Estava a dialogar com meus botões como a vida é cíclica e como as coisas mudam num piscar de olhos.Lembrei-me dos amigos. Aqueles que não mais convivem conosco, passaram desta para a chamada “vida melhor”. Começo do meu ídolo, Dondico, meu pai. Os bi-campeões mundiais, Djalma Santos, Nilton Santos, os irmãos Jorge Farah Zaidan, Ramon Rodrigues, Ataliba Guaritá Neto (Netinho),Raul Jardim, J.Carvalho, Tuffy Idaló,Joel Lóes, Sherlock,Mozinho,Cacildo,Filipe,Adilson, Tôco,Zé Brevez, amigos-irmãos com quem convivia,participando dos saudosos “bate-papo”,bebendo do nosso café, saboreando a nossa cervejinha semanal, conversando sobre os mesmos assuntos, vendo e vivendo os mesmos problemas, vibrando e torcendo pela vitória dos nossos, alegrando com as nossas alegrias,
derramando lágrimas com as nossas tristezas, contemplando as eternas belezas que vida oferece...
derramando lágrimas com as nossas tristezas, contemplando as eternas belezas que vida oferece...
Todos eles com um passado de lutas,de esperança, trabalho, dignidade. Cada um dentro da peculiaridade de ser, vivendo a nossa terra, a nossa gente , nossas velhas e respeitadas manias. Digo, sem medo de errar, “ como é bom ter amigos, partilhar da sabedoria deles, ter convivido com eles”... Amigos, a vida é boa! Nós que a tornamos , às vezes, misteriosa, amarga, interrogativa, pensativa e ingrata ! Ingrata só para nós, nos dias em que estamos aflitos, pensativos, sem rumo, deixando a solidão bater à porta da nossa alma, do nosso coração ! Não! Não podemos deixar que o baixo astral nos domine !
Nessa hora é que se nota a importância de uma cidade como Uberaba. O quanto a santa terrinha é pródiga, benfazeja, dadivosa ! Em qualquer canto do dia ou da noite, encontramos amigos. Amigos, creiam, de verdade. Ombros que nos amparam! De bom caráter, de boa formação, prontos a nos estenderem as mãos...Uberaba, graças a Deus, não é a terra onde “filho chora e mãe não vê”. No nosso santo provincianismo, ainda se bate papo na esquina,beberica-se de costas para a rua, encontra avalistas , faz-se visitas de sétimo dia à familiares de amigos falecidos...
Amigo na terrinha é levado tão a sério que um romântico lema é comumente repetido:” amigo é como cartad e namorada. Guarda-se na última e escondida gaveta d o coração”.
Aliás, lembrando amizade, bondade, lealdade , amor e amigos, nada melhor que recordar pensamentos de filhos para com os pais e que me marcaram profundamente:
O filho aos 7 anos:papai é grande. Sabe tudo!- Aos 14 anos, a dúvida do garoto;-“parece que papai se engana ao dizer certas coisas...”-Na puberdade, aos 20 anos, achando-se o “maior”:-papai está um pouco atrasado em suas teorias; não são dessa época”...Aos 25 anos, pensando ser o dono do mundo:-“o coroa não sabe mais nada...está, caducando, decididamente”.. Aos 35 anos, depois de levar homéricas derrotas na vida, pensa diferente:- “com a minha experiência, meu pai seria hoje milionário...”.Aos 45 anos, na fase da maturidade,indeciso, -“não sei se consulto o “velho”, talvez pudesse me aconselhar...”. Aos 55 anos, devidamente amadurecido, esse é o pensamento do filho:-“ que pena papai ter morrido. A verdade,hoje entendo, ele tinha idéias notáveis!”. Velho, aos 60 e poucos anos, a frase definitiva:- “ que saudade de papai, era um sábio!Como lastimo tê-lo compreendido tão tarde”...
Luiz Gonzaga de Oliveira