A decantada fermentação do caldo de cana, caiana ou baiana, aliada a outras fermentações, conseguiu, há séculos, criar a mais tradicional bebida dos brasileiros: a famosa “caninha” ou no português comum, a aguardente, a cachaça. O que se conhece de nomes, apelidos para o caldo de cana fermentado,daria um novo dicionário “Aurélio”...Birita, maluca, sai de baixo, “aquela”, donzela, “branquinha”, “da boa”, “esquenta peito”, “ que passarinho não bebe”, a infinidade de nomes que se dá à cachaça, é incontável.
Os alambiques existentes na região dariam para contar histórias, muitas histórias, da famosa pinga boa fabricada na sagrada terrinha. Lembro-me de uma “tacada só”, rótulos famosos e garrafas e mais garrafas, derrubaram muitos “pinguços”.A “Chora Rita”, do Sebastião Borges, a “Pinga do Lalau”, a do “Rocha”, cujo dono ao vender o produto, experimentava uma dose... no fim da tarde, já viu, né?. A pinga do “Nenzinho”, lá pelos lados do “Cachimbo”, do “Silvio”, no Chuá, a “Famosa”, com o rosto da Carla Perez, além de outras marcas e aquelas sem marca, que fizeram a alegria dos colecionadores do produto. Uma delas, deixou saudade, a do “Barbudo”.Na “Capelinha do Barreiro”, o alambique famoso era do Álfio Borges, cujo apelido deu nome à cachaça:”pinga do Negrão” e a inevitável dúbia pergunta:-“Você já tomou a do Negrão?”- “Saltei de banda”, era a resposta imediata. “Segura o Tombo”, de Paracatu (MG),faz sucesso até hoje,embora se saiba que as cachaças mais famosas do Brasil, são fabricadas no norte se Minas, em Salinas. Uma garrafa de “Havana”, exportada para o mundo inteiro, custa em torno de 500 reais!
Existem também aquelas marcas jocosas, de sentido duplo, como, por exemplo, “Mate o véio”,”Nabundinha”,”Amansa corno”, “Atrás do saco”, “Vi o Adão” e uma infinidade de rótulos que faz a alegria dos colecionadores. Uma cachaça de Salinas, muito admirada pelos nossos lados, apreciada pelos degustadores da bebedinha, tem um nome sugestivo e é encontrada em bares, mercearias e supermercados, é a “Providência”. E o porque da fama? perguntam.
Contam os mais antigos que, ao final da década de 50, do século passado, o prefeito da terrinha, era um médico famoso, honestíssimo,professor universitário super querido, figura humana inatacável, cujo nome, por obsequioso respeito, prefiro omitir. Lembram os seus amigos ( e adversários políticos também), que, toda vez que recebia em audiência, o Chefe do Executivo terminava a“prosa”, deixava super alegre o munícipe:
-“Fique tranqüilo, não se preocupe, vou tomar, rapidamente, uma providência”.
Era sair o visitante , garboso e faceiro, o nosso Prefeito tirava da gaveta, à esquerda da sua mesa de trabalho a garrafa e sorvia, gostosamente, um gole da caninha “Providência”...
Quase final de semana, carnaval, máscaras são colocadas (ou retiradas?).Até amanhã.”Marquez do Cassú”