos idos de 1963 quando, por pouco, não perdeu a vida ao lado de seu amigo Ossean Sousa Borges. No quesito amizade, Reynildo era um mestre e sabia exercê-lo como poucos.
Acompanhei sua trajetória daí por diante e meu voto lhe dei quando se candidatou a vereador. Os parlamentares de então que o digam: correto, comedido, ético e seu amor por Uberaba se igualava ao de sua família. Qual não foi minha feliz surpresa quando soube que ele é neto do benfeitor João Augusto Chaves, patrono da minha Escola Professor Chaves. Com Djanira Macedo Chaves constituiu prole em que o ser sempre está acima do ter. Luciana, Milton e Taciana sempre tiveram dos pais exemplos eloquentes de como se conduzir com dignidade. Os netos Pedro Henrique e Victor, com os genros Luciano e Carlos Eduardo sabem que reeditar Reynildo não é tarefa fácil, porém extremamente nobre.
Guardei por 36 anos o que revelo publicamente agora: sendo alvo de extrema injustiça onde eu trabalhava, recorri ao prefeito Dr. Silvério Cartafina Filho, e Reynildo era seu Secretário de Governo. Após me ouvirem e vendo a minha limpeza de propósitos, ambos se deslocaram até o meu algoz e, junto ao juiz de direito Dr. Luiz Manoel da Costa Filho frustraram, no ato, a barbárie que a mim seria perpetrada. Daí por diante a gratidão regou a minha sólida amizade pelos três.
Visitei Reynildo em seus últimos dias na UTI. A seu lado os filhos Milton a Luciana registraram a minha tristeza quando o amigo inerte não me respondeu. Ali mais uma vez comprovei o que disse Lídia Ciabotti: “Sabia fazer amigos e conservá-los por toda a vida”.
Quando morre um verdadeiro amigo, morremos um pouco também. Com ele vai esse pouco que na realidade era tão grande. Esse amigo é Reynildo Chaves Mendes, cuja partida me faz refletir e concluir que a morte só existe para quem acha que a vida termina aqui. Eu não sou esse.
Até um dia amigo. Nossa amizade fará o nosso reencontro.
João Eurípedes Sabino - 03/02/2017