Eu vi um povo na rua
Não sei como um polvo atua
Tentáculos que se engalfinham
Dedos que surrupiam…
Um brada todo em vermelho,
Outro treme qual coelho
Panelas retinem à noite
Conturbada segue a horda
A polícia estica corda
Ameaça com o açoite
Eu vi um povo na rua
Desorientado, gritando
A sua tristeza vã
Num ir e vir sem destino
Num soluço repentino
De quem não sabe o amanhã
Indigitada nação
Tantos filhos sem leitura
Cavam a sepultura
De seu futuro doentio
Na faixa em diagonal
Do pavilhão nacional
Escreveu-se o desafio:
Ordem! Mas quem diria !
Progresso! Quanta ironia…
O país se corrompeu
O povo que se vendeu
Buscou o inferno nos céus
Os filhos roubaram tanto
Que para o geral espanto
Somos todos tristes réus !
(17/03/2016)
Tharsis Bastos Barros