Envelhecimento é o ato de envelhecer e, segundo o “Aurélio”, envelhecer é tornar-se velho; perder o viço; tornar-se desusado. Afinados com esse último conceito estão aqueles que classificam a população humana em grupo etário como, por exemplo: de 0 a 14 anos, população jovem e dependente, porém, potencialmente improdutiva. Dos 15 aos 59 anos, população economicamente ativa e produtiva. Dos 60 e mais anos, população idosa, considerada economicamente inativa. Esse processo classificatório desrespeitoso para com o cidadão na terceira idade , não é o “fim de linha” como querem alguns. O idoso contribuiu, longos e longos anos, para o engrandecimento do país e teve descontado, em folha, mensalmente, à Previdência Social e demais obrigações trabalhistas e, claro! Tem o pleno direito de ser tratado com dignidade e respeito pelo Estado e sociedade. Lamentavelmente o idoso, em certas ocasiões, é mal visto onde o “usado” é descartado por um “novo”. Reconheça-se , a expectativa de vida do brasileiro continua crescendo. Envelhecer não se resume numa simples contagem de tempo que se vai, pois, com o passar dos anos , aparecem marcas ou manifestações externas e internas no organismo, provocadas por fenômenos biológicos complexos. Pergunto: parodiando Satchel Paige, grande pensador americano: “Quantos anos você teria se não soubesse quantos anos tem?”
Sem mais filosofar, vamos ao prático:já vi velhos na mais tenra idade e também convivi com velhos de almas jovens, o que é comum acontecer.
O velho Dondico, meu saudoso e inesquecível pai, quando “fez” 80 anos, perguntei-lhe o que desejava de presente. Com um sorriso largo nos lábios , poucas rugas no rosto cansado, olhar muito vivo, respondeu-me:
“-Deixa disso, meu filho. Por ora, não quero nada, a não ser a alegria de viver ao seu lado, das minas netas e bisnetos. Agora, quando eu ficar velho, dê-me uma “cadeira do papai” para que possa ler os meus jornais e ver meus programas na TV”.
Papai morreu aos 88 anos, lúcido, simpático, alegre e bem humorado. Amava a vida. Certa ocasião, indaguei-lhe porque não frequentava a praça dos Correios, como, normalmente, fazem os idosos aposentados. Olhou-me sério e ar de reprovação:
“-Que nada filho, jamais vou sentar-me na praça dos PM.”
“-Mas, papai, que tem a ver a Policia Militar com a praça ?”
Ele, sem titubear, de pronto, respondeu-me:
“-Policia Militar que nada, filho. Praça dos PM quer dizer Praça dos “Pinto murcho”….Eu, hein?”.
Nada mais falou e nem eu lhe perguntei……
Luiz Gonzaga de Oliveira